Quando chegou ao Brasil, há um ano e cinco meses, o jovem haitiano de então 23 anos veio diretamente para Jaraguá do Sul. Hoje, trabalha no escritório, de uma fábrica, já que é técnico em comércio exterior. O entrave não foi o inglês ou o francês, que domina, mas o português. Bertrand Deralus sentiu a necessidade de aperfeiçoar os conhecimento do idioma. Ele é um dos inscritos no curso de Língua portuguesa e cultura brasileira para estrangeiros, oferecido pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). As inscrições para o curso gratuito, vão este domingo.
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O assessor de ensino do IFSC de Jaraguá do Sul, Josué Jorge Cruz, conta que o curso surgiu de uma necessidade da cidade. Há alguns meses, uma pastora da cidade levou um grupo de haitianos ao instituto, pedindo uma parceria para recebê-los. O ensino do português como ferramenta de integração foi a resposta da instituição.
– Eles buscam muito a profissionalização, e sem o português as oportunidades são menores – avalia Cruz.
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No currículo, o foco será a oralidade. Permeado pelo ensino do português, a cultura brasileira em suas distintas vertentes será apresentada. O curso será com dois professores e terá carga de 16 horas. As aulas ocorrem duas vezes por semana, sempre à noite, de julho a dezembro. São 40 vagas e a escolha será por sorteio público. Até esta sexta-feira, já havia 46 inscritos, a maioria haitianos. Há também pessoas do Senegal e Guiné Equatoriana.
Jovens querem estudar para tornar sonhos em realidade
Feguens Desir, 25 anos, vive há quase cinco anos no Brasil. Há nove meses, mudou-se para Jaraguá do Sul, após uma temporada no Rio de Janeiro. Caixa em um supermercado, ele fala bem português, mas inscreveu-se no curso do IFSC.
– Talvez existam coisas que ainda não sei, especialmente sobre a cultura brasileira. Achei bem interessante o curso e também será uma oportunidade de contar sobre o Haiti, pois as pessoas perguntam muito sobre o meu país. Além disso, o português é difícil – afirma Desir.
Bertrand Deralus, há menos tempo no Brasil, também quer desenvolver os conhecimentos do idioma.
– Todo haitiano que chega aqui tem um sonho e temos que saber conversar, tirar esse sonho da cabeça – resume ele.
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Seu sonho é ser empresário. A graduação em relações internacionais ou comércio exterior é um desejo que quer concretizar ainda no Brasil, para depois rumar a seu negócio próprio. Para ele, a adaptação não foi difícil, mesmo com obstáculos que são superados diariamente.
– Todo lugar é minha casa, desde que eu me sinta bem – diz.