O Iêmen deve registrar em 2018 a entrada de 150.000 imigrantes, um aumento de 50% em comparação com o ano anterior, apesar do agravamento da crise humanitária devido ao conflito que atinge o país, anunciou nesta terça-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
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O Iêmen continua sendo uma etapa na travessia dos imigrantes da África que viajam por terra até Djibuti, cruzam o Golfo de Áden e entram no Iêmen, de onde tentam chegar aos ricos países do Golfo.
“Prevemos que as chegadas de imigrantes no Iêmen, país em guerra, atingirá 150.000 pessoas este ano”, declarou à imprensa em Genebra um porta-voz da OIM, Joel Millman.
Deste total, 20% são de menores de idade, “e muitos estão desacompanhados”, explicou. “É inacreditável e preocupante” que tantas pessoas “cruzem uma zona de guerra perigosa”, admitiu.
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De fato, o caos parece ser um argumento para os traficantes de pessoas que prometem que assim vão escapar aos controles, mas “é claro que, uma vez no país, a situação é muito diferente. É preciso cruzar campos minados e passar por tiroteios”.
Aproximadamente 92% dos imigrantes que chegaram ao Iêmen este ano são etíopes, o restante da Somália, segundo a ONU, que não dispõe de números dos imigrantes mortos na tentativa de cruzar o país. Segundo Millman, foram confirmadas mortes no mar este ano, mas “sem dúvida (esse número de vítimas) está subestimado”.
A crise dos imigrantes no Iêmen é uma “emergência” de alcance superior à maioria dos grandes movimentos migratórios no mundo, acrescentou, apontou que “o número de 150.000 supera consideravelmente, por dezenas de milhares, as previsões de travessia por mar dos imigrantes ilegais no Mediterrâneo este ano”.
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O Iêmen está devastado por um conflito que começou no final de 2014. Desde a intervenção militar de uma coalizão sob comando saudita em março de 2015, mais de 10.000 pessoas morreram e 56.000 ficaram feridas, segundo a ONU. Mas as organizações humanitárias estimam que o número de vítimas diretas ou indiretas do conflito é muito maior.
* AFP