Vencer a estação mais fria do ano não é tarefa fácil para a dona Lucimar Pereira Forte, aos 81 anos, já enfrentou dez pneumonias e hoje toma vacinas controladas com prescrição médica no Sistema Único de Saúde (SUS) para a doença não reincidir. Ela conta que o inverno traz uma série desafios para realizar as atividades do dia-a-dia, especialmente para pegar o ônibus às 6h da manhã e chegar a tempo na fisioterapia marcada para às 8h.
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— Eu não gosto do inverno, por mim podia ser verão de janeiro a janeiro, é muito sofrido para a gente o frio — comenta Lucimar
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada ano, aproximadamente 1,6 milhões de pessoas sejam vítimas fatais de pneumonia e a taxa de mortalidade da doença em idosos chega a 30%. O enfermeiro da estratégia de saúde da família e professor Thiago Corrêa, comenta que anualmente nota-se um aumento expressivo na busca de atendimento hospitalar por parte da terceira idade com a chegada do inverno.
— Com o passar do tempo a gente vai perdendo a produção de células de defesa. Além disso, a nossa respiração acontece por um processo contração e relaxamento muscular e no caso dos idosos normalmente ocorre perda de fibra muscular e capacidade de elasticidade dos pulmões. É esse um dos fatores que os torna mais suscetíveis doenças como asma, bronquite e pneumonias e suas complicações — explica Corrêa
Santa Catarina têm a maior longevidade do país, 79,4 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) eles correspondem a 10,5% da população do Estado, segundo o Censo de 2010. Uma parcela significativa da população que exige cuidado, pois é especialmente suscetível às doenças típicas de inverno. No Estado 45,7% das mortes por Influenza foram de idosos, conforme relatório da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE/SC) que leva em conta dados obtidos até 26 de julho.
Até esta data 35 pessoas morreram por Gripe A em SC, destes 15 tinha mais de 60 anos. Se levarmos em conta aqueles que estão perto da terceira idade, o número é ainda mais preocupante, já que temos nove vítimas na faixa etária entre 50 e 59 anos. Somando os dois grupos, temos 24 casos, o que representa 68,5% de todas as mortes causadas pelo vírus no Estado.
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A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) pontua entre os principais riscos à saúde do idoso hipotermia, ausência de movimentação, infecções (gripe e pneumonias) e dores crônicas, como artrites e artroses. A artrose é uma alteração da cartilagem das articulações e tem maior incidência entre os idosos, representa até 40% das consultas em ambulatórios de reumatologia no país, aponta a SBGG .
São pacientes como a Sigrid Altrutz, de 60 anos. Ela conta que possui grande dificuldade de lidar com as dores que sente nas mãos causadas pela artrose e afirma que o inverno amplifica a intensidade do problema. Para melhorar a condição, Sigrid realiza diariamente alguns exercícios recomendados pelo médico e também relata uma série de cuidados para manter a saúde em dia durante a estação.

— Eu tento fazer de tudo para ficar saudável e passar bem pelo inverno. Uso fitoterápicos, tomo vitamina C e própolis diariamente para fortalecer a imunidade. Quem gosta de inverno é gente rica que tem casaco de pele e ar condicionado — diz Sigrid
Thiago Corrêa, enfermeiro da estratégia de saúde da família, explica que as dores de Sigrid ficam mais intensas com a queda das temperaturas, pois as pessoas tendem a ficar mais encolhidas e os músculos contraídos durante o inverno. Além disso, há uma diminuição no fluxo sanguíneo por constrição vascular e o frio aumenta a sensibilidade.
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— Ao envelhecer, os vasos ficam mais endurecidas e estreitos, dificultando a circulação do sangue pelo corpo. Como no inverno há uma maior incidência de contração dos vasos, é importante que as pessoas que têm problemas circulatórios, controlem ainda mais sua condição e visitem o médico — afirma Thiago
Cuidados
A SBGG indica uma série de atitudes que devem ser adotadas pelos idosos e seus cuidadores durante o período de frio. Especialmente na região da Serra Catarinense, onde as temperaturas negativas são frequentemente registradas a Sociedade recomenda recomenda cuidado com as lareiras, pois é importante ter cautela na manipulação do fogo e intoxicação pelo monóxido de carbono devido a janelas fechadas. Além deste, outra atitudes também são recomendadas, são elas:
– Banhos devem ser rápidos e em temperaturas amenas;
– A hidratação da pele deverá ser recomendada sempre com uso de hidratantes tópicos para diminuir a sensação de pele seca;
– Tomar bebidas quentes como chás, chocolate, bem como ingerir sopas e caldos;
– Usar cobertores que retenham calor principalmente no período do sono quando há um declínio da temperatura corporal;
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– Tomar as vacinas contra gripe e pneumonias;
– Buscar realizar atividades indoor, isto é, passear em locais como shoppings centers, pois ajuda a quebrar o ciclo da imobilidade;