Idosos preenchem o dia a dia com atividades culturais, em Blumenau

Os raios de sol que entravam pela janela refletiam nas mãos experientes de uma pianista de 88 anos. Os sons da música tocada por Belmira Naconecy de Souza, conhecida como Mira, se contrastavam com o singelo embalar do corpo e balançar da cabeça. No rosto, sorrisos ora tímidos, ora nitidamente estampados. A alegria era facilmente percebida no jeito acolhedor da professora de música, mesmo com as dificuldades de ouvir as próprias canções. Era manhã de quinta-feira. Os ponteiros do relógio marcavam 9h. A cidade já acordara. Mas a maneira peculiar de tocar piano despertava ainda a atenção de quem passava pelos corredores do Lar Elsbeth Koehler, no Bairro Jardim Blumenau, em Blumenau.

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Mira é uma das pessoas da terceira idade que sentem no dia a dia os benefícios e o prazer de estar em contato com a arte. De acordo com o médico especialista em geriatria Roberto Esmeraldino, a cultura deve ser lembrada e estimulada em todas as fases da vida. Porém, na terceira idade, onde as pessoas já têm um pouco mais de experiência de vida, o contato cultural, bem como a troca de ideias e experiências vividas, pode ser muito salutar:

– É bastante evidente que as pessoas – neste caso os idosos – que estão frequentemente praticando alguma atividade cultural, ou vão ter menos problemas de saúde em quantidade e intensidade, ou se tiverem vão saber lidar bem melhor com a situação.

Atividades como pintura em madeira, confecção de quadros com desenhos em botões, aulas de música e dança sênior fazem parte do dia a dia dos idosos do Lar Elsbeth Koehler. Dois pianos e um violão ainda ficam à disposição e podem ser tocados pelos idosos. O pastor Nilson Mathies, 54 anos, capelão da casa, destaca a importância do incentivo às práticas culturais:

– A valorização da dignidade da vida em se preparar para o envelhecimento busca aquilo que você tem de essência. E ela está diretamente ligada à arte. Os trabalhos culturais são formas de expressar sentimentos, alegrias e frustrações.

Ele acrescenta que a intenção não é buscar a perfeição, mas deixar a criatividade livre dentro das possibilidades de cada um dos 62 idosos que moram no local.

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