Os dois corpos encontrados após um incêndio que destruiu uma casa em Navegantes na madrugada desta terça-feira (11) eram de Iraci dos Santos e Milton Pereira Nascimento, casados há quase duas décadas. O homem, de 64 anos, era catador de reciclável e passava a maior parte do tempo ao lado da esposa que, por conta de uma deficiência, precisava usar cadeiras de rodas.
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Eles morreram juntos depois que a residência em que moravam pegou fogo.
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À reportagem do Santa, Léia Santos, sobrinha do casal, conta que os dois eram naturais de Curitibanos, mas se mudaram para o litoral catarinense por falta de acessibilidade no local em que residiam até quatro anos atrás. Atualmente, moravam de aluguel.
A familiar também relembra que Iraci já nasceu com a deficiência que a impedia de caminhar sozinha. Por isso, para a sobrinha, o casamento dos dois transformou a vida da mulher, que encontrou um verdadeiro amigo para a lhe acompanhar durante a vida.
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— Foi uma pessoa que Deus colocou na vida dela para poder ser companheiro. Resolviam tudo juntos — relembra Léia.
No ano passado, Iraci precisou ficar distante do marido por cerca de cinco dias, quando ele passou por uma situação delicada de saúde e precisou ser internado. Durante aquele período, a sobrinha lembra que a tia chegou a adoecer por ter de permanecer longe do companheiro.
Hoje, restam as boas lembranças do casal que se tornou um exemplo de companheirismo para a família. Léia recorda com carinho da tia, com quem teve contato desde a infância. Ela faria 59 anos em outubro.
— Foi com ela que eu aprendi a costurar. Quando eu ia para a casa da “vó”, em Curitibanos, ela estava sempre lá, sentada, bordando. Eu não sei muita coisa, mas o pouco que eu sei eu aprendi com ela — ressalta.
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Casal deixou marcas de amor pela cidade
Em contato com o Santa, Maryah De Jesus Ferreira da Costa, que era vizinha do casal, também mencionou as memórias que guarda do casal inseparável, que costumava passar pelas ruas de Navegantes.
— Ele colocava ela na cadeira de rodas e ia reciclar. Era um casal amado — contou a vizinha.
Outros relatos de pessoas que residem ou já viveram na cidade, também ressaltam que os dois eram muito conhecidos na região e costumavam ser vistos juntos, diariamente.
Nas redes sociais, Solange Ulbrich recordou momentos em que o casal passava em frente à loja em que ela trabalhava, na época em que era moradora da cidade.
“Lembro quando eu residia em Navegantes sempre via ele e ela, ele empurrando a cadeira com ela, sempre juntinhos”, menciona em uma publicação.
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Ainda não há informações sobre velório e sepultamento, já que os corpos ainda não haviam sido liberados pelo IML até a tarde desta terça-feira.
*Estagiária sob supervisão de Augusto Ittner
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