O fim de semana começou diferente para 40 idosos de São José. Ao invés de estarem em casa, muitas vezes sozinhos ou entediados, os senhores e senhoras atendidos no Centro de Atenção a Terceira Idade (Cati) josefense viveram uma noite de festa. Festa que muitos ali só ouviam falar pelos netos, crianças acostumadas a passarem alegres e empolgadas noites do pijama na companhia de amiguinhos.

Continua depois da publicidade

Dessa vez, porém, quem participou da diversão foram vovôs e vovós, que atravessaram o anoitecer da última sexta-feira, madrugada e manhã de sábado confraternizando com os colegas de atividades no evento promovido pela Secretaria de Assistência Social de São José. A noite do pijama, com todos trajados a rigor e que mais parecia uma balada aconteceu no Cati, na Avenida Beira-Mar josefense.

Planejada para possibilitar maior integração entre os idosos do grupo por meio de uma programação repleta de atividades interativas, a primeira edição da festa teve como uma das idealizadoras, Neusa Maria da Cunha Castagnari, de 67 anos – há quatro deles frequentando o Cati. Foi inspirada nos netos – “três de sangue e seis de coração” – que ela idealizou a festa para seus colegas de aulas de teatro, canto, dança, informática e pilates, entre outras atividades. Todos dos cursos são disponibilizados por meio de inscrições em edital anual, cujas únicas exigências são ter mais de 60 anos e morar em São José.

De braços abertos

Continua depois da publicidade

Um dia, ao perceber que nunca na vida tinha participado de uma noite do pijama, e diante da felicidade que os netos tinham ao voltar delas, Neusa levou a ideia ao grupo, que recebeu de braços abertos a iniciativa. A partir daí, nascia a primeira edição do evento, que pela alegria e felicidade dos presentes, foi um sucesso e deve se repetir nos próximos meses.

— Se eu não estivesse aqui, estaria em casa, dormindo. O Cati faz muito bem para a gente, porque aqui esquecemos as coisas ruins, não deixamos a depressão chegar, nos divertimos, brincamos, ficamos ativos. E hoje (noite de sexta), ninguém vai dormir — antecipava Neuza, ao lado do amigo Aureliano Vieira, de 84 anos, um dos mais animados em seu pijama azul com listras brancas.

A festa dos idosos de São José começou com uma espécie de check-in, como se estivessem em um hotel. Ali, todos trocaram de roupas e colocaram seus pijamas. Em seguida, jantaram. Risoto de frango, canja, frutas e sucos compuseram o cardápio. O jantar tinha uma trilha sonora eclética, do estilo brega e dor de cotovelo de Reginaldo Rossi ao rock maluco beleza de Raul Seixas.

Continua depois da publicidade

Depois de encherem a barriga, os velhinhos foram todos assistir uma sessão de cinema, emendada em um festival de karaokê e gincana com atividades surpresas, quando foi realizada também a troca de presentes entre a turma. Àquela altura, a madrugada já avançava. Mas a programação ainda compreendia a realização de uma ceia, antes da hora de dormir — no limite oficial de 2h —, e a partir das 8h, do sábado (21), quando a equipe do Cati serviria um café especial para marcar o fim do evento.

“O Cati dá vida, dá saúde e não nos deixa envelhecer”, diz Aureliano

A frase acima, de Aureliano Vieira, 84 anos, resume bem o sentimento dos idosos que frequentam o Cati, em São José. Na noite do pijama, ele era um dos 40 que compareceu à festa. Mas nas atividades da semana, são mais de mil senhores e senhoras que passam os dias na companhia de outros colegas da mesma faixa etária em atividades que só beneficiam a saúde física e mental de todos ali. Com um objetivo claro para aquela noite, Aureliano repetia, para quem quisesse ouvir, inclusive as mulheres que o cercavam – já que o sexo feminino era maioria na noite de festa -, o que pretendia na festa do pijama:

— Pretendo não dormir e nem deixar a mulherada dormir — resumiu, às gargalhadas.

A secretária municipal de Assistência Social, Rose Bartucheski, explica que a equipe do Cati está sempre planejando atividades que estimulem o convívio e a sociabilidade dos idosos:

Continua depois da publicidade

— Essas atividades, como a noite do pijama, são momentos especiais vivenciados pelos idosos. Nossa equipe trabalha com muito carinho para garantir o bem-estar, a integração e a participação social de todos aqueles que são atendidos no Cati — assinala Rose.

Momentos tão especiais que quando cessam, como nas férias de verão, entristecem uma legião de velhinhos, que se vêm então sem os companheiros de aulas, as atividades que animam e dão vigor, os amigos, as brincadeiras e as confidências do cotidiano vividas na estrutura à frente do mar josefense.

— Eu praticamente moro no Cati, aqui todos são grande amigos, todos uma verdadeira família. Por isso que quando o Cati fecha, nas férias, também fica um vazio na gente — explica Marli Terezinha de Oliveira, 69 anos.

Continua depois da publicidade