O susto foi grande quando a mãe de Marilene de Campos, com 92 anos, caiu. São cinco filhos que estão à disposição e se intercalam para dar uma atenção especial à Francisca de Campos, que vinha apresentando problemas de locomoção.
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— De uns anos para cá, ela começou a não andar muito bem, já andava de bengala. A gente teve preocupação de não ter tapete para escorregar, de ela andar com passo mais firme. De repente, ela estava na casa de praia, isolada por conta da pandemia, minha irmã estava ocupada, não viu que ela foi pra rua e escorregou. Caiu e se machucou feio. Ela veio para Florianópolis e em menos de 15 dias caiu novamente no quarto e foi constatado um AVC — conta Marilene.
Agora, Francisca está em cama, com auxílio de uma cuidadora, sem poder se levantar há dois meses. Marilene, que é presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da seccional catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC), conta que recebe relatos parecidos de forma recorrente.
— Idoso, para cair, basta ficar em pé, né? Eles perdem equilíbrio com a idade, principalmente o idoso que não faz exercício, fisioterapia. Essas quedas são terríveis. Imagina quem não é cuidado, negligenciado. Se o idoso tem que fazer tudo sozinho, não tem familiar, isso é um problema sério — reforça.
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Causa de mortalidade
Tropeçar e cair ao realizar um passeio ou escorregar no banho podem trazer consequências para os jovens, mas o problema fica ainda mais grave quando a situação ocorre com um idoso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo menos 30% dos idosos acima de 65 anos vão sofrer ao menos uma queda ao ano. Quanto mais avançada a idade e a fragilidade, a porcentagem cresce. As quedas representam a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil.
Como eles possuem maior incidência de problemas visuais, podem utilizar remédios que prejudicam o equilíbrio, dão tontura ou fazem oscilar a pressão e tendem a perder massa muscular com o tempo, a chance de cair na calçada ou em um tapete de casa aumenta ainda mais. Doenças como diabetes, que gera hipotensão, doenças cardíacas, neurológicas, demência ou osteoporose trazem ainda maior predisposição às quedas.
Especialista traz dicas de como evitar quedas nos idosos
Segundo a fisioterapeuta Marina Spínola, se o idoso cair ao menos uma vez, ele possui de cinco a seis vezes mais chance de cair novamente. E o resultado não é apenas um problema físico. Há necessidade de mudar a estrutura familiar para os cuidados após a queda, alto custo de tratamentos longos, cirurgias, fisioterapia por vários meses, acompanhamento médico, custo emocional, porque a pessoa pode entrar em depressão, perder a autonomia, e existe, inclusive, a chance de ele ser institucionalizado, porque a família pode não ter condição de cuidar dele nessa nova realidade.
— Normalmente essas quedas resultam em fratura do fêmur, do osso do punho (pois eles querem colocar a mão para proteger), ou até fraturas no crânio, que levam a lesões cerebrais, e então há também o risco de morte. Se o idoso precisar ser hospitalizado muitas vezes por conta de uma queda, ele pode estar em um nível de debilidade grande e muitos deles vão precisar ficar dependentes de alguém que auxilie. 20% dos idosos hospitalizados acabam falecendo devido às complicações da queda — destaca.
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Prevenção é primordial para evitar transtornos recorrentes
De acordo com a fisioterapeuta, a maior parte das quedas ocorre dentro de casa. A especialista traz algumas dicas, pois o caminho do idoso dentro da própria residência precisa ser ajustado.
- No banheiro, trocar os tapetes por tecidos com antiderrapante, manter o ambiente bem iluminado, utilizar barras de apoio próximos à pia e utilizar cadeiras durante o banho.
- No quarto, não utilizar tapetes de tecido, utilizar calçados com antiderrapante e ter um interruptor de luz ao lado da cama.
- Na sala, não deixar fios, extensões e objetos pelo chão, não utilizar tapetes e manter sofás e poltronas mais baixas.
- Na cozinha, evitar que o chão fique molhado.
- Nas escadas, também colocar barras e estar atento à iluminação.
Estar em dia com o acompanhamento com o geriatra também é necessário, pois as interações medicamentosas podem trazer efeitos colaterais que interferem nas chances de sofrer uma queda. Consultar oftalmologistas regularmente e ter óculos de qualidade também ajudam a evitar problemas. Uso de sapatos fechados, com antiderrapante, sem cadarço, tomar cuidado com animais, que podem pular no dono e utilizar bengalas também são algumas orientações.
Além disso, ter um cuidador em casa é uma das formas de minimizar os riscos. A presença dele pode evitar uma série de problemas, dentre eles a prevenção de quedas. Outro benefício da companhia de um especialista está na fisioterapia preventiva, que reforça a musculatura.
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Um cuidador também fica responsável pelo acompanhamento de medicação e suplementos alimentares e, quando presente para auxiliar um idoso que está em tratamento pós-queda, o especialista fica responsável pelos cuidados constantes que a reabilitação exige.
No entanto, o processo de encontrar alguém para acompanhar a rotina de um ente querido pode ser difícil. Por isso, a plataforma Nonno auxilia as famílias que buscam por serviços de cuidado a encontrarem profissionais qualificados.
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