Há quase um ano e meio, a dona de casa Rosa Silva Lima, 79 anos, aguarda por uma cirurgia no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville. Ela sabe que não é exceção: nos últimos seis meses, seu número passou apenas de 88 para 80 na fila de espera para procedimento ginecológico. No entanto, ela e sua família questionam a demora, uma vez que o caso já foi analisado pelo médico responsável e destacado como urgente na ficha médica; e os motivos de o prontuário apresentar o termo “incontinência urinária”, enquanto o diagnóstico médico, desde a primeira consulta, é de prolapso uterino, um problema bem mais sério.
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Quando fez a primeira consulta, descobrindo a condição, ainda na unidade de saúde do bairro Jarivatuba, em dezembro de 2014, Rosa estava no estágio 1 (quando o colo do útero desce cerca de um centímetro além da entrada da vagina), que é considerado menos severo. No entanto, a espera pela cirurgia fez com que o quadro evoluísse para estágio 4, o mais grave na classificação médica.
– Eu sinto muita dor e desconforto. Agora, quase não possa mais andar – conta ela.
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O caso já foi discutido com a administração do Hospital Regional e encaminhado para a ouvidoria da instituição, mas a família de Rosa não obteve respostas do porquê ela continuar na fila de espera. Além disso, a família também reclama que a consulta no Regional só ocorreu depois que uma carta foi enviada para a secretária de Saúde, Francieli Schulz, após um ano de espera. Em janeiro de 2016, Rosa fez a consulta e exames com os médicos residentes, sob a supervisão do médico Carlos Alberto H. dos Santos. Na época, ele afirmou que colocaria o caso como “urgente” na fila de espera para a cirurgia.
– Nós sabemos que há diferença entre um caso de urgência e emergência, mas não esperávamos que demoraria mais do que três ou quatro meses – lamenta o genro, Valério Rodrigues.
– Pode não parecer um caso importante, mas faz com que uma mulher perca a chance de ter qualidade de vida – destaca.
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O que diz o hospital
O Hospital Regional Hans Dieter Schmidt informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que realiza cerca de 20 cirurgias ginecológicas por mês. Além disso, a fila de cirurgias é dividida pelo tipo de especialidades, porém, não por procedimentos. Portanto, todas as cirurgias ginecológicas são cadastradas em uma fila única.
Sobre a forma com a qual o caso foi registrado, o hospital destaca que certos procedimentos têm código e um nome de cadastro no Sistema Único de Saúde que diferem do esperado pelo paciente ou pela família, mas isso não significa que o procedimento foi cadastrado erroneamente – são apenas questões de nomenclatura do Sistema Único de Saúde.