A aposentada Ermelinda Velter Kreusch, 81 anos, esperou oito anos por uma cirurgia no joelho pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Joinville. A moradora do bairro Boa Vista viu a situação de saúde piorar e não teve outra saída a não ser procurar um médico particular. A história dela serve de escopo para entender um dos desafios enfrentados hoje pelo município de Joinville na área da saúde: as filas de espera por uma cirurgia.

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— Minha mãe teve até que vender uma casa que ela tinha na Barra do Sul, porque a cirurgia foi R$ 29 mil — conta a filha, Arlete Rosa Kreusch do Amaral, 56 anos.

Ela lembra que o procedimento aconteceu em 2010 e a família nunca procurou o município para pedir a retirada do nome da aposentada da fila. No entanto, até hoje não tiveram um retorno do SUS.

No início, Ermelinda ainda conseguia andar, mas o problema no joelho piorou e ela teve de usar andador e cadeira de rodas para se locomover dentro de casa. Após a cirurgia, ela passou a usar uma órtese que ajuda a aposentada a se locomover.

— Ela foi dando um jeito para se virar até a gente conseguir pagar por uma cirurgia. Se fosse pelo SUS, ela estaria até hoje esperando — afirma.

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Prefeitura admite dificuldade de acabar com as filas para cirurgia

O secretário de Saúde do município, Jean Rodrigues da Silva, afirma que o tempo de espera para a primeira consulta com o especialista geral não é mais um desafio da prefeitura. Segundo ele, o paciente demora cerca de 90 dias para conseguir o acesso ao médico ortopedista e ginecologista e 60 dias para uma consulta com o oftalmologista. No entanto, a dificuldade é quando há a necessidade de cirurgia nessas áreas.

Na ortopedia, ele conta que o problema acontece nas cirurgias de alta complexidade, principalmente em relação às próteses. De acordo com o secretário, geralmente, as que são utilizadas pelo mercado não são as mesmas com cobertura do SUS.

— Vai um recurso financeiro muito grande em cima disso para poder dar conta dessa demanda. Então, ainda temos um gargalo na questão da alta complexidade.

O mesmo desafio é encarado na área da ginecologia. O primeiro acesso não é demorado, na avaliação do secretário. A dificuldade é a sequência do tratamento, quando a paciente precisa realizar a cirurgia. Segundo Jean, um dos problemas é o município depender da oferta de vagas nos hospitais Regional e Bethesda, que realizam os procedimentos.

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— Estamos em estudos e conversas com o Estado para tentar mutirões para agilizar esses atendimentos — revela.

Já na questão das filas para consulta na oftalmologia e ortopedia, Jean garante que a prefeitura agiu para reduzir o número de pessoas. Ele garante a realização constante de mutirões e um rastreamento dentro das filas de pacientes, que já estão aguardando, há mais tempo, com exames prontos para tentar agilizar o atendimento.