Santa Catarina apresenta duas realidades quando o assunto é educação. De um lado, bons resultados no ensino fundamental. De outro, um cenário de reprovação e evasão escolar de alunos no ensino médio. É o que mostram os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), ferramenta do MEC para avaliar o ensino brasileiro, divulgados nesta quinta-feira. O Ideb é calculado com base no fluxo escolar (taxa de aprovação, reprovação e abandono) e o desempenho de estudantes em português e matemática. Os dados levam em conta todas as redes de ensino.
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Nos anos iniciais do ensino fundamental (5º ano), Santa Catarina apresentou a segunda melhor nota (só atrás de São Paulo) com 6,3. Nos anos finais (9º ano), o Estado reassumiu a liderança nacional, que tinha perdido em 2013 — quando caiu para a quarta posição, atrás de Minas Gerais, Goiás e São Paulo.
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Nas três categorias de avaliação, SC só alcançou uma das metas estabelecidas pelo MEC para 2015. Os primeiros anos do ensino fundamental foram bem avaliados, enquanto o ensino médio e os últimos anos do ensino fundamental ficaram abaixo das expectativas do governo federal.
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Para o gerente de projetos do movimento Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, é fundamental levar em consideração a situação socioeconômica privilegiada do Estado, que reflete nos bons índices educacionais. Porém o Estado, assim como o país, deve se preocupar com a continuidade das ações, principalmente nos anos finais na escola.
O professor do Programa de Pós Graduação em Educação da Udesc, Lourival José Martins Filho, defende que o êxito no ensino fundamental está no acompanhamento pedagógico mais individualizado, o que não acontece no ensino médio.
O secretário do Estado de Educação, Eduardo Deschamps, lembra que SC tinha tido problemas com os anos finais do fundamental devido a implantação do 9º ano, o que acabou impactando no aprendizado de algumas turmas. Porém, ressalta que conseguiram reverter o quadro e os resultados de hoje comprovam isso.
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— A gente teve um avanço muito expressivo nesta faixa — reforça o secretário.
Já no ensino médio (3º ano), não há motivos para comemorar. Enquanto a média das escolas brasileiras está estagnada em 3,7 (escala de 0 a 10) nos últimos três levantamentos, Santa Catarina apresentou a segunda queda consecutiva, mas se manteve um pouco acima da média do país. O índice estadual caiu de 4 (em 2013) para 3,8 em 2015. Mesma média alcançada em 2005 no Estado.
— No ensino médio mora o grande problema. Os dados mostram que não é questão de ajustar, mas reformular este segmento, que está em um patamar muito abaixo do esperado — diz Olavo Filho.
Para o especialista, os principais desafios estão na falta de atratividade – com currículo extenso e curta jornada, além da ausência de políticas de educação integral para os adolescentes.
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Deschamps acrescenta que os desafios do ensino médio aparecem inclusive na rede privada, onde a média catarinense também caiu.
— A nossa nota da prova é uma das melhores do país, o nosso problema está na taxa de abandono e reprovação. Tem alunos que não vieram preparados no ensino fundamental e acabam desistindo ou reprovando.
Para o professor da Udesc, no ensino médio é necessário que o jovem catarinense tenha mais autonomia e atenção focada para os conteúdos curriculares, o que não vem acontecendo:
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_ Na escola particulares muitos conteúdos são apenas decorados para aprovação no vestibular e nas escolas publicas as lacunas conceituais dos anos anteriores não são recuperadas nesta etapa de ensino. O governo tem motivos para se preocupar com o ensino médio.
O secretário diz que nesta sexta-feira acontece uma reunião com parceiros que estão trabalhando no novo modelo de ensino médio para SC. Eles irão usar a experiência de Pernambuco, Estado que conseguiu avançar muito nesta área nos últimos anos, como referência. Algumas das mudanças previstas são implementar currículos novos e integração com a educação profissional.
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O QUE É O IDEB?
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado a cada dois anos, foi criado em 2007 para medir a qualidade das escolas e das redes de ensino no Brasil.
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Ele é calculado com a combinação de dois conceitos educacionais importantes: o fluxo escolar (a taxa de aprovação, reprovação e abandono) e o desempenho de estudantes em avaliações que medem o conhecimento em português e matemática, considerados base para para as demais disciplinas do currículo escolar.
As provas que avaliam os estudantes são a Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
O Saeb avalia, por amostragem, alunos do 5º e 9 º anos do ensino fundamental, e do 3º ano do ensino médio, em matemática e português, de escolas públicas e particulares.
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Já a Prova Brasil é um exame nacional de português e matemática aplicado ao 5º e 9 º anos de escolas públicas.
QUAL RESULTADO SE PRETENDE ATINGIR?
A meta do Plano de Desenvolvimento da Educação é que o Ideb do Brasil seja 6 em 2022. Esta média é um padrão definido como aceitável para os membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o clube das 34 nações mais desenvolvidas.
Com os resultados, o governo determina metas para a educação e planeja a distribuição de recursos. Além disso, diretores e professores ficam sabendo como está o trabalho e podem promover mudanças.
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Os dados demonstram o resultado da turma e ajudam professores a analisar em que nível de aprendizado os estudantes se encaixam. Para cada nível, o MEC sugere o assunto que o aluno deveria dominar.