Mesmo sendo destaque na educação básica brasileira, Santa Catarina apresenta situações preocupantes. A divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011 mostrou escolas catarinenses com resultado muito abaixo da média estadual, que é a mais alta do país no ensino médio e nos anos finais do ensino fundamental e a segunda maior, nos primeiros anos do fundamental.

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Além de apresentarem Ideb baixo, algumas instituições diminuíram a nota, como o caso da escola estadual Profª Irene Romão, em Navegantes, que baixou de 4,0 para 3,0 nos anos finais, de um indicador que varia de 0 a 10. Já a escola com o Ideb mais baixo do Estado no ensino fundamental, anos iniciais e finais, é a estadual indígena Cacique Vanhkre. Ela alcançou Ideb 3,1, no 5º ano e 2,3 na 8ª série.

Esta é a primeira vez que a unidade participa da avaliação. O colégio tem currículo diferenciado e muitos assuntos de ensino fundamental não são abordados. O secretário da Educação, Eduardo Deschamps, diz que estados, como Amazonas e Pará, que possuem comunidades indígenas mais numerosas, já solicitaram ao Ministério da Educação, provas específicas, que levem em consideração essas diferenças.

Para reverter o quadro das escolas de Ideb baixo, o secretário cita alguns projetos que pretende implementar. Um deles é a troca de boas práticas entre os colégios: aqueles que tiveram bom desempenho apresentem os trabalhos que deram certo às unidades que precisam melhorar. Outra medida é oferecer o ensino integral, com adoção do programa Mais Educação, do governo federal.

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Família tem papel importante para mudar o quadro

O coordenador do curso de pedagogia da Unisul, Jorge Alexandre Cardoso, diz que para conseguir avançar é preciso participação de todos os envolvidos no universo educacional. Professores, diretores, supervisores e alunos são parte desta mudança. A evolução do Ideb também passa pela valorização e formação continuada do professor.

Além disso, o suporte de políticas públicas é fundamental:

– Não adianta apenas dizer para o doente vá se tratar, se o poder público não oferece condições de tratamento – compara.

A família também tem papel essencial. Os dados do Ideb são públicos e os pais podem conferir como está o desempenho da escola do filho. Se não está bem, os responsáveis têm obrigação de participar da escola. Ir a reuniões, entender a realidade do lugar, propor e cobrar mudanças.

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O professor ainda observa que é preciso analisar além dos números. Uma escola, que apresentou Ideb baixo, pode ter muito a comemorar, porque avançou em relação ao ano anterior e está inserida num contexto social difícil. Já uma escola com Ideb alto pode não ter avançado em relação ao ano anterior, ficando estagnada.

O que é Ideb?

– O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado a cada dois anos, foi criado em 2007 para medir a qualidade das escolas e das redes de ensino no Brasil.

– Ele é calculado com a combinação de dois conceitos educacionais importantes: o fluxo escolar (a taxa de aprovação, reprovação e abano) e o desempenho de estudantes em avaliações que medem o conhecimento em português e matemática, considerados base para para as demais disciplinas do currículo escolar.

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– As provas que avaliam os estudantes são a Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

– O Saeb avalia, por amostragem, alunos da 4 ª série (5º ano) e 8 ª série (9 º ano) do ensino fundamental e do 3 º ano do ensino médio, em matemática e português, de escolas públicas e particulares.

– A Prova Brasil é um exame nacional de português e matemática aplicado à 4 ª série ( 5 º ano) e à 8 ª série (9 º ano) de escolas públicas.

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– Em uma escala que vai de zero a 10, os resultados do Ideb ficam no site do Ministério da Educação, disponíveis para qualquer pessoa.

– A meta do Plano de Desenvolvimento da Educação é que o Ideb do Brasil seja 6 em 2022. Esta média é um padrão definido como aceitável para os membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o clube das 34 nações mais desenvolvidas.

Para que serve?

– Com os resultados, o governo determina metas para a educação e planeja a distribuição de recursos. Além disso, diretores e professores ficam sabendo como está o trabalho e podem promover mudanças. Eles têm como ver o resultado da turma e analisar em que nível de aprendizado os estudantes se encaixam. Para cada nível, o MEC sugere o assunto que o aluno deveria dominar.

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Como os pais devem acompanhar o Ideb?

– Pela internet os responsáveis podem olhar se o desempenho da escola do filho melhorou, estagnou ou piorou. Se o índice está baixo, é preciso questionar quais são medidas que a escola está tomando, para reverter o quadro.