O acidente que deixou o empresário Jean Carlos da Silva, ícone do motociclismo em Santa Catarina, em estado grave de saúde, ocorreu em um trecho de curva da BR-282, em Rancho Queimado, que tinha óleo na pista e é cercado por um paredão de pedra, sem área de escape e com acostamento reduzido.
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Além de Jean, que é dono de um revendedora de motos em Florianópolis, um outro experiente motociclista perdeu o controle de sua moto e acabou se acidentando. Trata-se de Rafael Nunes, que sofreu fraturas na perna esquerda e passou por cirurgia. A dupla viajava no último dia 8 com um terceiro amigo, Márcio Silveira, que passou pelo local sem se ferir e detalhou o ocorrido ao Diário Catarinense.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsável pela fiscalização na rodovia, reconhece que havia óleo na pista, sujeira e granulados, sem esclarecer quais as razões para isso. Ainda segundo a PRF, esses materiais podem ter contribuído para a queda dos motociclistas, mas diz que a causa principal do acidente foi a velocidade excessiva para o trecho.
No entanto, Márcio defende que o fator preponderante para o acidente foi a condição ruim da rodovia naquele trecho, que surpreendeu os três amigos motociclistas mesmo com eles já tendo viajado pelo local por centenas de vezes, segundo a testemunha.
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— Esse trecho se modifica. Em um dia, tem óleo em uma curva, mas, em outro dia, não tem. Em um dia tem areia ou um buraco, ou pode ter chuva e nevoeiro, e já não tem no outro — diz ele, que identificou, além do óleo, orvalho na pista na ocasião.
— Então o que não poderia acontecer é ter um muro de pedra colado na estrada. Essa curva pode vitimar qualquer pessoa, independentemente de estar de moto. E quando existe óleo ou areia, mesmo uma bicicleta a 20 km/h vai cair. Em uma situação assim, o piloto nem sente, não tem nem a capacidade de ter alguma reação — diz.

Motociclista já havia notado óleo na pista em outras viagens
Márcio afirma que já havia testemunhado a ocorrência de óleo na parte da rodovia que vai da Grande Florianópolis à região serrana em outras ocasiões e em diferentes trechos.
— É visível para quem transita nesta serra o óleo no meio da pista de rolamento, é tudo preto. Quando há uma subida ou uma curva, o óleo do carro, seja o do motor ou algum outro que esteja empoçado, vai se movimentar mais e pode escapar. Ou pode cair também do tanque de um caminhão — afirma.
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O amigo de Jean diz que os três viajavam para Urubici. Eles passeariam por estradas de terra na Serra Catarinense e dormiriam em São Joaquim. Márcio pilotava na frente e só se deu conta de que algo poderia ter ocorrido quando já não enxergava os outros dois no retrovisor. O motorista de um carro surgiu em seguida e avisou ele do acidente. As vítimas foram encontradas a 200 metros da área de derrapagem.
Márcio diz acreditar que Jean, por vir à frente de Rafael, pode ter tido menor tempo de reação antes de colidir com o paredão de pedra e, por isso, tenha sofrido piores consequências. Ele teve traumatismos na cabeça, com microlesões no cérebro.
A vítima mais grave chegou a sofrer uma parada cardíaca no local do acidente e foi resgatada de helicóptero para o Hospital Regional de São José, onde seguia internada ao menos até esta quarta (13). A família de Jean já avaliava levá-lo para o Hospital da Unimed, já que ele tem apresentado alguns sinais de melhora que permitiriam uma transferência, também de acordo com Márcio.
Ele diz esperar poder retomar as viagens com os amigos vitimados em breve e guarda uma foto que fez com eles em um posto de combustíveis em Palhoça horas antes do acidente, a que aparece no alto desta reportagem. Na ocasião, Jean, apenas de camiseta, ainda vestiria equipamentos de proteção. Márcio diz que o trio viajava ainda com motos em perfeitas condições, o que também não evitou o ocorrido.
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