Até por volta das 21h desta quinta-feira, o Ibama ainda priorizava o trabalho de contenção do vazamento de óleo na orla de Tramandaí, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Segundo o órgão, será necessário um levantamento mais detalhado para avaliar o impacto ambiental, o que ocorrerá nos próximos dias.
Continua depois da publicidade
No sobrevoo realizado no meio da tarde, quando a mancha de óleo atingiu a maior proporção, a dimensão foi estimada em um quilômetro quadrado (1 km²), equivalente a cerca de 100 campos de futebol (cada um com um hectare). No início da noite, o óleo tomou conta da orla.
– Claro que a mancha é irregular, não tem exatamente uma forma e a camada sobre a água é muito fina. Mas no sobrevoo às 16h30min estimamos o tamanho dela em cerca de 1 km² ou 100 hectares. Depois o óleo se espalhou e à noite já tinha chegado quase todo na beira da praia – explicou o biólogo e Analista Ambiental da Superintendência do Ibama em Porto Alegre, Kuriakin Humberto Toscan.
O Ibama ainda não registrou mortandade ou contaminação de peixes e aves, mas não descarta essa possibilidade. O órgão recebeu informações da Transpetro, responsável pela monoboia onde ocorreu o vazamento, que cerca de 150 pessoas haviam sido acionadas para recolher o óleo na beira da praia.

O vazamento de óleo começou na manhã desta quinta-feira em uma monoboia localizada a seis quilômetros da orla na região de Tramandaí. O incidente ocorreu durante uma operação de rotina de transbordo. Não há detalhes sobre as causas. Segundo o Ibama, há previsão de multa para o vazamento de óleo, mas o valor será definido conforme a gravidade.
Continua depois da publicidade
A Transpetro acionou autoridades ambientais e montou operação para conter o vazamento no início da tarde. O Pelotão Ambiental da Brigada Militar orientou banhistas para que deixassem a orla.
– Mesmo em áreas mais distantes da plataforma, os banhistas devem evitar entrar no mar, pelo menos até que tenhamos maiores informações – alertou o comandante do Pelotão Ambiental de Tramandaí, tenente Reinaldo Araújo.
Veranistas alarmados:
O professor de Educação Física Ricardo Medeiros, 44 anos, percebeu alteração na rotina da praia enquanto pescava na plataforma.
– É a primeira vez que vejo algo assim. Me assustei com o tamanho que a mancha atingiu. Estamos em época de veraneio e há também a questão ecológica – disse o professor – Sabia que algo tinha ocorrido por que senti o forte cheiro de diesel – concluiu.
Continua depois da publicidade
A mesma impressão teve a jornalista Camila Rocha, 34 anos, que veraneia na altura da guarita 143 em Tramandaí.
– Tivemos de fechar a casa, é muito forte o cheiro. Parece veneno. Estamos a uma quadra do mar – disse Camila – O mar aqui nunca é muito bonito, mas de longe já dá a impressão que a água está mais escura. As ondas também estão quebrando mais pesadas, parece que engrossou a água – relatou.
Por volta das 17h30min, as ondas já quebravam com aparência escura na beira da praia na altura da guarita 146. Salva-vidas passaram orientações para quem circulava na região e a maior parte das pessoas deixou a faixa de areia.
A Transpetro divulgou às 15h50min a seguinte nota oficial:
“A Transpetro informa que na manhã desta quinta-feira, 26, foi detectado um vazamento de óleo na monoboia do Terminal de Osório, em Tramandaí (RS), durante operação de descarregamento de um navio. Imediatamente, equipes de contingência da Transpetro e o Centro de Defesa Ambiental (CDA) foram acionados para iniciar os trabalhos de contenção e remoção do produto.
Continua depois da publicidade
Os órgãos ambientais, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Capitania dos Portos foram comunicados. As causas do incidente estão sendo investigadas pela Companhia. Ainda não foi possível quantificar o volume de óleo derramado.“
Pescadores em alerta:
A Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) comunicou o vazamento à Superintendência do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), em Porto Alegre.
Segundo o diretor de Pesca e Aquicultura da SDR, Ederson Silva, além da exploração do turismo na região de Tramandaí, existem mais de 3.500 pescadores no Litoral Norte. Deste total, mil dependem da pesca na orla marítima.
A SDR informou que pretende dar apoio e atenção às famílias de pescadores caso venham a ter prejuízos com o vazamento.
Continua depois da publicidade