No primeiro dia de investigação sobre o naufrágio do iate de luxo Gladiador 8 ao sul de Florianópolis, a Capitania dos Portos informou em nota que o barco teria restrições de navegação – apenas áreas costeiras e com no máximo seis pessoas a bordo – e que o comandante não teria habilitação para navegar onde o barco afundou. O laudo encomendado pela Marinha foi realizado por um engenheiro naval em julho do ano passado. O resultado das investigações sairá em até 90 dias.

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DOCUMENTOS: relatórios confirmam que a embarcação não era segura

Na hora do naufrágio no fim da tarde de sexta-feira havia 14 pessoas a bordo: o comandante José Augusto Lopes da Costa e 13 homens que pagaram R$ 800 cada um para ir pescar. Eles foram resgatados por um barco pesqueiro que passava no local. Em entrevista à RBSTV, Costa declarou que o naufrágio teria ocorrido em decorrência de sabotagem.

– Impossível um barco com seis anos de navegação a vigia sair inteira. Repito. A vigia não quebrou.

O Gladiador 8 está registrado em São Sebastião (SP) e pertence a Maria Kodaira Cruz, em meio a uma disputa judicial. A responsabilidade do iate está com o fiel depositário – que tem a posse, por meio de decisão judicial – , Ronald Miro Barton. Ele informou que vai retirar o barco do fundo do mar, seguindo as instruções da Capitania dos Portos.

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Duas consultorias contratadas em abril e em outubro pelo dono do barco apontam problemas estruturais no iate. O último laudo feito na embarcação foi no dia 24 de outubro. A empresa New Boat, afirma em um documento que havia possibilidade de quebra dos motores e que a estrutura do casco do iate estava comprometida. Um diagnóstico anterior emitido por outra empresa já havia apontado problemas, segundo o dono, Fernando Cruz.

Entrevista: Tenente Andressa Braun Assessora da Capitania dos Portos

Diário Catarinense – A embarcação podia navegar normalmente?

Tenente Andressa Braun – Sim, não existe irregularidade. Não temos conhecimento de restrições à navegação. Se o barco tem problemas, é de responsabilidade do dono garantir que ele não vá para o mar.

DC – Diante de denúncias de problemas no barco, a Capitania pode impedir a navegação?

Tenente Andressa – A guarda do barco é de propriedade privada. O que a marinha faz são inspeções navais, como o Detran faz em blitz. Vamos às marinas e inspecionamos barcos, vendo se estão dentro das normas, com os documentos corretos. Se a embarcação apresentar problemas podemos lacrá-la e deixar a marina como fiel depositário, para que não navegue. Mas essa embarcação que naufragou não tem irregularidades registradas na Capitania.

DC – Vocês têm conhecimento dos laudos feitos por empresas particulares que apontam problemas no barco?

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Tenente Andressa – Não.

DC – O iate será retirado do fundo do mar? E os riscos de poluição por diesel?

Tenente Andressa – A retirada do barco do mar é de responsabilidade do proprietário. Já entramos em contato com o fiel depositário, que está com a posse do barco, para ver se ele fez orçamento com empresas, se tem um plano de reflutuação. Não temos como colocar um prazo para a retirada do barco, mas esperamos que seja o quanto antes. Caso for observado perigo de poluição, isolamos a área, mas, mesmo assim, é o proprietário quem deve pagar pela reflutuação. Caso alegue não ter dinheiro, ele responderá criminalmente.