Para quem acompanha pari passu as várias fases da Operação Lava-Jato, como os leitores de Zero Hora, não é surpresa que essa ação de hoje se chame Radioatividade. E nem que ela, coerente com o apelido, mire nas obras da usina nuclear Angra 3.

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É que você já leu isso em ZH, em 20 de junho. Na época, a pista foi dada pelo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos próceres da Lava-Jato. Ele confirmou, no dia em que a cúpula das empreiteiras Andrade Gutierrez e Odebrecht foi presa, que a construção da usina Angra 3, do Rio de Janeiro, estava sob investigação.

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Desde a primeira fase da Operação Lava-Jato, no início de 2014, que pipocavam informações de colaboradores da Polícia Federal dizendo que a Petrobras era apenas uma parte da rede de subornos montada por grandes empreiteiras para garantir primazia nos melhores negócios bancados por cofres governamentais.

O doleiro Alberto Youssef, delator-mor das investigações sobre a estatal petrolífera, foi um dos que assegurou que os tentáculos das construtoras se espalham por estradas, hidrelétricas e até na energia nuclear.

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Em buscas e apreensões realizadas pela PF, como ocorreu em 19 de junho com Odebrecht e Andrade Gutierrez, foram encontrados, além da papelada relativa à Petrobras, documentos de Angra 3. Essas duas empreiteiras, aliás, são sócias em um consórcio para finalizar a usina nuclear, que tem contratos de R$ 3 bilhões já firmados (mas pode chegar a R$ 14 bilhões).

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Há desconfiança de que parte do dinheiro tenha sido superfaturada para disfarçar propina paga ao PMDB, partido que controla o Ministério de Minas e Energia.

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Um dos que fez delação premiada, o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini, afirmou que houve “promessa” de pagamento de propina ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear, empresa do grupo Eletrobras, nas obras de Angra 3. A Camargo Corrêa também participa do consórcio da usina.

– Houve compromissos de pagamento de propina equivalente a 1% dos contratos das obras – relatou Avancini, em março, reforçando as suspeitas do procurador.

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A PF ainda não revelou quem são os presos desta fase, a Radioatividade. Angra 3 – assim como todas as obras nas quais as empreiteiras estão envolvidas – é na sua maior parte financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujos empréstimos a empresas nacionais e estrangeira já é alvo de uma CPI no Congresso.

*Zero Hora