Na mesma semana em que a emergência adulta do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi temporariamente fechada por superlotação pela segunda vez em menos de um mês, a reitoria da instituição anunciou que pretende aumentar em 30% o atendimento na unidade. Isso a partir do segundo semestre de 2017, quando serão preenchidas 421 vagas do primeiro concurso público aberto pelo HU — de um total de 837 vagas previstas no dimensionamento do hospital — depois da adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

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Até lá, um dos maiores hospitais do Estado e que atende 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seguirá atendendo a população em condição abaixo de sua capacidade instalada, inclusive com o risco de novos fechamentos temporários no setor de emergência da unidade.

— A gente vai tentar tomar algumas ações no sentido de minimizar esse problema. Nesta quinta-feira, a emergência já voltou a funcionar normalmente. Temos ainda a restrição nas internações eletivas, mas pretendemos mudar isso nos próximos dias — garantiu Maria de Lourdes Rovaris, superintendente do HU junto à Ebserh, que explicou a situação da emergência quando ocorreu o fechamento:

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— Temos 13 leitos, e estávamos com mais de 40 pacientes na emergência. A maioria estava em macas nos corredores e até em cadeiras. Tivemos que fechar para não comprometer ainda mais o atendimento.

Outra grande mudança a partir da entrada da Ebserh é que a folha de pagamento dos servidores do HU é paga pela empresa pública, o que alivia também as contas da UFSC.

Com 201 leitos ativos atualmente, a expectativa da UFSC e da Ebserh é “destravar” a contratação de pessoal — o maior problema do hospital — e colocar toda a estrutura de 302 leitos em funcionamento nos próximos anos.

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Antes, já em 2017, o plano é ativar leitos com a reabertura da Unidade Clínica Médica, fechada em 2013, e que disponibilizará novos leitos na unidade.

— Teremos na recomposição de recursos humanos o nosso grande diferencial, para assim reativar leitos e pôr toda nossa capacidade em pleno funcionamento, para assim atender mais pessoas, que é o que realmente importa — observou o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier.

População reconhece qualidade do atendimento

Dentre os que criticavam o Ebserh, estava o receio de que o HU perdesse sua função básica de ser um hospital escola e deixasse de atender 100% pelo SUS. Tanto Maria de Lourdes como Cancellier garantem que as duas questões estão fora de cogitação, e o HU seguirá prestando atendimento gratuito, feito 100% pelo SUS.

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— Tanto é que o comando do Ebserh se divide em três pontas: atenção à saúde, administrativo e gerência de ensino e pesquisa — destacou.

Para a aposentada Maria Salete Longo, 66 anos, que fez uma cirurgia no HU há um ano e nesta quinta voltou à unidade para visitar uma amiga, o “atendimento no HU já é muito bom”. Sobre o que espera do futuro na unidade, depois de ouvir da reportagem como funcionará o Ebserh, foi rápida:

— Não privatizando, para mim está ótimo.

É isso que espera também a agricultora Valdete Viana Lustenberg, que nesta quinta saiu às 4h30min de Alfredo Wagner para realizar um ultrassom na unidade.

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— Mantendo o SUS, está tudo certo — concluiu.