Nesta terça-feira, o banco HSBC anunciou uma reestruturação que inclui a venda de suas operações de varejo no Brasil – onde manterá um escritório menor, para atender a grandes corporações – e na Turquia. O objetivo, com o encolhimento, é economizar até US$ 5 bilhões.

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Em apresentação a investidores em Londres, a casa explicou a decisão de sair do mercado brasileiro de varejo com a avaliação de que teria de multiplicar por seis o total de investimentos para ser um dos três maiores bancos brasileiros.

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A pequena abertura do Brasil ao comércio internacional e a falta de escala no mercado brasileiro pesaram na decisão do HSBC de deixar o Brasil. No México, ao contrário, o banco continuará de portas abertas. Para explicar a manutenção da outra filial latino-americana, o executivo argumentou que o “quadro é diferente no México, onde a economia é aberta e há 11 reformas em curso”.

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Durante evento para atualização do cenário para os investidores do HSBC, o principal executivo do grupo explicou com naturalidade a decisão de sair do Brasil.

– Os negócios têm gerado resultado abaixo do esperado no Brasil, Turquia, México e Estados Unidos. O que vamos fazer é vender o Brasil e a Turquia e mudar no México e EUA – disse Stuart Gulliver, executivo-chefe do grupo, ao ressaltar que a filial brasileira do HSBC vai se restringir a uma pequena operação para atender grandes empresas.

– Vamos manter uma modesta presença no Brasil.

A venda da filial do Brasil acontece diante de dois principais problemas. O primeiro é estrutural e diz respeito à falta de abertura comercial do país.

– Brasil e Turquia são economias mais fechadas, com pequeno percentual das exportações sobre o Produto Interno Bruto – disse.

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Outro problema é do próprio banco. No Brasil e Turquia, o HSBC sofre com a falta de escala. Para ser o terceiro maior banco dos dois mercados, o executivo explicou que as filiais teriam de multiplicar o total de ativos em mais de seis vezes.

Na apresentação na capital britânica, Gulliver mostrou um quadro em que mostra o HSBC Brasil com US$ 63 bilhões de ativos em dezembro de 2014. Em sexto lugar no ranking dos maiores bancos no mercado brasileiro, o HSBC está muito atrás do Santander – o quinto – que somava US$ 225 bilhões.

O redimensionamento do HSBC, que também atinge outros mercados e áreas de negócios, permitirá à casa estar “alinhada com as maiores zonas econômicas e de comércio do mundo”, afirmou a instituição. Haverá até 50 mil demissões.

Durante a atualização das perspectivas do banco anunciada em evento para investidores na capital britânica, o HSBC reafirmou que pretende vender as operações no Brasil e Turquia.

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Aposta mais forte será na Ásia

No material que será apresentado aos investidores, o banco nota que a revisão de sua presença “atinge mercados com conectividade limitada; com presença, mas desafio para ganhar escala ou que não atendam completamente aos requerimentos de risco e transparência”. O documento não cita qual o problema específico relacionado ao Brasil ou Turquia.

Na apresentação, porém, é possível observar que um dos argumentos do HSBC é que, para ser o terceiro maior banco no Brasil e Turquia, a instituição teria de multiplicar os ativos em mais de seis vezes. Outro argumento é que as exportações dos dois países (US$ 225 bilhões no Brasil e US$ 169 bilhões na Turquia) são comparativamente menores que em outros mercados em que a casa seguirá com as portas abertas, como México (US$ 398 bilhões), Emirados Árabes Unidos (US$ 373 bilhões) e Índia (US$ 324 bilhões).

Enquanto arruma as malas no Brasil e Turquia, o HSBC anuncia que pretende “reconstruir a lucratividade no México”. Uma das intenções na segunda maior economia latino-americana é aproveitar as oportunidades criadas com o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o Nafta. A principal aposta do HSBC, porém, está na Ásia.

– O HSBC planeja desenvolver negócios no delta do Rio das Pérolas, na província de Guangdong (áreas da China) e na região da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) – diz o comunicado.

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Entre as áreas que serão mais exploradas na região, estão a gestão de ativos e os seguros. Além disso, o banco quer aproveitar as oportunidades criadas pela internacionalização da moeda chinesa.

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Corte de empregos pode chegar a 50 mil

O HSBC informou que pretende cortar até 50 mil empregos como parte de uma reestruturação para melhorar a rentabilidade de suas operações globais.

No final de 2014, o banco britânico tinha cerca de 258 mil funcionários em regime de tempo integral.

Às 8h30min de Brasília, as ações do HSBC recuavam 6,9% na Bolsa de Londres.

Economia de até US$ 5 bilhões

A venda das operações do HSBC Brasil e Turquia faz parte de um plano mais amplo da instituição financeira de reduzir o total de ativos. Segundo a estratégia da casa, a instituição quer reduzir o total de ativos em cerca de um quarto. Com a adoção do plano, o HSBC pretende economizar até US$ 5 bilhões.

De acordo com o comunicado divulgado aos investidores, o plano de redução das atividades passa pela diminuição do total de ativos ponderados do grupo em cerca de 25% e por direcionar esforços na direção de segmentos que ofereçam maior retorno. Uma dessas iniciativas citadas é diminuir a importância do segmento “Global Banking e Mercados” – ramo que atende grandes empresas – para menos de um terço do total de ativos do grupo.

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As várias iniciativas que incluem a venda das filiais do Brasil e Turquia devem gerar economia de até US$ 5 bilhões à casa, informa comunicado enviado ao mercado. Isso deve ajudar no plano do HSBC que promete entregar aos acionistas retorno sobre patrimônio maior que 10% em 2017.

México tem economia aberta

O tom para falar sobre a segunda maior economia da América Latina foi completamente distinto.

– O quadro é diferente no México, onde a economia é aberta e há 11 reformas em curso – disse o executivo que destacou que a participação das exportações no PIB mexicano supera até a da China. “é lógico estarmos no México, uma economia aberta, com reformas e ligada aos EUA”, argumentou.

Gulliver destacou positivamente a execução de reformas estruturais pelo governo de Enrique Peña Nieto, como as mudanças no segmento de telecomunicações e petróleo e gás, o que deve acelerar o crescimento da economia mexicana.

– Isso é transformação – resumiu o executivo, ao lembrar que o México também tem sido destino de volumes crescentes de investimentos com o objetivo de exportar para os EUA como no segmento de automóveis e na indústria aeroespacial.

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