O Diário Catarinense entrevistou os cinco candidatos à prefeitura de Blumenau. Confira abaixo a entrevista com o candidato Ivan Naatz (PDT):

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Como o prefeito tem que atuar na pressão pela duplicação da BR-470?

Tudo para dar certo aqui em Blumenau, diante dos nossos problemas geográficos, da ausência de ruas, da convivência com as cheias _ que é algo do dia pra noite e nos causa grandes desafios _, da questão do crescimentos desordenado das cidades e da geografia. Como eu já falei, toda política pública de incentivo tem que ter como alicerce o que a gente chama de tríplice hélice. O investidor, o poder legislativo e o poder executivo. O investidor que vem com o capital e tem ideia, o poder legislativo que não vai criar embaraços caso se tenha que alterar alguma legislação afim de possibilitar instalações de empresas, e o poder executivo sendo o grande elo de ligação entre as duas forças. O poder Legislativo, que vai criar ou desembaraçar as questões, e o empreendedor, que vai trazer o recurso. O poder executivo tem que ser o grande maestro desse processo. Outro fator importante que eu gostaria de destacar é que temos que fazer o planejamento daqui para frente de forma regionalizada. Não há mais como prefeito ver a cidade com muros, cercas. Daqui pra cá é Gaspar, e pra lá é Indaial. Qualquer trabalho de política de desenvolvimento, tanto no campo tecnológico, tanto no campo industrial, carece de um trabalho regionalizado. Nossas cidades do entorno não têm mais limites, e elas vivem da mesma economia. Nós somos uma região que vive da economia têxtil. Muito pouco material mecânico, muito pouco tecnológico, muito pouco de outras indústrias, Blumenau tem que ser o grande timoneiro desse negócio.

Blumenau viveu um processo traumático com a substituição da empresa de ônibus. Como o senhor avalia esse processo e o que o senhor faria diferente?

Bom, o processo, a meu ver, foi um grande equívoco. A decisão do prefeito não solucionou o problema, aliás, só ampliou o problema. As pessoas estão vivendo hoje com quase 200 horário a menos. Cerca de 48 linhas foram suprimidas, e foi feito um pacote de bondades que foi dado a essa empresa, se afastaram diversas obrigações, retiraram os ônibus biarticulados, desativou as estações de embarque e desembarque, reduziu horários, diminuiu impostos, entre outras coisas. Se nós tivéssemos oferecido esse pacote para as outras duas empresas que prestavam, nós não teríamos chegado a esse caos. Houve inabilidade do governo, e agora a solução virá com nova licitação. E falando da nova licitação, por exemplo, ela não traz melhorias e sim benefícios para a nova empresa. A última licitação do transporte coletivo foi feito em 1996, portanto, há 20 anos, ela previu 241 ônibus em circulação. Essa 20 anos depois, prevê 200. Ela não prevê ônibus rebaixados, para atender a acessibilidade, nem ônibus climatizados, e eu nem estou falando de ar-condicionado, estou falando climatizados, ela não estende o percurso, ela não traz nenhuma vantagem. É uma licitação que tem que ser revista. Tem a questão dos lotes, também. Quando você licita uma única licitação, numa única pegada, você limita o número de empresas que podem participar. Só megas empresas podem participar. Essa licitação tem que ser suspensa para fazer uma com lotes economicamente equilibrados.

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O senhor acha que o atual governo consegue terminar essa licitação? Ele entrega para o senhor uma licitação feita ou o senhor vai ter que fazer uma nova?

Não entrega. Só do TCE são 30 recomendações gravíssimas. E também tem esse debate. Acho que a partir da hora que terminada a eleição, que tivermos um novo prefeito, essa licitação terá que ser refeita. Para que o novo prefeito possa implementar como ele entende e discutir com a sociedade. No meu caso, eu faria por lotes economicamente equilibrados em si. Fazer a tabela progressiva de ônibus. Acredito que quatro empresas tranquilamente podem operar aqui. Isso permitiria o retorno da Verde Vale e da Rodovel, que indiscutivelmente não tinham problema nenhum. Não tinham folha de pagamento atrasada. Não tinham salário inadimplente. Elas não tinham falhas em horários, elas tinham ônibus novos, elas prestavam seu serviço com qualidade. O problema estava na Glória, mas esses problemas eram desde 2009, quando ela participou da licitação. Essas empresas têm história na cidade, elas são família. Tem gente que perdeu tudo por uma decisão administrativa equivocada. Sujeito tem 80 anos de trabalho em uma cidade e vem uma determinação e inviabiliza tudo. E também, esse processo tem que vir associado à região metropolitana, pra poder fazer um ônibus integrado. Hoje nós temos um sistema que atende os municípios vizinhos e um sistema que atende somente a nossa cidade. Talvez seja o momento de integrar esses sistemas para que passageiros de cidades próximas possam acessar os nossos terminais, usar os nossos ônibus. Acho que é uma grande oportunidade. A gente sabe que é um problema pra se resolver com o DNIT, com a criação da região metropolitana de Blumenau.

Nos últimos tempos percebemos que a nova planta no Centro virou tema de debate. Para que lado o senhor vai, para o projeto original ou esse novo traçado?

Esse novo projeto criado pelo prefeito tem um grande problema. Ele criou um grande problema. Ele nos deixou sem ponte nenhuma. Ele inventou isso na campanha, vendeu como uma grande mentira, um projeto que não tem nem razão. Que não tem pé nem cabeça. Que enfrenta, por exemplo, questões paisagistas e históricas, que dependem de outros instrumentos, como do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico, porque havia uma interferência no patrimônio histórico da cidade, um traçado completamente equivocado. A sociedade não quer esse traçado. E ele, com essa decisão, deixa sem ponte nenhuma, e mais, nós estamos pagando R$ 29 mil só de juro, da garantia do empréstimo. Nós tínhamos o empréstimo do BID, cerca de R$ 112 milhões, que incluía a ponte da Rua Chile com a Freygang, os terminais do Água Verde e do Itoupava Central, a Humberto de Campos e os corredores de ônibus. Esse dinheiro foi aprovado pelo BID já no governo do João Paulo Kleinübing. O BID licenciou, autorizou, o dinheiro está autorizado e não foi usado por causa dessa bobagem desse traçado. Então, como prefeito, aborto o traçado da Avenida Brasil e volto com o traçado da ponte que foi planejada com o prefeito João Paulo Kleinübing.

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Em quanto tempo o senhor acha que dá para começar essa obra?

Não sei, nesse momento eu não tenho condições de dizer. O fato é que lá não tem ponte nenhuma e lá o projeto já está aprovado. Foi feito um concurso nacional que determinou a escolha da ponte, o formato. O projeto está aprovado e pronto.

O senhor se apresenta como um candidato que faz oposição ao atual prefeito, mas foi líder do governo dele durante um bom tempo. O senhor se arrepende disso?

Fui líder do governo quando ele ganhou as eleições com 72% de voto, inclusive os meus. Eu olhei aquele menino e eu achei que aquele cara pudesse ser um ícone da política catarinense em pouco tempo, mas em seis, sete meses, ele me pediu ajuda, havia um debate muito grande, nós tínhamos três vereadores cassados, havia um problema muito grande, um debate na Câmara de Vereadores, cinco pessoas haviam sido afastadas de seu mandato, o PSD estava fragilizado, era a oposição do PSD e o PT era oposição. Então o prefeito me convidou para coordenar esse processo, por que eu era neutro, tinha condições de fazer esse debate. Ajudar ele. Como eu achava que ele realmente pudesse ser um ícone da política catarinense no futuro, eu aceitei ajudar ele e a cidade, e realmente fiz isso. Não perdemos veto, não perdemos votação, fiz uma coisa que a mim me custou muito caro, que foi fazer o enfrentamento com os servidores públicos, por que eu fui advogado do sindicato, eu tinha um vínculo muito grande com o servidor público e tive que fazer enfrentamentos com emendas. Isso me custou muito caro. Mas no sexto, sétimo mês já vi que ele não tinha condições. Ele é uma pessoa que não tem condições para gerenciar essa cidade, ele não tem personalidade e pulso suficientes. Eu participei de diversas reuniões com ele e ele é um cara que não tem posição para nada, ele é um ótimo apresentador de televisão, isso ele pode ser, um ótimo garoto propaganda, mas ele não preenche os mínimos requisitos para administrar uma cidade como a nossa.

Se arrepende em ter sido o líder de governo?

Não, eu não me arrependo. Por que foi uma grande experiência e eu acho que o homem público tem que passar por todas essas experiências. Ser líder do governo significa que você está junto à administração pública, com as secretarias. Você conhece projetos por dentro, você aprende os tramites legislativos, pega o macete que precisa ter, o traquejo para lidar com a Câmara de Vereadores. Então eu não me arrependo em ter sido o líder de governo, eu me arrependo de ter votado no Napoleão Bernardes, isso eu me arrependo.

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E o senhor acha que o prefeito Napoleão se arrepende de ter escolhido o senhor como líder de governo?

Nós não perdemos nenhuma votação, não tivemos nenhuma derrota na Câmara. Todos os desafios que o prefeito determinou nós vencemos. Eu soube conduzir com muita personalidade, enfrentei a oposição naquele tempo, vencendo todos. Acredito que não. Mas também isso não me importa.

Essa é a terceira vez que o senhor disputa a prefeitura. Qual a diferença do Ivan Naatz de hoje para aquele que disputou outras vezes?

Além da experiência de ser líder de governo.Eu disputei duas eleições de prefeito municipal com o objetivo de divulgar o Partido Verde. Essa era a nossa meta. Nós tínhamos uma missão que era divulgar o Partido Verde nacionalmente e naquela condição eu fui candidato a prefeito. De lá para cá eu fui fazer pós graduação, fui fazer um mestrado em Desenvolvimento Regional, fui estudar os números da prefeitura, ser vereador, ser líder de governo, ser deputado estadual, ser empreendedor, empresário. Então eu me sinto hoje plenamente capacitado para o exercício do mandato. Cometi muitos equívocos no decorrer desse tempo, por que a política vai te moldando, mas eu tenho um mote de campanha que é “você me conhece, o eleitor me conhece e eu sou assim mesmo”. Eu vou unir secretarias, vou desativar algumas fundações, acabar com o pagamento de aluguéis, acabar definitivamente com grande parte dos cargos comissionados, principalmente diretorias e gerentes, fazer uma campanha independente com meus próprios recursos, com um único partido para poder vencer e ter liberdade para poder implementar aquilo que eu quero.

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Esse grupo de esquerda vem fragmentado em três candidaturas. O que impediu uma união desse grupo, com uma candidatura única?

O PDT é um partido de esquerda, nós defendemos a economia nacional, defendemos a valorização do mercado nacional, do nosso patrimônio, Petrobras, das nossas estatais, defendemos uma fonte de desenvolvimento do país como um todo. Essas bandeiras sempre estiveram atreladas também a proposta do PT, principalmente, que foi o grande gestor desse processo. Nós acreditamos neles e estivemos com eles durante muitas e muitas eleições. Aqui em Blumenau, por exemplo, nas últimas quatro eleições, o PT esteve junto com o PDT, mas chegou a hora de romper com isso, com esse processo. Eles deixaram muito a desejar, eles desviaram daquilo que a gente acreditava que deveria ser. Esse desvio mostrou-se um pouquinho mais para a direita, por exemplo, no campo da parceria público privada, da diminuição do tamanho do Estado. Políticas que divergem da deles. Isso acabou desfragmentando. Acho que nós estamos hoje muito mais próximos dos Democratas, por exemplo, do que do PT, do PCdoB.

O senhor fala isso local…

Regional e estadual também, por que faz parte da executiva estadual e percebo isso com o partido. Ele está mais próximo da linha dos Democratas do que da pouca intervenção do Estado.

O senhor fala em privatizar o Quero-Quero e a rodoviária. É isso?

A rodoviária a gente pretende vender e com os recursos atrair para um construção público privada e construir algo na BR-470. Aquela ali não tem mais condições, o valor econômico dela é extraordinário, talvez para um centro comercial, alguma coisa nesse sentido e, com esse recurso, vamos atrair uma parceria público privada e fazer uma nova rodoviária. Isso aí é indispensável. Tem que fazer. O aeroporto é indispensável para o desenvolvimento da região, não se tem dúvida disso, né? Porém o empresário não admite fechar o aeroporto, mas também não quer pagar…

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Que modelo que o senhor imagina? Em Lages conseguiram reabrir o aeroporto da cidade com ajuda de empresários…

Não, não… A prefeitura tem que se livrar daquilo, tem que abrir um edital e pedir quem quer administrar o aeroporto. Aqui nós temos 18 aeronaves e 7 proprietários. E eu estou falando dos fixos. Mas claro, tem uma variável, tem a questão das enchentes… Ele é importantíssimo até porque nós somos um centro de referência em transplante. Tem tudo isso ai. O aeroporto é extraordinário, só que na cola da população, entendeu? Na cola do Estado. Chamar os empresários e ceder gratuitamente…

O senhor acredita que recebendo voos comerciais…

Acho muito difícil, ainda mais se tivermos a duplicação da BR-470.

Navegantes resolve…

Não tem, acho que a gente tem que fortalecer o desenvolvimento tecnológico do aeroporto de Navegantes. Que tem os voos sempre ali independente do tempo, das questões climáticas. As pessoas precisam se deslocar, mas o aeroporto atende a todas as nossas necessidade. O importante é fundamentar isso.

O senhor fala em terceirizar a Oktoberfest, como seria isso?

É uma discussão que, confesso, precisaria ser debatida com a sociedade, mas pensa, o cara faz uma festa de igreja na sexta, sábado e domingo e da R$ 280 mil de lucro. Agora, a gente faz uma festa de 23 dias e comemoramos agora R$ 30 mil de lucro. A Oktober é fundamental para o desenvolvimentos da cidade, é a mestre do turismo, movimenta a cidade como um todo, mas as experiências que a gente tem de outros locais, que terceirizaram as suas festas, vieram duas grandes vantagens. A primeira é que o governo antecipou a receita, recebeu dinheiro sem fazer nada, não precisou ficar mantendo gente, estrutura administrativa para fazer a festa. Sem contar que mal começa uma e já tem que planejar a outra. Então esse grupo de pessoas que trabalha nisso poderia ser desativado e a Oktober começa a dar despesas no dia que acaba. No dia que acaba ela já começa a dar despesa. Promover, divulgar, apresentar a festa. Esses dias eu fui numa festa, jantar, comer e beber livre e já era para a Oktober. Camarotes da prefeitura, pulseirinha de ouro, por que só a elite consegue aquela pulseirinha para subir no camarote, diz que não pode entrar com celular, não pode fotografar. Então ela começa dando despesa. Pomerode terceirizou a festa Pomerana, Florianópolis terceirizou a Festa das Ostras, Joinville está para terceirizar a Festa das Flores, então…

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Hoje a gente tem uma candidatura do governo Napoleão, tem a do Jean, tem o campo das esquerdas. Quem é o senhor?

Jean é Napoleão.

Como assim?

Jean e Napoleão são a mesma pessoa. Porque eles governam juntos a cidade desde 2005, os secretários do Napoleão são os secretários do João Paulo. O líder do governo na Câmara do governo Napoleão é da chapa do Jean. O advogado e os procuradores gerais da Câmara, indicado pelo presidente da Câmara, que é o candidato a vice na chapa do Napoleão, indiciou para seu advogado para ser o advogado do Jean. O secretários são os mesmos. Eles são o mesmo. São irmãos gêmeos univitelinos, eles fazem parte do bloco de sustentação do governo Napoleão na Câmara, tem cargos, diretorias, secretarias. Eles não largaram. Eles continuam ai. Tu vai na prefeitura tu encontra 30 carros adesivados: 15 do Napoleão e 15 do Jean. Eles fazem um jogo de ganha-ganha.

A verdadeira oposição é o senhor?

Nós somos a verdadeira oposição nessa eleição, aos dois e ao processo. Por isso que eu digo é hora de virar a página, eles são iguais, são os mesmos. Não tem diferencia nenhuma entre eles e quem ganhar ali pouco importa vai seguir tudo a mesma coisa.

E o senhor eleito prefeito, com quem vai governar?

O senhor não vai ter maioria na Câmara… O Napoleão quando ganhou a eleição só tinha dois vereadores, o que é maioria na câmara? Erundina ganhou uma eleição em São Paulo, 60 vereadores e 54 contra ela. Foi a melhor governadora de São Paulo. Eu sei lidar com a Câmara. Eu sei o que o vereador gosta. Vereador gosta de carinho, de atenção. Vereador não gosta de partido, vereador gosta que o prefeito vá na casa dele.

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Então o senhor vai dar carinho aos vereadores?

Exatamente. Vou governar junto com eles independente de bandeiras, siglas partidárias, eu estarei junto com eles na comunidade. Como eu gostaria que o prefeito tivesse feito comigo nesse mandato, vivendo a cidade de verdade, não a cidade lá no terceiro andar. A cidade de verdade, com grandes desafios. Nós temos 60 mil pessoas vivendo em favelas nessa cidade, 60 mil. É a cidade mais favelada do Estado.

O senhor fala que metade das residências não são regularizadas. Como resolver essa situação?

Uma grande política de Estado. E política de Estado significa o seguinte: a união do Judiciário, Executivo e Legislativo juntos. Isso é política de estado. Sem esses três requisitos, não é possível fazer a reurbanização da cidade. A cidade pode ser regularizada, aliás. Tanto que hoje nós cobramos R$ 6 mil e fizemos a regularização de qualquer lugar. Se tu tiver uma casa em uma terreno e tu me pagar R$ 6 mil, em 36 meses te dou a escritura do teu imóvel. Então existem mecanismos judiciais e extrajudiciais que já são implementados pelos advogados que regularizam a cidade, só que eles sobram. Tem como fazer. O governo fez por oito anos. O governo do João Paulo criou uma secretaria de regularização fundiária. A única coisa que esse governo fez foi regularizar o Horto Florestal.

No seu plano de governo, o que é praticamente uma denúncia, diz que a Secretaria de Assistência Social é escritório de um candidato a vereador. Isso me remete de certa forma a Tapete Negro que marcou, praticamente, o fim da gestão Kleinübing. Como evitar que o uso politico das estruturas da prefeitura se repita?

A assistência social do município elegeu o vereador Mário Hildebrandt, vice do Napoleão, desde a eleição passada, tinha a vereadora Maria Emília do PT. Agora o seu secretario é candidato a vereador, como é candidato a vereador o presidente da fundação cultural, da fundação de esportes. São todos candidatos a vereador. O presidente da intendência do Garcia é candidato a vereador, o presidente da intendência da Vila Itoupava é candidato a vereador. Então, o que se faze hoje é se utilizar das estruturas governamentais para fazer campanha política. O filho do presidente do Samae é candidato a vereador.

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Os seus secretários não vão ser candidatos a vereador daqui a quatro anos?

Eu acredito que não. Se a gente governar com pessoas e essas pessoas estejam destreladas a partidos políticos, com esse vínculo político, acredito que não. Acho que é difícil impedir isso, mas hoje é tudo emparelhado para ser candidato a vereador. E quero te falar da Tapete Negro, essa operação é, escancaradamente, a maior comprovação de desvio de recursos da história de Blumenau. Cerca de R$ 28 milhões foram desviados pela operação. Só para resumir, a URB é o grande, e continua sendo, a grande fonte de recursos irregulares do município. E o que a URB fazia? A URB como empresa municipal não participava das licitações da prefeitura, então a prefeitura contratava a URB sem licitação por R$ 1 milhão, a URB contratava uma empreiteira por R$ 900 mil, só que a obra orçada era de R$ 400 mil. Isso era a Operação Tapete Negro. E depois ela (a URB) se aperfeiçoou no meio do caminho, as obras que era contratadas era obras mais fáceis, mas haviam as mais difíceis, que foram abortadas para a construção das mais fáceis, afim de ter mais volume de obras, para garantir mais.

O senhor fala em extinguir…

Nós vamos fechar a UBR que hoje é outro cabide. Teve cinco presidentes nesse governo. A URB hoje tem cerca de 600 funcionários, que devem ser transferidos para a unificação da Secretaria de Obras e Ciência Social para trazer os funcionários para o serviço público e desativar a URB.

Confesso que me chamou atenção, no seu plano, o que é esse perdão da dívida dos devedores que devem menos de R$ 3 mil.

Esse negócio da URB é fundamental para mim. Foi um problema no governo do João Paulo, foi no do Napoleão e vai ser um problema no meu governo. Então não tem controle de brita, de tubo, de mão de obra, são 700 funcionários que são contratados elitistas que não sabe quem indica, se é cabo eleitoral se não é. Isso não…

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É uma gambiarra, né?

Isso, bem essa palavra. Isso afasta sabe o que? A eficiência, que está garantida na Constituição Federal. Não se pode ter um serviço público sem eficiência e eu não vou dar conta, do jeito que ela é constituída.

É melhor não ter empresa…

É melhor investir em educação do que ter uma empresa dessa. Me perguntou sobre a…

O perdão da dívida de quem deve menos de R$ 3 mil.

Vou te explicar. Hoje nós temos algo em torno de 9 mil execuções fiscais no município. Eu não tenho ainda esses dados exatos, mas eu já estou fazendo esse levantamento. Sei que a informação que nós temos é de que dois terços dessas execuções que nós temos são créditos pobres, ou seja, não vamos receber. Só que perseguir aquilo da o mesmo trabalho que perseguir um grande devedor, então, enquanto os procuradores do município estão perseguindo créditos pobre, colocando pobres trabalhadores assalariados no SPC/Serasa, protestando os caras, entrando na casa deles para penhorar televisão e geladeira, enquanto eles estão perdendo tempo com isso ali, os grandes devedores do município estão nadando naquela montoeira de 9 mil processos. Então a ideia é fazer o que já faz a União. A união não executa dividas inferiores a R$ 9 mil e o Estado também não. Só vai ser perdoado quem já está inserido na dívida ativa e o crédito dele vai ser considerado pobre. Inviabilizar completamente a vida do cara, penhorar, tirar geladeira e televisão, penhorar o carro. Acho que isso aí custa mais caro. Não é nem uma questão de perdão, é de economia. Custa mais caro perseguir isso ai do que perdoar e se concentrar nos grandes devedores.

O senhor falou que, como líder do governo, a sua relação com os servidores viveu momentos de dificuldades. O cenário é de falta de recursos e a pressão por aumento e reajustes, inclusive a pressão para se contratar mais gente, por conta da demanda de creches. Como o senhor vai lidar com isso, com a falta de dinheiro e gerenciamento dos servidores e o aumento dos servidores?

Como eu faço na minha casa. Quando eu não tenho dinheiro para pagar energia elétrica, o que eu faço? Apago a luz, corto o ar condicionado, diminuo as estruturas, desligo o bebedor, diminuo a diarista, raciono a água, paro com os investimentos, diminuo a frota de veículos, vendo um carro. Sabe? Tem que fazer isso ai. Tem que diminuir a estrutura, o tamanho da conta.

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O senhor acha que só com redução de custeio vai resolver?

Não. Não é possível. A redução de custeio é fundamental. A diminuição da folha representaria cerca de 5% ou 10% do volume de recurso para a economia. Para ter uma ideia, o município, em 2016, deve R$ 50 milhões. Até 2022, o governo terá R$ 400 milhões para pagar. O governo não pagou por exemplo o Isblu, que é fatia da previdência social, em 2014 e 2015. O governo renegociou a dívida, algo em torno de R$ 30 milhões, e também renegociou vários financiamentos bancários. Criou o plano de cargos e salários aprovado, mas que só vai valer para o próximo prefeito pagar. O Napoleão, por exemplo, pagou o salário em dia, mas só pagou metade da inflação para o servidor. Agora todos os servidores do entorno pagaram a inflação integral. Pagar a folha em dia já é uma grande obra. O professor de Timbó, Indaial, Gaspar, pagaram em dia e ainda repuseram a inflação e o senhor pagou em dia, mas não repôs a inflação. O servidor não teve nenhuma vantagem no seu governo, o plano de cargos e salários, a folha complementar. Então se Gaspar, Indaial e Timbó podem fazer, a gente também pode. Como vão fazer, não sei, mas a gente também pode. Se eles podem a gente também pode. A questão da guarda municipal…

O senhor tá querendo criar essa estrutura?

Sessenta pessoas, o mesmo modelo de Balneário Camboriú.

É uma guarda armada?

Eu sei que sempre se esbarra na questão dos recursos, mas eu acho assim, se Balneário tem, se Joinville tem, se Florianópolis tem, a gente pode ter também. Eu acredito nisso. Se a gente não tem é por que nós somos incompetentes. Se cabe na folha deles, tem que caber na nossa também. Nós somos municípios economicamente equilibrados, temos economicamente o mesmo número de servidores.

Que papel que o senhor que dar para a guarda municipal?

Vai ser igualmente como uma guarda de Florianópolis e de Balneário Camboriú, ostensiva e armada. A ideia é migrar os funcionários que já estão na Guarda de Trânsito para essa guarda, aos poucos. Por exemplo, em lotes de 20, depois mais 20, até que se complete 60. Isso vai diminuir o custo, por que esses caras já estão na folha e só vai permitir a estrutura. Depois se for preciso fazer o concurso, se faz o concurso para completar o que não se tem na Guarda Municipal.

Não ficam duas guardas?

Não, com o tempo a ideia é, como no projeto, abrir na Guarda de Trânsito um braço para a Guarda Municipal e com o decorrer do tempo extinguir a Guarda de Trânsito, sendo uma única guarda. Não é uma nova guarda.

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Uma coisa que marca muito Blumenau são as enchentes, como a de 2008. O que o senhor teve dentro do atual governo, e agora observa de fora, Blumenau estava preparado para um evento daquele porte?

Não. Não é o município que estava. As nossas condições geográficas não permitem nenhuma medida isolada de contenção de cheias. Acho que hoje a gente tem um pouco de monitoramento, já conhecemos as áreas de risco, já há muitos estudos que foram apresentados, foram instalados diversos equipamentos de monitoramento. É possível prever com mais segurança, radar meteorológico de Lontras, que nos deixa em uma situação um pouco mais tranquila. A Defesa Civil recebeu recursos significativos e se preparou. A incidência constante de ocorrências nos deixaram mais treinados, mais preparados, mas dizer que nós conseguimos impedir uma grande cheia, uma grande tragédia, é outra coisa. O que eu acho que a gente podia fazer é transformar essa desgraça geológica em uma fonte de renda, por que aqui tem de tudo. Aqui tem tromba d’água, enchente, tem de tudo. Temos que fazer um dos braços desse da tecnologia estudar esses fenômenos climáticos. Quando eu fiz o mestrado de Desenvolvimento Regional se discutiu muito isso. A vocação que a cidade tem para desastres naturais pode ser revertido em uma indústria, um centro de pesquisas de prevenção e estudos dessa área. Pode dizer que a cidade esta acostumada, se não tiver desbarrancamento, desmoronamento de área, escorregamento de encosta, a cidade está acostumada. Vem a cheia, enche, baixa, todo mundo lava e pronto.