Elas batalharam para serem tratadas “que nem homem” e agora o que a mulherada curte é um cantinho exclusivo, onde macho não entra nem de fininho – e nem mesmo de filhinho. O assunto em pauta são hotéis exclusivos para hóspedes femininas, e outros que reservam andares inteiros só para quem usa salto, spas que não admitem a entrada de barbado e serviço de táxi para a clientela de batom.

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E, por favor, não imaginem que, no caso de hospedagem, se trata de algum tipo de hostel, ou organização beneficente, onde pode existir, de fato e por motivos práticos, segregação entre os gêneros. Nada disso: quem oferece a regalia são estabelecimentos estrelados, como o 5 estrelas Grange City Hotel (www.grangehotels.com), em Londres, que entre mais de 300 suítes, rotula 68 como female friendly rooms. E mostra que entende a cabeça das ladies ao caprichar na potência do secador de cabelos, na iluminação dos banheiros e, last but not least, na profusão de espelhos – inclusive um daqueles de aumento que amamos e odiamos ao mesmo tempo, imprescindível para nos maquiarmos.

Por aqui, no Sul, o leque de regalias oferecidas pelo Radisson (Tel.:(41) 3351-2222), em Curitiba, vai além: no andar feminino, com 7 apartamentos da categoria premium, até mesmo os tons dos ambientes são descolados, ressaltando a decoração com um mix de cores claras e vivas. Isso sem falar nos roupões cor de rosa e nos chinelinhos lilás, na presença da balança, no kit com produtos de beleza que inclui sabonete esfoliante e no “kit emergência”, que contém, realmente, produtos para salvar uma mulher à beira de um ataque de nervos : acetona, base, meia-calça e… absorvente. Apesar de não ser cortesia, como as outras amenidades, qualquer uma paga rindo por estes itens de primeira linha.

No design hotel Lady’s First & Spa (www.ladysfirst.ch), em Zurique, na Suíça, tudo é helvéticamente discreto, desde a fachada do prédio. O décor é uma mescla entre o austero, o clean, o moderno e o simétrico. Quando abriu as portas, há mais de uma década, o hotel era exclusivamente para senhoras. Com o passar dos anos, cedeu às pressões e hoje mantém apenas o 4 andar com quatro suítes como um Lady’s Floor, que é justo o andar em que fica o wellness center onde, aí sim, só entra luluzinha. Lá dentro, podem perambular pelo hamman, relaxar na sala de repouso e tomar banho de sol no terraço sem se preocupar com a aparência. Quer coisa mais gostosa? E caso alguém queira armazenar algum mancebo para passar a noite, precisa se mudar para um andar misto… Não é bem o caso do pioneiro Artemisia (www.frauenhotel-berlin.de), em Berlim, na Alemanha, que desde a sua inauguração em 1989 como um frauenhotel, nunca abriu exceção para varões. Apenas admitem filhos – mas não adianta tentar contrabandear nenhum rebento púbere, não cola.

– Herren só até 13 anos – concede a gerente Ellen Antonini. – E esta norma vale inclusive para casal gay masculino. O projeto é feminista mesmo! – diz ela, acrescentando que o estabelecimento é gay friendly.

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Segundo Ellen, damas procuram o hotel por se sentirem mais seguras num ambiente exclusivamente feminino, “onde até o staff é composto só de mulheres”. E ainda dá uma dica para quem duvida da vantagem de se aboletar num de seus 19 quartos: as diárias são convidativas e o hotel desemboca na famosa avenida das compras, a Ku’damm. Ou seja, a poucos passos de Gucci, Prada e grifes afins.

Na Arábia Saudita, onde por lei nenhum hotel pode hospedar mulher desacompanhada sem a permissão escrita de algum parente masculino, 20 princesas sauditas tiveram a brilhante ideia de abrir o luxuosíssimo Luthan Hotel & Spa (www.luthanspa.com), em Riad, que só admite quem usa burca. Não entra nem pimpolho de colo. Graças a isso, conseguiram equacionar o problema daquelas que precisam pernoitar na cidade sozinhas. E, assim que pisam neste harém, as mulheres se beneficiam de um alvará de soltura: podem despir a indumentária e perambular por toda parte totalmente à vontade. Mais ainda: o spa oferece um tratamentos de beleza incríveis. A ironia é que, como o hotel fica afastado do centro da cidade e elas são proibidas de dirigir, é sempre um barbudo que as leva até lá.

Até mesmo no mundo dos transportes públicos alguém inventou um serviço de táxi que atende apenas lassies: é a frota inglesa Pink Ladies Táxis (www.pinkladiesmembers.co.uk), criada por Kerry Latora, ex-integrante da banda Atomic Kitten. Para se livrar da lei que proíbe a discriminação, a empresa está sob a efígie de um clube, e o meio de locomoção faz parte dos serviços oferecidos aos membros – exclusivamente femininos.

A frota é da Renault Kangoos e todos os carros são… cor-de-rosa, que é para facilitar a identificação na hora da cliente embarcar. Atrás do volante, adivinhem, só damas, obviously. Que além da carteira de habilitação ostentam curso de auto-defesa e ficam na espreita até a cliente entrar em casa com total segurança.

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