A fumaça que sai do fogão a lenha de seu Elias Machado, no Centro de Urupema, já traz um retrato de como deve ser o inverno na serra catarinense. Do lado de fora, ele corta a lenha que deve manter a casa aquecida nos próximos dias, que prometem ser de frio intenso em todo o Estado, inclusive com a possibilidade de neve. O fenômeno tem atraído a atenção de turistas de diversas regiões.
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Entre eles está Cristiane Aparecida Pereira, de 56 anos, moradora de Balneário Camboriú, no Litoral Norte do Estado. Ela e o marido chegaram em um motorhome na cidade nesta segunda-feira (16) na expectativa de ver cair alguns flocos de neve.
— Assim que surgiu a expectativa de neve, combinamos com alguns amigos e chegamos aqui por volta do meio-dia desta segunda para garantir um lugarzinho. E estamos na torcida para ver se a neve chega mesmo — conta.
Além dela, o casal Humberto José Rezini e Solange Rezini, de Brusque, no Vale do Itajaí, também vieram para região afim de aproveitar os dias de frio.
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— Ano passado nós viemos e pegamos também [a neve]. Essa região é muito bonita para passear e conhecer. Então viemos aqui com a expectativa de pegar um pouco de neve — explica.
Urupema é um dos municípios onde há probabilidade de neve nos próximos dias. Segundo o meteorologista da Epagri/Ciram Marcelo Martins, a previsão é de que a neve atinja a região entre terça (17) e quarta-feira (18).
De acordo com o secretário de turismo do município, Antenor Arruda Neto, cerca de 80% dos hotéis já estão ocupados. Porém, a expectativa é de que mais turistas cheguem na cidade nas próximas horas.
— Neste ano nós tivemos uma massa polar precoce, que veio em maio. E isso aquece a economia. A expectativa sempre para o inverno é muito boa — diz.
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E isso já reflete no comércio local. Nas lojas de roupas, por exemplo, as vitrines estão lotadas de toucas, agasalhos e luvas — tudo para atender os “esquecidinhos”, que buscam por um acessório para enfrentar o frio.
— Nós já tivemos, no ano passado, turistas que vieram, numa onda como essa que tava prometendo, de calção porque na cidade deles não usam [roupas de inverno]. Então, a expectativa é boa — diz a empresária Marília Sutil de Oliveira.
“Se não tiver fogão, o pessoal passa trabalho”
Mas não é só os turistas que estão preparados para o frio. Os moradores também têm buscado durante todo o dia maneiras de se aquecer durantes os dias gelados.
Na casa de seu Elias Machado, desde as 14h o fogão a lenha já esquentava o local.
— Se não tiver fogão a lenha, o pessoal aqui passa trabalho. É muito frio — conta.
Ele relata que, apesar do “inverno” repentino, o frio já não é algo que o impressiona. Morando há mais de 70 anos na cidade, diz que já viveu diversas nevascas, inclusive quando não havia água encanada e a família tinha que improvisar para se esquentar.
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— Nós nos acostumamos. Faz uns três anos que deu -8°C e tinha um senhor, um turista, que disse que queria sentir o frio de Urupema. Deu meia-noite ele andava pela praça, sem camisa. Mas acho que o “coro” dele ficou enrugado, porque nunca mais quis tirar a camisa — relembra aos risos.
Já a moradora Marília Sutil diz que é possível sim se surpreender com o frio da Serra, mesmo para quem nasceu na cidade.
— Cada frio é diferente. Nós já nos maravilhamos se não vem a neve, mas tem o sincelo, que é um fenômeno raro. Então, sentir na pele o frio e ver as imagens, é maravilhoso. Sempre dá aquele frio na barriga: estou em Urupema mesmo, não é Europa, é Brasil — diz.
Demais cidades também se preparam
Além de Urupema, as demais cidades da serra catarinense também se preparam para a chegada do frio intenso e dos turistas nas próximas horas. Em Urubici, por exemplo, 80% dos hotéis e pousadas já estão ocupados.
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Já em São Joaquim, a Casa do Turista foi equipada para receber os visitantes com espaços com lareira e bebidas quentes. Além disso, cerca de 90% dos hotéis e pousadas estão lotados.
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