O Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) era uma das unidades de saúde mais distantes do Centro da cidade. Por isso, era também o último destino de muitos em busca de informações sobre desaparecidos. Familiares e amigos chegavam ao hospital em busca de notícias sobre as vítimas, mas, em muitos casos, o desespero aumentava após não encontrarem os nomes na lista dos cerca de 30 internados.

Continua depois da publicidade

Uma família chegou ao Pronto-Socorro (PS) do Husm por volta das 11h em busca de Kellen Aline Favarin, 24 anos. Pais, avós e amigos da jovem que estava na boate Kiss na madrugada deste domingo chegaram ao saguão do PS e viram o nome de Kelen na lista. A família respirou aliviada.

– Nasci de novo. Meus netos são tudo para mim – disse o avô Enio Favarin, 70, em meio a lágrimas.

Porém, minutos depois, a aflição voltou, após a mãe, Sandra Karsten Favarin, 40, percorrer os corredores do hospital e não encontrar a filha no local. Em busca de Kellen, a avó, Nubia Karsten, esteve pela manhã de domingo no Husm e pediu que anotassem o nome da desaparecida.

– Eu fui duas vezes (no Husm), e nas duas eu dei o nome dela, e ali acredito que tenham se atrapalhado – diz Nubia.

Continua depois da publicidade

Um casal, que chegou ao Husm depois de passar por todas as unidades de saúde de Santa Maria, entrou em desespero ao notar a ausência do filho na lista de internados. Amigos e colegas também procuravam por nomes, mas esbarravam em boatos, criados na ânsia de buscar ajuda.

Até as 16h deste domingo, cerca de 35 pessoas já tinham dado entrada no Husm e aproximadamente 15 pessoas seguiam internadas em estado grave.

A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

Continua depois da publicidade

A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.

Veja onde aconteceu

Imagem: Arte ZH

A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio

A festa

Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

Acompanhe as últimas informações

Continua depois da publicidade