Entre as 70 mil pessoas que aguardam, atualmente, por consultas com especialistas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em Blumenau, está o filho de Marlene Habitzreuter. O jovem Willian da Silva Antonio, de 19 anos, tem Transtorno do Espectro Autista e precisa de medicação específica para controlar os surtos causados pelo distúrbio. A previsão, no entanto, é que isso aconteça só daqui mil dias. Ou seja, a família terá de esperar quase três anos para ter acesso ao remédio, de forma gratuita.
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O dilema de Marlene é apenas um entre tantos outros. Na cidade, moradores de diferentes regiões também aguardam por atendimento na saúde pública. O problema chegou até a NSC e se tornou um dos eixos do SC Ainda Melhor, projeto que tem como objetivo estimular o público a decidir os assuntos que devem ser prioridade nos municípios. A ferramenta serve de guia neste período de eleições.
Com mais de 380 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE em 2024, Blumenau não possui uma unidade de pronto atendimento que funcione 24 horas por dia. Os hospitais e postos de saúde não dão conta da fila de espera, onde há cerca de 74 mil pedidos por consultas com especialistas, segundo a Secretaria de Saúde da cidade.
No caso de Marilene, além do filho que necessita de atendimento, o marido também aguarda há um ano e meio por uma consulta com um ortopedista para tratar de um problema no pé.
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— Ele tem muita dor. Então toma muito remédio porque não tem o que fazer, tem que trabalhar. A gente tem que pagar aluguel, comer e sobreviver. Então é difícil, né? — diz a blumenauense.
Na mesma fila de espera ainda há moradores de outros municípios que também recorrem aos serviços de saúde em Blumenau. Entidades ouvidas pela NSC explicaram que é necessário estabelecer prioridades para amenizar o problema. Entre as recomendações, estão a criação de um hospital universitário para os moradores e a ampliação do atendimento na saúde aos finais de semana.
Para Carlos Mosconi, ex-deputado federal e relator do Capítulo de Seguridade Social e Saúde na Assembleia Nacional, o gestor municipal tem o importante papel de ditar ao SUS o que precisa ser feito na cidade, conforme as particularidades da região. De acordo com ele, é necessário, portanto, planejamento para atender as demandas da população.
— Depende do funcionamento da unidade básica de saúde, qual a abrangência de cada uma delas em termos de percentuais de população. Quanto elas abrangem? 40%, 50%, 80% [dos moradores]? Isso é o que precisamos saber. Então cada região tem a sua diversidade. E quem define isso é o gestor municipal porque é ele quem sabe das necessidades da sua população. Saúde é essencial e todos precisam dela em algum momento da vida — finaliza.
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As sugestões do SC Ainda Melhor
Atendimento em postos de saúde em Blumenau
- Tornar a estrutura do Campus 5 da Furb na Fortaleza Alta um Hospital Universitário com atendimento gratuito aos moradores.
- Integrar o atendimento médico nas redes públicas com o uso da tecnologia, facilitando o acesso aos dados do paciente com um prontuário eletrônico.
- Ampliar o atendimento de saúde aos fins de semana e criar alternativas de atendimento 24 horas fora de hospitais.
- Investir na saúde básica, na prevenção, ampliar o serviço de Médico de Família.
- Mapear e implantar plano para reduzir tempo de espera para consultas especializadas.
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