A Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Municipal São José, de Joinville, coordenou nesta sexta-feira a segunda captação completa de múltiplos órgãos realizada em 2015. A primeira ocorreu em fevereiro.

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Foram captados, de uma única doadora, válvulas cardíacas, fígado, pâncreas, dois pulmões, dois rins e duas córneas. Os órgãos, que poderão beneficiar até dez pessoas, eram de uma jovem de 22 anos, vítima de acidente de trânsito, que teve morte encefálica confirmada na noite de quarta-feira.

Membro da CIHDOTT, a enfermeira Maria Caroline Siqueira Rosa conta que o processo teve início na quarta-feira e encerrou apenas nesta sexta-feira, quando os órgãos foram captados.

– Tudo começa com sinais clínicos que indicam a possibilidade do paciente estar em morte encefálica. Neste momento, são realizados vários testes e exames, até a confirmação do óbito – explica.

A equipe da CIHDOTT só inicia a conversa sobre doação com a família depois de confirmado o diagnóstico de morte encefálica, respeitando os aspectos éticos e legais do processo de captação.

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Confirmada a morte encefálica, segundo a enfermeira, a comissão precisa agir rapidamente, porém, é necessário respeitar e dar um tempo para que a família que acabou de perder seu ente possa assimilar a morte.

– Muitas vezes a família precisa de um tempo para compreender a perda de seu familiar. É um processo delicado e doloroso e por isso iniciamos a conversa sobre doação geralmente um dia após a confirmação do diagnostico de morte encefálica, respeitando este momento de dor da família – afirma.

De acordo com Maria Caroline, só depois da autorização da família a equipe pode dar início ao processo de captação.

– De imediato avisamos a CNCDO [Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa Catarina], que fica em Florianópolis, para que eles iniciem a busca pelos receptores compatíveis, que fazem parte de uma lista única do SUS. É o que chamamos de start – explica.

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A partir deste momento, as equipes são notificadas pela CNCDO, que também organiza os horários de início do processo e toda a logística necessária.

– Ao mesmo tempo, no hospital preparamos as documentações necessárias, coletamos exames e comunicamos o centro cirúrgico, que faz todo o preparo das salas cirúrgicas e materiais para a captação dos órgãos – completa.

O processo de captação contou com a equipe da CIHDOTT do Hospital Municipal São José; o cirurgião cardiovascular Claudinei Collatusso, pela Central de Notificação, Captação e Doação de Órgãos (CNCDO) do Paraná; a cirurgiã torácica Fabíola Adélia Perin e o residente em cirurgia torácica Alisson Izidoro Angelo, pela CNCDO do Rio Grande do Sul; o cirurgião geral Mauro Rafael da Igreja, pela CNCDO de Santa Catarina; profissionais da equipe multidisciplinar e de enfermagem do Hospital Municipal São José; e o Grupamento de Radiopatrulhamento Aéreo da Polícia Militar, com o helicóptero Águia auxiliando no transporte dos órgãos.