Em passagem por Joinville nesta quinta-feira, o governador Raimundo Colombo vai autorizar o lançamento da licitação que visa construir 20 novos leitos de unidade de tratamento intensivo (UTI) no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt. A assinatura deve acontecer durante a inauguração de 43 novos leitos de internação na unidade. A construção é uma reivindicação antiga do município, que atualmente conta com 36 leitos de UTI somando os dois principais hospitais públicos da cidade. Segundo a direção do Hospital Municipal São José, até maio a unidade também ganhará 30 novos leitos.

Continua depois da publicidade

A nova ala de UTIs do Hospital Regional será instalada em uma área que hoje ocupa um depósito de materiais antigos. Não será necessário construir um novo prédio, apenas reformar a atual estrutura e instalar os equipamentos. A obra está orçada em um total de R$ 16 milhões. A expectativa da diretora da unidade, Tânia Eberhardt, é de que após conhecer a empresa vencedora do processo licitatório, a obra fique pronta em um ano. Segundo ela, até 2019 os novos leitos devem estar funcionando.

Atualmente, o Regional tem 20 leitos que são ocupados para atender a demanda da própria unidade. Na prática, o hospital também deveria oferecer leitos para a Central de Regulação, que faz o controle de demandas de pacientes da região e os encaminha para unidades que tenham vagas em diferentes cidades. No entanto, o Hans Dieter Schmidt tem uma demanda reprimida de seis pacientes, em média. Eles precisam aguardar por uma vaga na sala de emergência do pronto-socorro ou na ala de internação.

— Com a construção dos 20 leitos, vamos ter mais leitos para nós mesmos e poderemos ceder para a Central de Regulação — garante Tânia.

Hoje, um paciente fica internado de sete a dez dias, em média, no leito de UTI do Hospital Regional. Para a diretora, o maior problema não é a falta de leitos, mas outras demandas que vêm de municípios da região. Ela defende que a unidade tem que atender os casos de alta complexidade encaminhados de outras cidades, mas a pequena complexidade precisa ser atendida nos hospitais dos municípios menores. O diretor do Hospital São José e Secretário da Saúde de Joinville, Jean Rodrigues da Silva, diz que também faltam mudanças de processos para ajudar a resolver o problema dos leitos.

Continua depois da publicidade

— A gente precisa encurtar os prazos e fazer com que os pacientes tenham o diagnóstico e o tratamento com mais agilidade. Não é tirar ele do hospital rápido, mas que ele possa andar mais rápido nos processos dentro do hospital — explica.

Atualmente, o São José conta com 14 leitos de UTI, com os pacientes internados, em média, por 15 dias. Segundo o secretário, em 1º de maio deste ano serão abertos os novos leitos da unidade intensiva do hospital, passando para 30 leitos. A Secretaria da Saúde já está realizando o processo de contratação dos profissionais e as obras estão em fase final. De acordo com Jean, o município trabalha dentro do prazo estabelecido em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público (MP). O documento exigia que o São José abrisse os 30 novos leitos até maio de 2018.

— Hoje é uma situação difícil, mas ainda não vai ter conforto. Precisamos de mais leitos. Essa obra, somada a que virá do Regional, vai trazer uma situação de normalidade — aponta.

Central tem papel de regulação de leitos de UTI

A gerente da Central de Regulação da macrorregião Norte e Nordeste, Eleonora Bahr Pessôa, admite que o número de leitos de UTI ainda é deficitário para atender a toda a região. Segundo ela, nem sempre as pessoas conseguem alguns leitos especializados, de alta complexidade, como os de UTI cardiológica nas suas próprias cidades e precisam ser deslocadas para outros municípios.

Continua depois da publicidade

— A gente ainda não têm o número de leitos que precisa, mas tem o projeto de implantar mais 20 leitos no Regional. Isso traria um alento para essa situação — conta.

O papel da central é regular os leitos dos 26 municípios da macrorregião, analisando se há onde atender as demandas. A prioridade é dar um leito para o paciente em sua cidade, mas se não houver, ele pode ser encaminhado para os hospitais dos municípios vizinhos ou da região. De acordo com Eleonora, é possível atender praticamente toda a demanda, mas a abertura de mais leitos daria mais tranquilidade. Hoje, são 164 leitos de UTI nos hospitais da macrorregião.

A gerente afirma que a crise financeira também ajudou a aumentar a demanda por UTIs, porque mais pessoas deixaram de ter planos de saúde e tiveram a necessidade de buscar o Sistema Único de Saúde (SUS). Para ela, isso se transformou em um desafio diante do teto de orçamentos e recursos limitados dos governos.

Outro desafio apontado por Eleonora é fazer com que a população compreenda a importância da regulação. Há casos em que pacientes ou familiares não gostam de ser transferidos para outras cidades. No entanto, a gerente afirma que o papel da central é organizar esse fluxo para que todas as pessoas tenham acesso.

Continua depois da publicidade

— Nem sempre esse acesso é o que o paciente quer, mas é o que precisa. A regulação traz benefícios para todas as partes envolvidas, tanto às unidades de saúde quanto à população.