A mãe Aline Henrique Cardoso, 35, saiu com o transporte do município de Araranguá, no Sul do Estado, às 3h da madrugada, para trazer a filha Hemilyn, 8, a uma consulta pediátrica no ambulatório do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Elas chegaram à Capital às 6h30min, mas o horário com o médico, marcado há cerca de dois meses, só seria às 13h40min.
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Por sorte, nesse período, mãe e filha foram até à casa de uma familiar para descansar e fazer um lanche. Mas nem sempre é assim.
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– Na maioria das vezes, temos de ficar aqui sentadas esperando. E é comum atrasar ou ter de fazer algum exame de última hora. É cansativo. Não ganhamos nenhum auxílio do município para comer – explica, enquanto ajeita o travesseiro apoiado abaixo da mochila cheia de lanches da garotinha.
Aline também sente falta de um espaço de acolhimento na sala de espera. Para conhecer essa e outras reivindicações do universo de pais, mães, avós ou familiares que vêm diariamente de todas as cidades do Estado trazer os pequenos para uma consulta médica, o Hospital Infantil realizou um questionário com 505 acompanhantes de pacientes dos ambulatórios.
A geneticista responsável pela pesquisa e coordenadora do Serviço de Atenção Humanizada do Hospital, Gisele Rozane de Luca, diz que os itens que mais chamam a atenção são aqueles relacionados aos banheiros e espaços para os acompanhantes pernoitarem.
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Cerca de 41% dos entrevistados responderam que, quando chegam à instituição, necessitam de locais para higiene pessoal e da criança, seguidos de outros 25% que disseram precisar repousar e 34% que sentem falta de um espaço para realizar refeições – em razão de a maioria dos acompanhantes (98%) não receberem assistência do município para garantir alimentação.
– Nós como médicos já percebíamos pais e mães cansados. O que eles precisam é de bons sanitários, tomar banho e repousar. Muitos vêm de longe e precisam aguardar o horário da consulta – explica.
Como melhorar?
A mãe da bebê Alice Vitória, 3, diz que não tem o que reclamar do atendimento oferecido pelo Hospital Infantil. Júlia Barbosa de Paula, 20, conta que sempre encontra um espaço para comer e descansar.
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– Saímos de Lages quando ainda estava escuro. Chegamos às 7h da manhã e logo fomos atendidos pelo oftalmologista. Agora, estamos esperando o transporte de volta, que deve sair daqui a pouco – conta a mãe da menina, que terá de usar óculos.
Com dados consolidados em mãos, a equipe do hospital irá trabalhar para oferecer um atendimento melhor e, principalmente, humanizado a quem espera pelas crianças.
– É contraproducente para a pessoa. A criança recebe atendimento, porém os pais não. Eles sofrem de angústia. Então iremos montar um projeto, junto com equipe de psicologia, serviço social e enfermagem, de um espaço de harmonização, que conte com duchas, banheiros, brinquedoteca, biblioteca e refeitório – garante Gisele.
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Aproximadamente 35% dos entrevistados consideraram a estrutura da sala de espera do Hospital Infantil Joana de Gusmão regular e 20% a julgaram ruim. Quem quiser doar livros, revistas e gibis para o hospital, pode entregar no setor de Pedagogia ou na própria Ouvidoria.