Com a filha nos braços, Daiane de Lima deixou a portaria do Hospital Pequeno Anjo, em Itajaí, na manhã de quarta-feira, sem conseguir atendimento. A menina de um ano estava com febre alta e convulsão. Mesmo assim, os profissionais disseram que não poderiam atender a menina. Daiane e o marido, o operador de empilhadeira Alex Rodrigo de Lima, estão preocupados. O pronto-socorro da unidade, especializada em atendimento infantil, fechou as portas e não se sabe ainda quando vai reabrir.

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Assim como a família de Alex, pais de outras 3,1 mil crianças que eram atendidas mensalmente na unidade também deve sentir o mesmo. A decisão foi anunciada na terça-feira. Por meio de nota oficial, a Fundação Univali, que mantém o hospital, disse que “tal medida tem caráter temporário e se justifica diante da dificuldade de manutenção de equipe médica pediátrica para atendimento de pronto-socorro”. Traduzindo, o problema desta vez não é dinheiro, é falta de médicos especialistas.

– É ruim isso, né. Então que fechem de uma vez, porque se é para ter um hospital e não poder atender, então não adianta – reclama Lima.

O operador conta que a família deixou o hospital e procurou o postinho, onde a menina foi medicada e melhorou. Só que, segundo Lima, ela tem o mesmo problema do irmão mais velho, hoje com seis anos – quando a febre é muito alta, a criança tem convulsão. E o medicamento aplicado na veia, procedimento que só o Pequeno Anjo poderia fazer, segundo Alex, faz com que ela melhore mais rápido.

– A gente já conhece os sintomas. Meu filho sofreu com o mesmo problema até os três anos. Era chegar aos 38,5ºC que vinha a convulsão. Como a gente sabe disso, procuramos o hospital direto – conta.

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Prefeitura pretende questionar a instituição

Dalva Rhenius, vice-prefeita de Itajaí e que responde interinamente pela Secretaria da Saúde, disse que recebeu ontem o ofício da Univali e afirmou que o município vai cobrar informações da instituição.

– A situação é muito grave. Já temos o PA do São Vicente que atende de 4 a 5 mil crianças por mês e agora vai aumentar consideravelmente – comenta.

A reportagem tentou procurar um representantes da Univali, mas a assessoria de imprensa informou que o posicionamento oficial está na nota publicada na terça-feira e ninguém mais vai falar sobre o assunto. No local, algumas pessoas comentaram que os pediatras estariam pedindo aumento e reclamando de carga horária excessiva, mas a informação não foi confirmada.

A nota emitida pela Univali diz que, desde o dia 1º, “só fará atendimento para emergências de pronto-socorro para pacientes provenientes de encaminhamento médico para internação, do Samu, do Corpo de Bombeiros, Auto Pista Litoral Sul e demais serviços de urgência e emergência”.

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A discussão sobre a manutenção do Pequeno Anjo começou em abril, quando houve a primeira ameaça de fechamento do PS, caso não aumentasse o repasse de recursos dos municípios. Hoje, apenas Itajaí e Navegantes repassam um valor para a unidade. As outras cidades da região ainda não definiram se vão ajudar o hospital.