Até novembro de 2012, cerca de 80 tijuquenses nasciam no Hospital São José e Maternidade Chiquinha Galloti. Em dezembro, não havia mais médicos para realizar os partos. Era apenas um sinal do que pode acontecer dia 5 de maio: o fechamento completo da septuagenária instituição. Para tentar impedir essa situação, os vereadores realizaram uma audiência pública nesta segunda-feira.
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Hoje, o hospital funciona em regime de filantropia e é gerido pela Sociedade da Divina Providência. As freiras que administram a instituição dizem que, todo mês, há um prejuízo de R$ 86 mil, sem contar a falta de médicos. Na prática, gastam-se R$ 111 mil e recebem-se cerca de R$ 25 mil do SUS.
A diretora-presidente da Sociedade, Irmã Enedina Sacheti, diz que o grande problema está na tabela SUS, que não é reajustada há 18 anos. A cada consulta, o governo repassa R$ 10 para o hospital, mas os médicos só trabalham se receberem R$ 40. Essa diferença, quem paga é a Divina Providência.
– Esperamos que o governo assuma a causa, pois a saúde é direito de todos e dever do Estado. Queremos que eles cumpram a constituição – ressalta Irmã Enedina.
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A intenção da audiência pública é criar uma comissão entre os três entes federativos (União, Estado e Município) para custear o hospital. Até a situação se definir, os bebês tijuquenses estão nascendo em Florianópolis. O presidente da Câmara de Vereadores, Luiz Rogério da Silva (PMDB), ressalta que a Capital já está com seus serviços de saúde superlotados e o fechamento de mais um hospital só pioraria o problema.
Soluções alternativas envolvem investimentos
Antigamente, as grávidas das cidades do Vale do Tijucas iam para a Maternidade Chiquinha Galloti terem seus bebês. Agora São João Batista, Canelinha e Nova Trento têm este tipo de serviço.
– Se fosse um hospital centralizado, resolveria o problema de toda a região. Agora todo hospital precisa pagar um médico e falta médico para todo mundo – ressalta Irmã Enedina Sacheti, da Divina Providência.
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Na classificação do SUS, esse é um procedimento de ‘média complexidade’, que está com a tabela defasada. O problema, garante, não está apenas em Tijucas, mas em todos os pequenos hospitais do Estado.
A freira explica que existe a possibilidade de se excluir totalmente o atendimento pelo SUS, mas não é desejo da entidade.
– O problema é a falta de médicos, e a causa é o baixo valor pago pelo SUS – sintetiza Enedina, alertando para o provável fechamento de outros pequenos hospitais.
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Hoje, o hospital não faz procedimentos de ‘alta complexidade’, que pagam valores mais altos e poderiam tirá-lo da atual situação. Um estudo feito pela comissão de saúde da Assembleia Legislativa propôs essa mudança, mas não levou a ideia adiante.
A intenção era especializar a instituição em traumas, para atender acidentados da BR-101 e da SC-410, desafogando os hospitais da Capital.
Prejuízo poderia ser maior
A emergência do hospital também não consegue o número suficiente de médicos porque não tem como pagar sobreaviso. Somente este custo geraria uma despesa adicional de R$ 129 mil à instituição.
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-Nunca conseguimos atingir as metas contratuais porque os médicos não trabalham o suficiente – explica Enedina.
Raio-x do hospital
-Receita: R$ 25 mil
-Despesa: R$ 111 mil
-Atendimentos pelo SUS: 2900 pacientes em emergência – 141 pacientes internados -Partos: média de 80*
*Antes da falta de médicos, em dezembro de 2012