O Festival de Dança não está só nos palcos do Centreventos ou nos palcos abertos espalhados pela cidade. Todos os anos, os hospitais de Joinville também recebem dançarinos de todo o Brasil. Durante a manhã desta terça-feira (23), bailarinos de diferentes categorias da dança se apresentaram pelos corredores do Hospital Infantil Doutor Jeser Amarante Faria. Dentre as apresentações, estavam as categorias jazz, balé, sapateado e tango.

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Para a mãe do pequeno Vitor Pedrotti dos Santos, Ana Cíntia Pedrotti, a arte é benéfica já que tira o foco da dor do paciente e também dos pais das crianças internadas. Vitor tem dois anos, fez uma cirurgia de apendicite na última sexta-feira (19) e, mesmo sentido dor, ele não tirava os olhos dos bailarinos. A todo o momento, Vitor apontava e dizia:

– Olha, mamãe. Uma princesa.

– A gente percebe como as mães também ficam mais calmas quando assistem, porque aqui no hospital nos deparamos com situações muito tristes. Então a dança traz esse alívio – comenta Ana Cíntia.

Crianças internadas no Hospital Infantil puderam assistir às apresentações
Crianças internadas no Hospital Infantil puderam assistir às apresentações (Foto: Salmo Duarte, A Notícia )

Segundo a terapeuta ocupacional, Larissa Mariana Barbosa Santz, a dança no hospital ajuda os pacientes em relação aos efeitos adversos da internação, além de propor um momento de alegria a eles.

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– Quando a criança está internada, ela associa isso a coisas ruins, como à agulha, à dor. Isso tudo traz medo e ansiedade. Mas a gente consegue perceber como eles se esquecem de tudo isso quando assistem às apresentações; como a expressão deles muda completamente – ressalta.

E não são apenas os pacientes quem saem mais aliviados das apresentações. Levar a arte a esses espaços é transformador também aos que dançam.

– É uma sensação surreal que não vemos todos os dias, principalmente no interior, de onde venho. É maravilhoso trazer a arte e alegria aos pacientes – diz o bailarino Giovanni Ferro de Almeida, que veio de Porto Feliz (SP) e apresentou uma coreografia de jazz.

Dança pode ser tratamento

Renato Azevedo e Luiz Henrique Kamau durante a apresentação no Hospital Infantil
Renato Azevedo e Luiz Henrique Kamau durante a apresentação no Hospital Infantil (Foto: Salmo Duarte, A Notícia )

Um dos grupos que também dançou nos corredores do hospital e que emocionou a quem assistia foi o Portadores de Alegria, de Macaé (RJ). Um dos integrantes, o bailarino Renato Azevedo, é cadeirante e encantou a plateia com as coreografias.

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– Quando apresentamos uma dança séria, como é o tango, temos que manter a expressão também séria. Além de toda a concentração e do espaço pequeno que temos para nos movimentar aqui no hospital. Mas toda essa seriedade muda completamente quando vemos a expressão das crianças nos assistindo. É gratificante – completa.

Renato contou que o problema ocorreu de forma silenciosa e repentina. Um dia, aos 17 anos, ele acordou pela manhã sem sentir o movimento das pernas. Ele foi diagnosticado com mielite transversa. Até então, Renato não imaginava que se dedicaria à dança em algum momento da vida. Foi no projeto desenvolvido pelo grupo Portadores de Alegria que ele começou a ter contato com a arte. Hoje, Renato está ao outro lado, levando o que aprendeu a todos os públicos.

– Eu vejo a dança como tratamento. Além do incentivo para quem nos assiste, como os pacientes, a dança também nos incentiva a continuar, a viver melhor – finaliza.

Cronograma

Cinco hospitais de Joinville recebem a presença de bailarinos durante todo o Festival de Dança. Nesta semana, os hospitais que ainda devem ser palco da dança são o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, no dia 24; e o Hospital Municipal São José, no dia 25. Também foram visitados a Maternidade Darci Vargas e o Hospital Geral de Joinville.

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Confira a cobertura completa do Festival de Dança de Joinville.