O Hospital Oase de Timbó e o Hospital Beatriz Ramos de Indaial trabalham com a quantidade de medicamentos no limite, com remédios para no máximo três dias. Não há falta total imediata, mas basta qualquer problema com a logística do fornecimento para esgotar o estoque.
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Conforme o diretor do Oase, Richard Choseki, este é o momento mais crítico em relação ao abastecimento de insumos desde o início da pandemia. A administradora do Hospital Beatriz Ramos, Adriane Ferrari, também confirma o pior cenário, consequência da alta demanda causada pela lotação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
A unidade de Timbó está há cerca de um mês com o estoque de remédios para dois ou três dias. A falta nas indústrias reflete diretamente nos fornecedores, que acabam diminuindo a quantidade do que é enviado. Na cidade vizinha, complementa Adriane, o aumento na procura fez os valores dispararem, o que impõe um desafio extra às direções.
Alguns kits de intubação são enviados esporadicamente pelo governo do Estado, mas o temor não passa. Um dos poucos itens que não preocupam, ou seja, que a distribuição tem sido regular, é o oxigênio. Para driblar as faltas pontuais de determinados remédios, as equipes médicas precisam diariamente fazer escolhas e alterações nos tratamentos.
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— Temos que estar sempre nos adaptando a manter a sedação e o tônus muscular sob controle com as medicações que há no momento. Isso não implica na terapêutica do paciente, mas na habilidade do médico de estar sempre mudando — explica Richard.
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Na lista de medicamentos importantes que estão chegando a conta-gotas estão os bloqueadores neuromusculares e anestésicos. Tanto Richard quanto Adriane confirmam que a dificuldade em conseguir os medicamentos do “kit intubação” é o principal motivo para a não ampliação de leitos, seguido pela falta de profissionais capacitados para atuarem em UTIs.
— Se tivéssemos medicamentos e profissionais poderíamos abrir mais 15 leitos UTI — revela o diretor.
Hospitais de Blumenau
Nesta semana a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou um levantamento com 88 afiliados e constatou que a maioria absoluta deles está com grave escassez de insumos essenciais para o atendimento aos pacientes com Covid-19, como oxigênio, anestésicos e medicamentos para intubação. Uma das unidades que respondeu o questionário foi o Hospital Santa Catarina (HSC), de Blumenau.
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A assessoria de imprensa do HSC esclareceu que estava com o estoque restrito de neurobloqueadores, um grupo de medicamentos que compõem o kit de intubação, na semana passada. Com a previsão de que o medicamento acabaria em cinco dias, o hospital conseguiu, através de um processo de importação e com o auxílio da própria Anahp, restabelecer o abastecimento.
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A situação agora é considerada sob controle. “O HSC possui um plano de contingência desde o ano passado e segue monitorando o consumo e acompanhando o mercado para garantir o abastecimento dos insumos”, diz a nota.
A reportagem questionou a realidade dos outros dois hospitais da cidade que possuem UTIs, o Hospital Santa Isabel e o Santo Antônio. O primeiro não quis revelar o atual cenário. O segundo disse apenas não haver “falta de materiais para abastecimento”.
Coronavírus no Vale
O Médio e Alto Vale do Itajaí estão com todos os leitos de UTI SUS ocupados, conforme dados do governo do Estado desta quinta-feira (8). A região soma 1.362 mortes e 120,2 mil casos confirmados da doença desde o início da pandemia.
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