Na mesma linha de ajudar mães a conciliar carreira e filhos, Marina Brik cita ainda a adoção do horário flexível por parte de empresas, onde a mulher administra a agenda para trabalhar de maneira mais conveniente e sustentável.

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É com a flexibilidade no horário que Josiane Nunes, 28 anos, concilia as tarefas com os cuidados de Clara de 5 meses. A chegada da primeira filha fez mudar algumas certezas que trazia. Antes, ela tinha claro que ao fim da licença à maternidade voltaria ao trabalho.

– Mas quando a gente é mãe tudo muda! – afirma.

Durante os quatro meses de licença Josiane percebeu que seria difícil deixar Clara ainda tão pequenininha na escola. Mais do que isso. Não encontrou vagas em nenhum colégio da região. Mantendo sempre o contato com a empresa de eventos em Florianópolis sinalizou que a volta não aconteceria. Foi quando recebeu uma proposta. E se cumprisse meio período até o início do ano que vem?

Recém de volta ao trabalho, é assim que a rotina da auxiliar administrativa tem-se desenhado. As manhãs são em casa com Clara. Notebook ligado sobre mesa da sala para de vez em quando olhar o email. Às 13h chega ao escritório e fica até as 18h. Por enquanto, a menina vai junto. Isso também foi consentido. Josiane leva Clara e a babá no meio período em que estiver no trabalho. É uma situação provisória, até a cuidadora estar treinada e adaptada ao bebê.

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Com a flexibilidade na agenda, a auxiliar administrativa vai se preparando para 2014. Ela acredita que a separação será mais fácil, porque a filha estará com 10 meses. A transição da amamentação para a mamadeira já está sendo feita e mãe terá mais tempo de conseguir uma vaga na escolinha que deseja.

Na avaliação de Josiane, a rotina funciona bem e não afeta seu trabalho. Quando está na empresa, todas as atenções estão voltadas para o que precisa fazer:

– Eles foram tão legais comigo que quero dar esse retorno!

Apesar de ser outra tendência, a flexibilidade no horário também está longe de ser realidade para a maioria das mães. Uma pesquisa citada no livro Trabalho Portátil mostrou que de 120 empresas pesquisadas 33% oferecem horário flexível após a licença-maternidade.

A rigidez na rotina para mulheres com filhos foi tema de um artigo que gerou repercussão nas mídias sociais recentemente, principalmente entre as feministas. Assinado pela blogueira norte-americana Erin Gloria Ryan, do blog Jezebel.com, o assunto respingou também no Brasil. No artigo intitulado “Largar seu emprego para ser mãe em tempo integral é provavelmente uma má ideia”, em tradução livre, a autora comenta uma reportagem do jornal The New York Times, que revisitou três mães 10 anos depois de terem filhos. Mulheres de sucesso no trabalho mostraram-se arrependidas da decisão de largar a carreira em 2003, quando o país teve um boom de profissionais femininas deixando o trabalho. Hoje, elas se questionam aonde teriam chegado se tivessem feito diferente.

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Em tom irônico, o texto desagradou muitas mães que decidiram cuidar dos filhos em tempo integral, mas trouxe ao final uma reflexão: deixar o emprego muitas vezes não é uma escolha. Nas palavras de Erin, “a tragédia real das mulheres que optaram por deixar seus empregos não é ter feito a escolha errada; a tragédia é terem sido forçadas a escolher”.