Você conhece o ditado “a prática leva à perfeição”? Estudantes às vésperas de prestar o vestibular costumam levar a orientação à risca, resolvendo uma infinidade de questões de apostilas ou escrevendo redações sobre temas que podem vir a ser abordados. Alguns, entretanto, se adiantam ainda mais e queimam a largada: são os treineiros, que fazem a prova junto com todos os outros candidatos, mas não estão realmente disputando vagas.

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O treineiro é aquele estudante que acha uma boa ideia fazer a prova apenas pela experiência. Para ele, pontuar mal não é sinal de fracasso, mas de uma necessidade urgente de melhorar ainda mais até a próxima prova. Também não faz diferença ficar na média de nota dos aprovados, o importante é que o treino valha a pena.

É o caso de Yasmin Marcondes, 17 anos, estudante do terceiro ano do Colégio Tendência. Ela quer cursar Medicina Veterinária e pretende fazer a prova da Udesc no fim do ano. Yasmin, entretanto, já está inscrita na prova de inverno da universidade, marcada para junho. Este será o primeiro vestibular que ela irá fazer na vida.

– Quando chegar a prova do fim do ano, bem mais importante pra mim, já vou saber como o esquema funciona. Não vou ficar totalmente calma, é claro, mas pelo menos um pouquinho mais calma – brinca a estudante.

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O nervosismo, como Yasmin relata, é um dos principais desafios que um vestibulando precisa superar. Professor de Geografia e atualidades no Sistema de Ensino Energia, Marcos Monteiro concorda com a estudante. Ele explica que a pressão social e familiar costuma bater mais forte nos jovens. Sob tensão, os vestibulandos precisam pesar inúmeros fatores e acabam tendo dificuldades com o mais importante: fazer uma boa prova.

Para Monteiro, o vestibular é como qualquer concurso público: um processo baseado na tentativa e erro. Por isso, vários professores de pré-vestibulares costumam estimular os alunos a testarem os conhecimentos já durante o ensino médio.

– Cada profissional tem uma opinião sobre o assunto. Alguns acham que o aluno tem que fazer várias provas desde bem jovem, enquanto outros sugerem que isso seja feito mais perto do fim do ensino médio. Mas é quase consensual que, no terceirão, o estudante precisa ter passado pela experiência para não ter uma surpresa desagradável.

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Vestibular de inverno: oportunidade de experimentar

A vestibulanda Anelise da Cunha Duarte, 16 anos, pretende concorrer para Nutrição na UFSC e Artes Visuais na Udesc. Ela estuda no Colégio Ceb, em Florianópolis, e fez a prova da estadual no fim do ano passado, mas nunca a da federal. Para Anelise, prestar um vestibular como treino não adianta nada se o candidato não compreende as diferenças entre cada um dos exames.

– As duas provas cobram coisas bem diferentes, mas eu dou uma reforçada em casa. Acho o vestibular da Udesc mais difícil, mas muitos conteúdos acabam batendo – explica a candidata.

O caso da vestibulanda Anelise não é raro. Dos 34 mil candidatos do último vestibular da UFSC, em dezembro de 2013, mais de 1,1 mil (3,3%) fizeram a prova apenas por experiência. A instituição só faz um vestibular por ano e, por isso, a porcentagem não costuma mudar muito: no ano anterior, ficou em 3,6% e, no outro, em 3,8%.

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Em instituições que fazem provas no meio do ano, entretanto, o número de treineiros entre candidatos “de verdade” acaba sendo maior. A Udesc não disponibiliza ao público esta proporção, mas a coordenadora do Vestibular, Rosângela de Souza Machado, garante que o número de estudantes fazendo a prova por experiência é mais alto no inverno.

– A prova de inverno ajuda muito quem não passou no vestibular de verão. É uma possibilidade de treino para os mais novos, mas também uma chance extra para algumas pessoas que, às vezes, ficam bem perto de conseguir a vaga e não chegam lá – esclarece Rosângela.

E aí, ficou convencido? Confira abaixo algumas dicas para tirar o máximo do treino e aproveitar cada etapa de sua preparação:

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#Fica a dica:

:: Não entre em desespero

Quando você faz um vestibular por experiência, é possível que o resultado não seja tão bom quanto você gostaria. A explicação é simples: esta é apenas a metade do caminho, e não a etapa final do processo de aprendizado. É importante entender o treino pelo que ele realmente é ao invés de desanimar com uma pontuação baixa. Dê o melhor de si, mas não presuma que este é o máximo de sua capacidade.

:: Teste os conselhos e sugestões

Professores de pré-vestibulares costumam ser cheios de dicas e sugestões. Será que todas elas servem para você? O vestibular por experiência é a chance para descobrir qual o melhor caminho para se chegar lá sem muito sofrimento. Se um professor recomenda escrever a redação antes de fazer as questões de Matemática, por exemplo, faça o teste: talvez sua cabeça funcione de maneira diferente que a das outras pessoas. Mas não seja prepotente, as orientações dos profissionais são baseadas em muita experiência e costumam render resultados positivos. É importante saber equilibrar os dois fatores.

:: Conheça suas limitações

Fome, sede, sono, cansaço, nervosismo. Você tem ideia de quanto tempo consegue ficar sem comer durante uma prova? E sem ir ao banheiro? É para esse tipo de experiência que serve o treino. Será que se empanturrar antes de sair de casa é tão problemático quanto os professores falam? E virar a noite estudando na semana do vestibular? Este é o momento de prestar atenção em como o psicológico reage às adversidades.

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– É uma questão de saber como fica o emocional sob tanta pressão – explica a psicóloga e orientadora educacional Tahiana Brittes.

:: Descubra no que você vai mal

Mais do que torcer pelos acertos, aguarde o gabarito da prova e saia em busca dos erros. Descubra onde você foi mal e, assim que possível, entenda o problema. Durante os próximos meses, você terá bastante tempo para reavaliar seus métodos de estudo e focar nos pontos críticos.

– Um resultado ruim serve, às vezes, para ajudar o aluno a cair na real e sair da ilusão de que está tudo bem explica a psicóloga do COC Florianópolis, Alessandra Espíndola da Silva.

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:: Aprenda a controlar o tempo

Muitos vestibulandos perdem a noção do tempo durante a prova e acabam deixando itens importantes de lado. Por isso, preste muita atenção ao relógio: a redação e as disciplinas que exigem muita mão de obra, como as exatas, podem se tornar uma armadilha para os mais vestibulandos incautos.

– Faça a prova como se fosse a “de verdade”. O treino funciona muito bem para entender a diferença entre um vestibular e uma prova normal, na escola – explica Alessandra da Silva, do COC.