O terceiro pênalti perdido na semana passada por Rogério Ceni em pleno Morumbi, trouxe à tona alguns dilemas vividos por executivos e empresários nos últimos tempos: existe a hora certa para pendurar as chuteiras? Vale a pena esticar a carreira a qualquer custo?

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A maior expectativa, aliada à melhoria na qualidade de vida, fez com que senhores e senhoras na faixa dos 60 ou mais ainda sintam-se totalmente aptos e capazes para fixar objetivos, liderar equipes, cumprir metas, conquistar novos mercados, viajar e enfrentar longas e extenuantes jornadas de trabalho.

O segundo grupo, composto pelos empresários, em geral tem maior autonomia. À frente de seus negócios, tornam-se uma espécie de lenda viva na organização, mesmo que já tenham passado o bastão para a próxima geração. Já os executivos têm contra si os estatutos e regulamentos das empresas, os quais fixam a idade máxima para se aposentar.

Para quem conviveu anos ou décadas com secretárias, motoristas, combustível pago, planos de saúde de primeira linha e um cartão de visitas que abria portas e convites, tornar-se um simples mortal do dia para a noite pode ser um forte baque caso não esteja preparado.

Comparo a carreira de um executivo ao ciclo de vida de um produto, composto por quatro fases: introdução, crescimento, maturidade e declínio, o qual tem se tornado cada vez mais curto, face às inovações, tecnologias, globalização, competitividade e consumismo.

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Acredito que não haja uma hora mais correta ou adequada para se pensar no assunto, porém deixá-la para a fase do declínio pode não ser uma boa estratégia, haja vista que alguns projetos consomem anos para tornarem-se realidade ou prover um retorno financeiro satisfatório.

Talvez uma boa estratégia seja aproveitar os últimos anos em que esteja na ativa, seja ou não por vontade própria, para começar a colocar seu plano B em prática.

O ex-goleiro artilheiro tem ensinado que às vezes é melhor sair de cena quando ainda se é querido e valorizado, com o risco de queimarmos a imagem construída a duras penas durante décadas. Infelizmente para Rogério Ceni, a letra da música de Ney Matogrosso: “se correr o bicho pega se ficar o bicho come”, nunca esteve tão viva.