Os habitantes de Hong Kong votaram neste domingo nas eleições distritais, as primeiras desde os protestos pró-democráticas do ano passado.

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O resultado indicará de se o movimento de protesto de 2014 poderá transformar-se em movimento político.

Hong Kong, uma ex-colônia britânica, é um território semiautônomo desde que foi devolvido à China em 1997, mas seus habitantes temem a influência crescente do governo de Pequim.

Durante dois meses no final de 2014, milhares de pessoas saíram às ruas para pedir o sufrágio universal na eleição prevista em 2017 do próximo líder do território.

Os protestos eclodiram pela decisão de Pequim de que os candidatos a essas eleições foram escolhidos previamente por um comitê oficial.

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Alguns eleitores asseguram que os protestos democráticos do ano passado os incentivaram a votar.

“Votar é único pequeno poder que temos”, opina Kris Fong, una administradora de 28 anos que votou no distrito de Yuen Long.

Esta jovem explica que escolheu um candidato pró-democracia porque tem a impressão de que a cidade foi “manipulada” por Pequim.

“Após a revolução dos guarda-chuvas eu acho que, embora nosso voto seja insignificante, é a única maneira legítima que temos de dizer às pessoas do norte o que estamos pensando”, afirma, em referência às autoridades de Pequim.

O líder estudantil Joshua Wong, de 19 anos, que foi o rosto dos protestos de 2014, pôde votar pela primeira vez. “Me sinto entusiasmado”, escreveu no Twitter.

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Os cidadãos de Hong Kong foram convocados a escolher entre 431 candidatos para 18 conselhos de distrito, todos eles nas mãos de partidos do governo.

Há um pouco mais de 3,1 milhões de eleitores registrados en Hong Kong, e a participação chegava a 30% durante a tarde (horário local).

Nas eleições de 2011, a participação final foi de 41%.

Os locais de votação fecharam às 22H30 (14H30 GMT, 12H30 horário de Brasília) e os resultados serão conhecidos na manhã de segunda-feira.

– ‘Soldados dos guarda-chuvas’ –

Apesar dos grandes protestos do ano passado, em que os manifestantes usaram guarda-chuvas para proteger-se dos gases lacrimogêneos da polícia, os ativistas pró-democracia não conseguiram as reformas políticas que pedidas e desde então o movimento se dividiu.

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“Os jovens democratas (que a imprensa local chama de “soldados dos guarda-chuvas”) põem sua fortaleza à prova”, opina Sonny Lo, um professor de Ciências Sociais do Hong Kong Institute of Education.

“Todos querem saber se os ativistas dos guarda-chuvas conseguirão ganhar algumas poucas cadeiras… seu resultado indicará uma verdadeira mudança geracional”, considera.

Os candidatos do governo se apresentam como garantia de estabilidade em relação aos ativistas pró-democráticos, acusados de terem tumultuado a vida dessa ex-colônia britânica.

Os que protestaram no ano passado tentam superar o desalento que os invadiu após o fracasso de seu movimento na hora de conseguir reformas.

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Vários analistas acreditam que é improvável que os pró-democracia consigam um grande aumento de seu número de assentos, em relação a uma oposição pró-governamental que é bem financiada e melhor organizada do que eles.

Para os jovens ativistas, o fato de se apresentarem à eleição já é um primeiro passo importante, mesmo que percam.

* AFP