O ex-funcionário de um estaleiro localizado no Bairro Estreito, região continental de Florianópolis, manteve o filho do diretor da empresa refém por três horas na manhã desta segunda-feira (5). Depois de negociações com a Polícia Militar (PM), que se iniciaram perto das 9h, ele decidiu se entregar e foi preso em flagrante. O homem estava armado, segundo a PM. Portava uma pistola calibre 380 com dois carregadores.

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André Nicácio trabalhou no local como marinheiro. André Vieira, 31 anos, técnico de segurança do trabalho do estaleiro, conta que era por volta das 8h quando Nicácio abordou a vítima e pediu que todos os funcionários saíssem.

— Todo mundo achou que era uma brincadeira, nem se deram conta do que estava acontecendo, pois ele estava muito sossegado.

Segundo Vieira, o ex-funcionário trabalhou durante 10 anos na empresa e sempre foi um bom colega e ótimo marinheiro.

— A gente conversava com ele e dava muita risada. Sempre foi um cara muito tranquilo, não dava para imaginar isso. Para nós foi um baque.

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Após a demissão, há dois anos, segundo os funcionários, Nicácio teria começado a postar nas redes sociais comentários ofensivos e em tom de ameaça. Em um processo na Justiça, teria sido obrigado, em dezembro do ano passado, a apagar postagens com ofensa contra o proprietário do estaleiro. Nicácio também entrou com uma ação contra a empresa na Justiça do Trabalho.

Em nota, a empresa diz que “André Nicácio foi colaborador por quase 10 anos, e por longo período demonstrou muita competência e conquistou a confiança da direção. Com o passar do tempo, entretanto, começou a apresentar problemas de comportamento, expressando sintomas de desequilíbrio emocional. Foi amparado pela empresa, que cobriu despesas com medicamentos e procurou orientá-lo a buscar ajuda médica”.

O jovem feito refém não se feriu. Liberado do cárcere privado, familiares se abraçaram e comemoraram o desfecho positivo do lado de fora do prédio.

O comandante-geral da PM, coronel Araújo Gomes, acompanhou as negociações no local com apoio do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e outras equipes. Nicácio foi preso em flagrante e levado para a delegacia, onde também foi levado a vítima para prestar depoimento.

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— Não há feridos, tampouco o tomador de refém, como o próprio refém — informou Gomes logo após o término do cárcere.

Segundo ele, foi fundamental o vínculo de confiança firmado entre o negociador do Bope e Nicácio. Somente assim a equipe conseguiu convencê-lo a se entregar.

— A partir de agora será feita uma retrospectiva para formalização dos atos na delegacia. Vai ser apurado o motivo, se foi por inconformismo trabalhista, se ele (Nicácio) tem problemas de saúde ou alguma motivação que não ficou clara.

Segundo a delegada Caroline Pedreira, da 5ª delegacia da Capital, Nicácio foi autuado por sequestro, posse ilegal de arma de fogo e exercício arbitrário das próprias razões. Nicácio será apresentado na audiência de custódia na terça-feira pela manhã.

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Ainda de acordo com a Polícia Civil, Nicácio não deu declarações durante o depoimento na delegacia. No entanto, pela manhã, enquanto negociava com a Polícia Militar, ele teria falado sobre seus direitos trabalhistas e pediu que a polícia chamasse a esposa e o filho. A reportagem não conseguiu localizar o advogado de defesa de Nicácio nesta segunda-feira.

O DC acompanhou a ocorrência desde a primeira hora, mas em respeito ao nosso Guia de Ética e Autorregulamentação Jornalística não divulgou o fato para evitar que a situação da vítima pudesse se agravar.

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