A estudante Sandi Lopes, de 14 anos, viajou quase 700 quilômetros para passar o fim de semana com o pai, o chapeiro Lorisnei dos Santos, em Balneário Barra do Sul, no Litoral Norte de Santa Catarina. O reencontro, esperado desde quando ela tinha só dois anos, movimentou a família inteira e foi marcado pelo Facebook.
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A felicidade de estar ao lado do pai durou poucas horas. Ela, a mãe e um tio chegaram na sexta à noite e, no sábado à tarde, Lorisnei desapareceu na correnteza da Boca da Barra depois de ajudar a salvar a própria filha, que estava se afogando.
Sandi brincava com a água na altura do joelho, em uma prainha formada nas águas do canal do Linguado. Não há ondas e a correnteza só é percebida se os banhistas entrarem mais de cinco metros para dentro da lagoa.
Ela então se viu sendo puxada pela água e caiu perto de um molhe de pedras. Imediatamente, um casal que estava na praia e o próprio Lorisnei correram para salvá-la. Ele conseguiu puxar a menina pelo braço e o casal a levou para a areia.
– Eu vi que ele estava sendo puxado e chamei os salva-vidas, mas ele sumiu na correnteza – disse a mãe de Sandi, Sandra Lopes Souza, de 31 anos.
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Neste domingo à tarde, 24 horas depois do acidente, a família não saía de perto do molhe que servia de base para a operação de buscas que reuniu bombeiros de Balneário Barra do Sul e de Araquari.
A mãe dele, Ellen dos Santos, levou até uma muda de roupas para perto do mar na esperança de encontrá-lo com vida. Ela andava de um lado para o outro, inconsolável.
– Só quero meu filho. Não saio daqui sem ele – repetia, sozinha.
Amparada pela mãe, Sandi quase não conseguia falar. Chorava só de olhar para as pedras onde o pai desapareceu.
– Ele foi um herói para a minha filha. Poderia ter sido ela – disse Sandra.
Os pais de Sandi se separaram quando ela tinha dois anos. Ela foi morar com a mãe em Taboão da Serra. O pai ficou com a mãe, em Barra do Sul. O reencontro foi marcado há alguma semanas.
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Em Barra Velha, outro afogamento foi registrado. Um homem que se afogou na praia do Grant, em Barra Velha, precisou ser transportado pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar, para o Hospital São José, em Joinville.
Segundo a 2° Companhia de Aviação da Polícia Militar, a vítima foi levada em estado grave para receber atendimento médico, estando inconsciente. Ele ainda continua em estado grave.
Esperanças de encontrar chapeiro com vida
No fim da tarde do domingo, depois de mais de 24 horas procurando pelo chapeiro, os bombeiros resolveram encerrar as buscas. Vários barcos, lanchas e até caiaques particulares continuaram navegando pelas águas do canal do Linguado na tentativa de encontrar o homem com vida.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros de Araquari, Claudio Renato de Lima Penha, o rapaz não sabia nadar e à medida que o tempo passa se torna cada vez mais difícil encontrá-lo com vida.
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-A gente fez um pente-fino aqui para tentar encontrá-lo, mas está difícil-, disse na tarde deste domingo o comandante.
As águas perto da Boca da Barra são consideradas perigosas para nadar. A correnteza costuma mudar com frequência por causa da maré e com grande velocidade e volume de água.
Os bombeiros consideravam a hipótese de encontrar o chapeiro perto das ilhas, ainda no canal do Linguado, perto da praia da Maria Fernanda ou no lado de São Francisco do Sul, onde fica a praia do Ervino. Lorisnei não havia sido encontrado até o fechamento desta edição.