Cada trecho da estrada aumentava a ansiedade de Luiz Henrique Hoffman. Os pensamentos vagavam na expectativa de encontrar rostos que por 30 anos permaneceram desconhecidos, mas que agora ganharam nomes, personalidades e histórias. Isto porque na quinta-feira (16) ele conheceu a família biológica que descobriu há cerca de quatro meses em um encontro marcado pela felicidade e a emoção.
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A história de Luiz teve início nos anos 1990 em Lages, na Serra catarinense. Solteira e sem o apoio do companheiro, a mãe de Luiz resolveu entregá-lo para um casal de farmacêuticos, que vivia na cidade, quarenta dias após o nascimento do garoto. Na entrega, ela pediu para que a mulher cuidasse da criança e, no futuro, pagasse a faculdade para ele.
— Desde a gravidez o meu pai não queria assumir. Ela, então, ficou 40 dias comigo e me doou para os meus pais [adotivos], que moravam em Lages. Minha mãe me viu só mais uma vez quando eu era criança — explica.
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Luiz, no entanto, não sabia da adoção e cresceu com família na cidade catarinense até 1997, até que os três se mudaram para a Bahia e depois para Tocantins. Neste meio tempo, ele não teve contato nem com os irmãos biológicos ou a mãe.
Da descoberta à procura da família
A descoberta sobre a adoção, no entanto, veio em novembro de 2022 após uma conversa com os pais. Desde então, começou uma busca incessante para encontrar os familiares. Luiz fez um teste genético e, em fevereiro deste ano, enquanto passava o Carnaval em Lages, recebeu o resultado que lhe deu pistas de onde iniciar a procura.
— Com o teste eu passei a adicionar pessoas no Facebook, tentando encontrar a minha mãe. Nisso encontrei uma prima de quarto grau, que mora em Florianópolis, mas é natural de São Joaquim, e tinha um sobrenome em comum — explica.
O farmacêutico conta que, no entanto, a mulher não conhecia a família dele. Por isso, ele teve a ideia de fazer uma publicação em uma rede social contando a sua história, a fim de localizar os parentes.
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— Uma prima da minha mãe viu a história e me contou que ela estava a minha procura. Nisso eu perguntei se ela tinha o número deles, mas ela disse que não. Depois, eu peguei os prints e compartilhei com a mulher que encontrei no teste genético, que contou que tinha um amigo em comum com a minha mãe — explica.
Luiz conta que a prima entrou em contato com esse homem que, coincidentemente, era melhor amigo do seu irmão.
— Isso foi na segunda-feira [13 de março]. Ele passou o número do meu irmão e eu entrei em contato na hora, conversamos e começamos a trocar números, e falei “olha eu to com tempo”. Nisso, eu literalmente peguei o primeiro ônibus e fui até ele — salienta.
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O reencontro com a família
O primeiro abraço com Rodrigo, irmão mais velho dele, ocorreu em 13 de março na Rodoviária de Lages. Mas ainda faltava encontrar o resto da família, o que aconteceu três dias depois, na quinta-feira (16).
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Era por volta de 17h30 quando Luiz chegou em Otacílio Costa, também na Serra catarinense, onde a mãe morava com o restante dos irmãos. O mais novo, inclusive, já o esperava no ponto de ônibus para o reencontro que marcou a vida do farmacêutico.
— É uma casa bem simples. Eu cheguei, conversei com ela, que ficou assustada, mas não chorou — relembra.
Luiz ainda promoveu, por meio de chamada de vídeo, um encontro entre a mãe biológica e a mãe adotiva, que gerou uma conversa emocionante.
— A minha mãe [adotiva] começou a agradecer pela genética, e as duas ficaram conversando. Uma falou sobre o motivo da adoção e a outra disse que tinha uma promessa que ia cuidar bem de mim. Durante a conversa eu cai em lágrimas — complementa.
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A sintonia também passou para os outros irmãos. Segundo Luiz, ao fim da noite, todos já faziam brincadeiras entre si e exalavam uma conexão única.
Agora, a expectativa do farmacêutico é manter contato com a família biológica. Ele explica que espera visitá-los ao menos uma vez a cada três meses. No fim, a história que foi separada por quilômetros durante anos, ganhou um novo significado.
— Eu estou bem porque fui bem acolhido e eles me procuravam também. Todos estavam me buscando e cada um se expressa de um jeito. É uma conexão muito boa — diz.
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