A Polícia Civil, através do delegado Alan Amorim, indiciou o pedreiro Jean Fabrício Hang por homicídio com dolo eventual pela morte de Murilo Theisen dos Santos, de 7 anos, que morreu afogado após a explosão de um rojão dentro do mar na Praia das Cordas, em Governador Celso Ramos, cidade da Grande Florianópolis, no dia 7 de janeiro deste ano. A criança, que tomava banho de mar com o pai, teve a morte apontada como afogamento dias após o ocorrido.

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No decorrer da investigação, porém, depoimentos de testemunhas e um laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) apontaram que o rojão explodiu próximo ao menino e contribuiu para sua morte por afogamento. O inquérito, concluído nesta quinta-feira, será agora encaminhado ao Ministério Público (MP), que decidirá se denuncia ou não o acusado.

No documento, Amorim não solicita a prisão do acusado. No dia da morte da criança, Hang chegou a ser pela polícia, com ajuda de populares, e confirmou na delegacia que estava soltando rojões na praia, mas garantiu que distante das pessoas e para o alto. O suspeito foi liberado no mesmo dia, um domingo, porque a causa da morte naquele momento indicava afogamento, não causado diretamente pelo disparo do rojão, e a investigação estava em estágio preliminar.

Após quase três meses, a avaliação do delegado Amorim é que a criança só submergiu desacordada – que contribuiu sobremaneira para o afogamento – por causa do foguete que explodiu nas proximidades de onde brincavam pai e filho.

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— O laudo pericial tornou claro que o foguete contribuiu para a morte da criança, e isso deixou claro que foi um homicídio com dolo eventual. Não dá para dissociar a morte por afogamento da explosão do foguete. Por causa dela, a criança de alguma forma perdeu o equilíbrio e submergiu sem pegar o ar, já apagado, e veio a óbito — explica o delegado Amorim, que espera uma manifestação do MP em cerca de cinco dias após a entrega do inquérito, que ocorrerá na próxima segunda-feira, dia 2 de abril.

A reportagem entrou em contato com o pedreiro Jean Fabrício Hang, indiciado pela Polícia Civil, mas ele não quis conversar sobre o assunto. Também não soube dizer o nome completo de seu advogado, para que a reportagem tentasse conversar com a defesa.

Na época, suspeito foi solto por “falta de materialidade”

Na época da morte de Murilo, o delegado Alexandre Carvalho de Oliveira, da Central de Polícia Regional de São José, conduziu Hang à delegacia como suspeito de causar a morte do menino, mas acabou soltando-o porque a criança não possuía lesões no corpo, situação que o delegado classificou como “falta de materialidade”.

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— Segundo o médico legista, o motivo não foi o rojão, não foi um trauma, foi sim afogamento por asfixia. Tinha água nas vias aéreas do menino — informou o investigador à época.

A família de Murilo é natural de Charqueadas (RS) e há seis meses havia se mudado para a Palhoça. Eles estavam aproveitando aquele domingo na Praia das Cordas, em Governador Celso Ramos.