O atendente Thiago Giongo, 23 anos, se apresentou à Polícia Civil na tarde desta sexta-feira e prestou depoimento ao delegado Ênio Mattos dando sua versão dos fatos que resultaram na morte dos delegados federais Adriano Antônio Soares e Elias Escobar, mortos a tiros na madrugada de quarta-feira em uma casa de prostituição no Estreito, região continental de Florianópolis.
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Thiago, que estava desaparecido desde o dia do crime e se apresentou junto com o advogado Marcos Paulo Silva dos Santos, afirma que o primeiro disparo saiu da arma de Elias e garante não ter visto seu patrão, Nilton César de Souza Junior, efetuar nenhum disparo com sua pistola .380. Após o depoimento, Thiago foi liberado. Além dele, Patrick, outro funcionário de Nilton que presenciou o ocorrido, também prestou depoimento na Polícia Civil, sendo liberado em seguida.
Durante duas horas, das 16h às 18h, Thiago contou ao delegado Ênio seus passos na madrugada dos crimes. Diz que naquele dia, Nilton chegou à lanchonete pouco no final da noite “para fechar o caixa”, algo que costumava fazer. Após encerrar o dia de trabalho, Thiago e Patrik se dirigiram à casa de prostituição localizada no endereço 690 da rua Fúlvio Aducci, que fica uma quadra distante do comércio onde ele trabalha. Lá, esperavam por Nilton, que tinha dado carona para outro funcionário da lanchonete. Assim que seu patrão chegou ao número 690, eles entraram nas quitinetes para entregarem lanches.
Cerca de 20 minutos depois, três homens entraram no local: os dois delegados da Polícia Federal e um taxista que os levou à casa de prostituição. Thiago afirma que os policiais chegaram pedindo por três meninas para saírem com elas dali, mas as mulheres recusaram. Relata que ele e Nilton também estavam lanchando com as garotas, e que os delegados apareceram na peça onde eles estavam sem serem chamados, pois no local “normalmente pessoas estranhas não podem entrar”.
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Nesse momento, percebeu que o delegado Elias, 60 anos, estava armado e pedia por bebida alcoólica e cigarro, o que lhe foi negado. Em seguida, a gerente da casa chamou o taxista de 25 anos e pediu que todos deixassem o local. Nilton, então, saiu primeiro no estreito corredor, seguido pelo taxista e o delegado Adriano Antônio, 47 anos. Thiago diz ter ficado para trás e ter sido empurrado pelo delegado Elias para fora. Depois, as mulheres fecharam a porta, deixando os cinco homens no corredor.
Nisso, Thiago garante ter visto Adriano apontando a arma para as costas de Nilton e falado “aqui todo mundo vai morrer”. Logo após, o delegado Elias teria efetuado um disparo ao lado do ouvido de Thiago, que diz ter empurrado o policial ao chão e corrido para próximo de Nilton.
— Ele viu que o Nilton estava tentando chegar no delegado que estava no chão, o Elias, e o Thiago imaginou que Nilton tentava proteger o delegado — narra o advogado Marcos Paulo, que também defende Nilton e Patrick.
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Thiago afirma que o delegado Adriano estava próximo a porta da saída “atirando para dentro do corredor”. Diz não ter visto se Elias efetuou disparos enquanto estava caído, “até porque ele estava embolado com o Nilton”. Thiago fala não ter visto Nilton dar nenhum tiro. Sustenta que foi tudo muito rápido e quando cessaram os tiros não viu mais o delegado Adriano. Na sequencia, Nilton pediu para Thiago pegar sua arma e levá-lo ao hospital.
Ele então narra ter recolhido a arma do policial Adriano, “até por não conhecer a arma de Nilton e serem as duas parecidas”. Depois, Thiago levou seu patrão ao hospital Florianópolis, onde desceu junto com ele na emergência. Quando estava saindo, viu o delegado Adriano chegando ferido trazido por outro taxista. Ao chegar na camioneta Tucson de Nilton, o taxista que levara os policiais à casa de prostituição vinha na direção dele.
Assustado e após ter pedido para o homem parar sob o argumento “foi por sua causa que o meu patrão quase morreu”, efetuou dois tiros para o alto “para assustá-lo”. Em seguida, Thiago deixou o hospital e foi até a casa de Nilton, onde comunicou o acontecido para sua esposa e deixou o veículo com ela. Pegou um Uber e foi embora, depôs, antes de dizer não saber que Nilton andava armado.
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