A Polícia Civil diz ter identificado o homem que instalou um rastreador no carro do vereador de Florianópolis, Vanderlei Farias (PDT), o Lela, na noite de 20 de março. A investigação aponta que o suspeito é um detetive particular profissional. É ele quem aparece nas imagens de uma câmera de monitoramento instalada no prédio em frente ao local onde estava estacionado o carro do vereador. O suposto detetive é tratado como suspeito, no inquérito instaurado por suposto crime de ameaça.

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Agora, a investigação prossegue em busca de novas provas e elementos que ajudem a robustecer o inquérito policial, que tem prazo de 30 dias para ser concluído – podendo ser prorrogado por igual período. Nesse momento, nenhuma hipótese é descartada.

Segundo a delegada Aline Zandonai, da 1ª Delegacia da Capital e responsável pela investigação, o detetive alegou sigilo profissional e não revelou quem o contratou para instalar o equipamento na parte traseira do automóvel do parlamentar.

A delegada Aline conta que o homem prestou depoimento na segunda-feira (25), na presença de um advogado. Ela não quis responder se o homem foi identificado pelos policiais ou apresentou-se espontaneamente na delegacia. Afirmou, contudo, que ainda terá bastante trabalho pela frente.

— A primeira fase da investigação está concluída, com a identificação da pessoa que colocou o rastreador. Mas a versão dele (suspeito) será corroborada com as demais provas que serão acostadas aos autos — destaca.

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A delegada Aline ainda aguarda para juntar nos autos os laudos periciais solicitados ao Instituto Geral de Perícias (IGP), entre eles exames para tentar localizar impressões digitais no veículo do vereador e no rastreador. Ela também solicitou e aguarda imagens de câmeras de monitoramento de outras ruas da região central. Por fim, afirmou que ainda tem vários depoimentos para tomar.

— Se aconteceu (contratação) e quem efetuou, vamos apurar na sequência do inquérito, para chegarmos às demais autorias e real motivação — ressalta a delegada Aline.

"Nenhuma hipótese está descartada", diz a delegada Aline

A delegada Aline garante que nenhuma hipótese está descartada na investigação, até que o suspeito (que se diz detetive) por ventura não atuasse frequentemente como investigador particular. Questionada se há suspeita de que as ameaças ao vereador Lela, e a instalação do rastreador, podem estar relacionadas à atividade parlamentar do pedetista, ela limitou-se a dizer que "estamos apurando todos os fatos".

Já o veículo que aparece nas imagens, usado pelo detetive, é um carro alugado. A delegada não quis falar mais sobre o depoimento do suspeito. Ele foi liberado após ser ouvido, mas pode voltar a ser intimado a a responder interrogatório policial.

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Em depoimento, o homem disse que estava sozinho na noite daquela quarta-feira (20), mas a delegada Aline afirma que tudo que foi dito pelo suspeito "será averiguado" com as demais provas.

— Vamos fazer um compêndio de tudo. Nesse momento, nenhuma hipótese está descartada — resumiu.

IGP já encaminhou os laudos periciais

Os laudos do IGP foram encaminhadas à delegada Aline na noite de terça-feira (26), e após passarem pelo protocolo, vão chegar as mãos dela nesta quarta-feira. No trabalho da perícia no carro de Lela, foi encontrada uma impressão digital, que seria de um assessor dele. Este homem acompanhava o vereador naquela noite, e pode ter tocado no carro antes da chegada dos policiais.

Além do resultado da perícia no carro e no rastreador, a delegada Aline quer saber do IGP qual o tipo de equipamento foi colocado no carro de Lela, de onde o rastreador recebia o sinal e para onde os dados seriam enviados – caso a coleta das informações tivesse sucesso.

A titular da investigação não quis responder se há algum elemento na investigação que ligue o caso – e também as outras ameaças que o vereador Lela vinha sofrendo – a discursos do parlamentar na Tribuna da Câmara sobre situações ocorridas na Capital, entre elas o esquema de radares (investigado pela Polícia Federal) e o caso do fechamento do almoxarifado central de medicamentos da Capital (investigado pelo Ministério Público de SC).

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— Nós instauramos o inquérito por ameaça. Claro que durante a investigação tudo pode mudar. Ter ocorrido outros crimes, ou nenhum — concluiu a delegada.