O surgimento do homem pateta, autor de um perfil nas redes sociais com nome de “Jonathan Galindo”, que estimularia crianças e adolescentes de todo o mundo ao suicídio, tem causado preocupação aos pais, especialmente em um período de isolamento social por causa do novo coronavírus, quando os filhos passam mais tempo conectados à internet e estão mais sucetíveis às ameaças virtuais.

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Em 17 de junho, depois de detectada a criação desses conteúdos para o Brasil, um alerta sobre os perfis com fotos que remetem ao personagem Pateta, da Disney, foi emitido por órgãos de segurança pública de Santa Catarina e repercutiu em território nacional. No Distrito Federal, uma denúncia chegou a ser formalizada recentemente, o que levou a polícia ao paradeiro de um italiano que seria, supostamente, o autor original do perfil. 

Doutor em comunicação e linguagens, Moisés Cardoso relata que quando soube do perfil, realizou uma busca pela internet, onde encontrou conteúdos do homem pateta publicados desde de 2015, porém, o perfil ainda não tinha se tornado um viral no Brasil.

 – Esse caso específico é uma mostragem muito pequena de que realmente isso acontece. Tem coisas muito piores na internet do que o perfil do homem pateta. Se o perigo estava nas ruas, agora se digitalizou e está nos celulares. O alerta é muito maior – salienta.

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O problema é maior e também precisa ser abordado com os filhos, através de diálogos francos e sem rodeios. Mas, para tratar do tema, é fundamental buscar, antes, informações seguras sobre os perfis, segundo orienta a psicóloga Ariane Cunhasque Bertoldi.

– Questionar se já ouviram falar do Homem Pateta, questionar se já se comunicaram com alguém que não conheciam nas redes sociais, pedir, no caos de ter acontecido, que relatem como foi a experiência. Procurar não julgar e não corrigir, em um primeiro momento, deixar que eles contem e se sintam seguros em dividir essas vivências, para que depois, sim, possam mostrar e explicar o que este personagem faz e quais os riscos de manter contato com ele ou com outras pessoas desconhecidas, nos meios virtuais – guia a psicóloga.

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Além desse perfil, o jogo da Baleia Azul e a Boneca Momo já tinham viralizado em 2017 no país, causando a chamada “vulnerabilidade compartilhada”, quando todas pessoas que têm crianças na família se intimidaram com as ameaças. E para que ninguém esteja desprevinido ao sinal de futuras ameaças virtuais, o melhor caminho, ainda de acordo com a psicóloga, é dialogar.

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– Podem me questionar: mas e se meu filho não tem acesso às redes sociais, provavelmente não terá contato com esse personagem. No entanto, poderá ter contato com alguma outra criança que já conhece o personagem. E se já teve o diálogo em casa, poderá ajudar o amigo, a partir da orientação prévia, ou até mesmo, procurar você, mãe ou pai, e dividir contigo o obstáculo quando o encontrar. Isso vai tornando a relação pais e filhos, mais estreita, madura, de confiança e segura – ensina.

Depois da ameaça

Moisés Cardoso orienta às pessoas que sofreram alguma perturbação, que nunca apaguem as mensagens, porque elas servem de prova. Printar o diálogo não é suficiente. Conforme o especialista, a mensagem é um rastro digital, possível de ser localizado pela polícia. 

– Na internet tudo é rastreável, não é uma terra sem lei – garante.

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Dicas de como proteger seus filhos

O especialista em comunicação e linguagens, Moisés Cardoso, defende que contas criadas nas redes sociais como Facebook, Instagram e Tiktok e os acessos ao YouTube podem ser menos danosos do que conteúdos compartilhados através de grupos no WhatsApp, onde está a “verdadeira caixa de pandora”:

– Se o perfil não é meu amigo e me envia uma mensagem no Instagram, vai para a caixa na de spam. Se for no Facebook, cai na caixa de solicitação do Messenger. Já grupos do WhatsApp é o que realmente tem de perigoso, porque são as partes surfáveis da internet, pois não sabemos quais pessoas estão do outro lado e tem criptografia de ponta a ponta.

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No YouTube

– Antes de entregar o telefone aos filhos, os pais devem deslogar do próprio perfil. Por se tatar de um perfil de adulto, anúncios que muitas vezes trazem conteúdos considerados impróprios para crianças poderão aparecer entre um vídeo e outro.

– Selecionem e cadastrem uma conta no Youtube kids, onde é possível controlar o conteúdo e as preferências e remover vídeos ou canais julgados impróprios para os filhos.

– Assistir vídeos com os filhos, também torna os pais mais próximos do meio que eles vivem, podendo auxiliar no processo de limitar ou bloquear.

– Ao criar uma conta para os filhos, buscar as configurações e desabilitar a caixa de diálogo. Assim, é possível restringir comentários com marcações de pedófilos ou cadastrar palavras que não se quer ver nos comentários. Nesse caso, no entanto, se a palavra for escrita com espaços entre as letras, ela aparecerá.

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No TikTok

– Relativamente novo, o TikTok possibilita que os pais gerenciem o tempo de uso do aplicativo, através das configurações. Desse modo, assim que o tempo limitado for atingido, será necessário uma senha para continuar a navegar no aplicativo.

– Lançado no Reino Unido, temporariamente, o modo de segurança familiar deve estar disponível em breve para outros países, inclusive no Brasil. Essa modalidade permitirá que os pais restrinjam quem pode enviar uma mensagem direta ao filho, ou até restringir o tipo de conteúdo que as crianças podem ver ao usar o aplicativo.

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Facebook e Instagram

– Há normativa de idade para ambas as redes. Só poderá se cadastrar o adolescente que tiver 13 anos completos, o que restringe, automaticamente, o uso por crianças. 

– Se os pais permitirem a criação de perfis para menores de 13 anos, devem estar atendos aos amigos adicionados nos perfis, pois, somente eles, poderão iniciar diálogos sem passar pelo filtro de spam da caixa de diálogo.

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– Orientar os filhos a não iniciar diálogo com autores de perfis desconhecidos. 

– Perfis de instagram e facebook são fáceis de mapear, pois deixam rastros. Os próprios aplicativos oferecem relatórios. Se um perfil do Instagram apresentar ameaça, por exemplo, e mais de seis pessoas denunciarem, o perfil sai do ar.

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No WhatsApp

– Idade mínima para uso, por normativa, é de 16 anos no WhatsApp.

– Como os grupos do WhatsApp são fáceis de acessar, através de um link recebido e que pode ter por trás qualquer pessoa, é preciso trabalhar com transparência com os filhos. A dica do especialista é abordar através de perguntas.

Sugestão de perguntas

“O pai tem esse grupo do futebol, esse do trabalho, esse com os amigos. E você, quais têm? Conhece todas as pessoas que participam do seus grupos? Sobre o que eles são?” ou “Olha o meme que a mãe recebeu hoje. Tem algum meme para mostrar para a mãe, que eu ainda não conheço?”

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