Homem de 77 anos que passou mal e foi até a unidade da Praia da Pinheira, que deveria estar aberta, deu de cara com a porta. Ele foi levado de helicóptero ao Hospital Regional.
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A família do aposentado Pedro Luiz Martins, 77 anos, que mora na comunidade de Três Barras, em Palhoça, mal imaginava, no começo do dia, que a segunda-feira que antecedia o feriado do Dia do Trabalhador preparava péssimas surpresas.
Por volta das 15h, ele teve fortes dores no peito e a mulher dele, a dona de casa Carmem Martins, 73, pediu ajuda a um vizinho, que levou o casal até a Unidade de Saúde da Praia da Pinheira. A prefeitura havia divulgado que a unidade estaria aberta durante o dia. Mas, quando Pedro, a mulher e o vizinho chegaram, deram de cara com a porta fechada, até com cadeados.
Permanecia internado
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O estado de saúde de Pedro piorava, quando, após cerca de duas horas, chegou o resgate dos bombeiros, com o helicóptero Arcanjo.
O atendimento da equipe do Corpo de Bombeiros foi decisivo para salvar a vida do aposentado.
Ele chegou a perder os sinais vitais enquanto era encaminhado ao Hospital Regional de São José e teve de ser transferido, ainda, em estado gravíssimo, ao Hospital Universitário, na Capital, onde permanecia, na UTI, até o fechamento desta edição.
– Se meus pais soubessem que o posto estava fechado, teriam ido para outro local – lamentou a filha, Roseli Martins.
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Abaixo-assinado
Uma das moradoras da rua onde fica o posto de saúde, Lenir Ilda da Silva, 51 anos, conta que só ontem mais de 20 carros com pessoas precisando de tratamento pararam em frente ao posto.
– Semana passada já estávamos sem médico aqui. Agora, que contamos com um prédio equipado, não tem profissionais nem medicamentos – desabafou Lenir.
Os moradores organizam um abaixo-assinado em que exigem um atendimento adequado no local. Uma manifestação também está programada para o próximo domingo, no trevo de acesso à praia, na BR-101, no início da tarde. Sheila Simone Raymundo, também moradora da Pinheira, reúne as assinaturas:
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– As pessoas ficam na expectativa de um tratamento digno, a que têm direito, mas não é o que vimos por aqui.
Não foi o único
Enquanto o secretário adjunto tentava esclarecer a falta de profissionais no local, outro homem precisou de atendimento e procurou o posto de saúde da comunidade, mas o encontrou fechado. César da Silva, 37 anos, teve a cabeça atingida por uma barra de ferro enquanto trabalhava em uma construção. O sangue jorrava da cabeça do pedreiro, que teve a sorte de encontrar com um médico na farmácia da comunidade. Mesmo assim, o homem precisou ir até o Hospital Regional de São José para poder fazer o curativo de maneira adequada. Mais uma vez, foi encaminhado até lá pela vizinha.
– Quando cheguei no posto de saúde e vi a porta fechada quase passei mal, não sabia o que poderia acontecer porque tinha muito sangue na minha cabeça.
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Está faltando médico
O responsável pelo posto de saúde da Praia da Pinheira, Ari Carvalho, que foi demitido, diz que a equipe não concordou em trabalhar sem um médico:
– Eu não podia obrigá-los. O desfalque na equipe aconteceu por que um dos três médicos da Pinheira pediu demissão, no dia 27 de março. A comunidade pode acompanhar o quanto me esforcei. Se me demitem por telefone só pode ser para fugir da responsabilidade.
Coordenador demitido
Não só a família não tinha conhecimento sobre a suspensão do atendimento na unidade da Pinheira. O secretário adjunto de Saúde de Palhoça, Gean Karlo Medeiros, soube pela reportagem da Hora que o posto estava fechado. Segundo ele, uma equipe teria saído às 9h do posto de saúde do Centro de Palhoça para ir até a unidade da Pinheira trabalhar.
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– Esta equipe decidiu que não iria ficar por falta de médico, mas eu não fui avisado. Iremos processar os profissionais por insubordinação e abandono de plantão. O coordenador do posto também não me avisou e perdi a paciência. Desta vez, ele foi demitido por telefone – afirmou.