Régis Rafael da Costa é funcionário público, tem 39 anos e mora em Imbituba, no Sul de Santa Catarina. Gaúcho de nascimento, vive no Estado vizinho há quatro anos. Ele está percorrendo a pé os 379 quilômetros de distância entre a cidade em que mora e Porto Alegre para pagar a promessa que fez quando ficou curado de uma leucemia. Régis saiu de casa na segunda feira e pretende chegar ao destino na próxima sexta-feira.
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Ele descobriu a doença em 2008 e garantiu a amigos e familiares que iria a pé para a cidade natal caso ficasse curado. Dois anos depois de um intenso tratamento em Florianópolis os médicos lhe deram a notícia mais festejada de toda vida.
– A doença ficou quase que 100% curada. Restaram algumas células cancerígenas, mas que estão controladas. Há alguns dias saí de férias e aproveitei a primeira oportunidade que tive para pagar a promessa que havia feito – conta.
Na última segunda-feira, Régis se despediu da mulher Fabiana e da filha Júlia, de 12 anos, e iniciou a jornada pela BR-101. Na pequena mochila, ele leva apenas objetos de higiene pessoal, duas bermudas, três cuecas e camisetas, além de uma garrafa d?água. O tênis especial, comprado a R$ 400 para a viagem, deixou de ser usado no segundo dia.
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– Estava me fazendo bolhas nos pés e tive que trocar pelo chinelo. Deixei o tênis em uma loja em Içara e vou pegá-lo na volta – explica o funcionário público.
Com 110 quilos, ele percorre de 30 a 40 quilômetros por dia, parando para almoçar em restaurantes ou lanchonetes às margens da rodovia e dormindo em pequenos hotéis.
Quem viaja à pé e chega suado e com a roupa suja não goza de muita simpatia onde há quartos para pernoite.
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– Eles me veem como andarilho. Em um hotel, exigiram pagamento adiantado – relata.
Sobre a mochila Régis leva uma manta onde há a mensagem “doe medula óssea Imbituba – Porto Alegre”. Durante o tratamento da leucemia, ele acompanhou de perto o drama de outras pessoas que precisaram do transplante para sobreviver e decidiu “abraçar” a causa durante a viagem.
Os dois primeiros dias de viagem foram massacrantes, mas depois ele suportou melhor o ritmo. Viajar a pé pela BR-101 significa levar alguns sustos causados por motoristas maldosos que vez por outram tiram aquele “fininho” do pagador de promessas ou o assustam com buzinadas.
– Quem sabe é algum caminhoneiro lá de Imbituba que me reconheceu e buzinou para me cumprimentar?! – se diverte o caminhante.
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Régis viaja solitário, mas como leva o telefone celular, recebe ligações da mulher e da filha para saber como e onde ele está. Luís Gabriel, de 16 anos, filho do primeiro casamento e que vive em Porto Alegre, também mantém contato constante.
Conforme o planejamento Régis não pretende ir ao Centro da capital gaúcha, mas até o limite inicial da cidade, depois de Cachoerinha e Gravataí, onde o irmão David estará a sua espera de carro para levá-lo de volta a Imbituba.