Como dom, recebeu a força. Não apenas espiritual, mas física. Morador de Capoeiras, Ricardo Nort, 38 anos, sempre foi considerado o jovem mais frágil da turma. Isso no passado. Hoje, com seus 130 quilos de praticamente puro músculo, Nort ganhou o título de homem mais forte do Brasil.

Continua depois da publicidade

Filhos de professores, a fortaleza de Nort tem como base os estudos. Cresceu em meio aos livros e ensinamentos do pai, escritor, e da mãe, educadora do magistério. Na infância, o esporte entrou em sua vida como lazer em complemento às atividades escolares. A primeira vitória em uma competição aconteceu aos 10 anos, em uma disputa de natação. Depois, veio o Karatê, de onde tirou o título de campeão brasileiro, aos 15 anos.

Pronto. Destino traçado. O jovem, nascido no Rio de Janeiro, tomou gosto pelo esporte, que é seu estímulo de vida até hoje. Aliada às práticas esportivas, Nort levava consigo a vontade de ter mais músculos, de ser maior. Conta que aos 16 anos, reclamava sempre para a mãe sobre o tamanho da irmã, que era mais alta.

O complexo de magreza acabou levando o futuro campeão mundial de levantamento de peso a praticar musculação. Foi nessa época, que Nort descobriu o gosto por levantar peso.

Continua depois da publicidade

Passou a treinar Jiu-jitsu e ganhou duas vezes o campeonato sul brasileiro da categoria. A musculação seguia paralelamente, duas vezes por semana.

– Meu professor de Jiu-jitsu me dizia que eu era muito forte. Foi aí que comecei a me dedicar mais ao levantamento de peso-conta Nort.

Daí pra frente, o jovem, até então fraco, passou a ganhar músculos, e consequentemente, força. O primeiro título foi por acaso, sem treino específico. Em 2000, no Beiramar Shopping, em Florianópolis, uma competição de supino rendeu o primeiro lugar para Nort, que levantou 170 quilos de uma só vez.

Continua depois da publicidade

O 1º título de homem mais forte do Brasil veio em 2007, em uma competição na praia de Balneário Camboriú, também por acaso. O segundo título foi em 2008, em Porto Alegre, onde participou do Strongman no tombamento de pneus com 480 quilos. Em 2011, conseguiu a façanha de puxar uma avião, no Aeroporto Internacional Hercílio Luz, em Florianópolis, sem treino específico:

– Corri 30 minutos e comi um alface pela manhã – conta rindo. O último título foi na África, em maio deste ano, que rendeu o 23º lugar de homem mais forte, numa competição de inúmeros levantamentos de peso.

Faculdade e piano

Paralelo aos treinos e competições que renderam mais de 200 troféus e 100 medalhas, entre títulos nacionais e internacionais, o homem mais forte do Brasil concluiu a graduação de Educação Física na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), e pós-graduação na ciência do treinamento desportivo em Mariland, nos EUA. Músico autodidata, Nort domina os teclados desde criança. Tudo começou tentando tirar as notas que tocava em uma flauta no piano, que ganhou aos sete anos de sua mãe.

Continua depois da publicidade

– Toco até hoje. É puro hobby, um momento de prazer. Fico muito satisfeito quando tiro uma música de ouvido e toco no teclado.

Atualmente, Ricardo Nort não foca as competições. Participa somente quando é convidado. Ele se dedica à sua academia, que fica no Bairro Bela Vista I, em São José. Os treinos são mantidos para garantir a média de 60% de sua força.

Rotina de treinos

Sem competições

Manhã

– Toma café da manhã normalmente

– Faz 30 minutos de atividade aeróbica

Tarde

– Treina uma hora de musculação (por volta das 15h)

– Nos horários livres, toca a academia, hoje com 700 alunos

Para competições

Manhã

– Come de seis a oito ovos no café da manhã

– Não treina

– Dobra a quantidade de calorias no almoço

Tarde

– Treina uma hora de musculação com mais carga