Charles Esler, um homem com dificuldades de aprendizagem e epilepsia, passou mais de 50 anos confinado em uma instituição de saúde. Ele foi levado ao hospital pela primeira vez quando tinha dez anos, quando seus pais foram aconselhados a interná-lo. A reportagem é da BBC.
Continua depois da publicidade
Entre na comunidade exclusiva de colunistas do NSC Total
Segundo a irmã de Charles, Margo McKeever, o comportamento dele havia sido muitas vezes desafiador quando ele era criança. Segundo ela, os médicos tiveram dificuldade de acertar a medicação para epilepsia de Charles.
Aos 62 anos, ele conseguiu a independência ao se mudar para seu próprio apartamento, um marco alcançado após uma longa batalha de sua família e da instituição beneficente Richmond Fellowship Scotland. Ele agora vive de forma independente, desfrutando de sua liberdade para sair para almoçar e assistir a filmes de James Bond em sua sala de estar.
— Posso sair agora e ir a alguns lugares, ir ao pub no fim da rua e almoçar lá. Gosto de fish and chips (peixe e fritas, prato típico do Reino Unido). É uma sensação boa. Nunca tive liberdade antes — disse ele.
Continua depois da publicidade
McKeever lutou durante anos para conseguir que o irmão tivesse sua própria casa.
— Não pense que esta é uma história de conto de fadas. Este processo não aconteceu da noite para o dia. Teve muita gente envolvida, e demorou cerca de 14 anos para encontrar o lugar certo. Todo mundo deveria ter alguém capaz de garantir que não seja apenas um número — disse ela.
Confinamento em hospitais é comum no país
A história de Esler destaca um problema persistente na Escócia. Apesar das políticas governamentais que visam a transferência de pacientes de longa permanência para suas próprias casas, centenas de pessoas com dificuldades de aprendizagem ainda estão confinadas em hospitais.
Além disso, uma investigação da BBC Scotland revelou que o número de pessoas internadas aumentou, contrariando a promessa do governo escocês de transferir a maioria das pessoas para suas próprias moradias até março de 2024.
No entanto, uma consulta da BBC com base na lei de acesso à informação mostrou que o número de pessoas com dificuldades de aprendizagem hospitalizadas aumentou de 173 para 191 desde o verão passado. Os números gerais do novo registro nacional – que inclui pessoas que estão longe de casa – subiram 12%, de 1.243 para 1.398.
Continua depois da publicidade
— Fechamos hospitais de longa permanência há cerca de 20 anos com a crença de que sabíamos que as pessoas poderiam viver em comunidade — diz Sam Smith, diretor da C-Change Scotland, uma organização que apoia pessoas com deficiência a viverem em casa.
O governo escocês diz que tem trabalhado com as autoridades locais para criar um registro nacional de pessoas com dificuldade de aprendizagem no hospital e a centenas de quilômetros de casa, e destinou 20 milhões de libras esterlinas (R$ 127 milhões) em financiamento para ajudar a transferir as pessoas para suas próprias casas.
— Estamos totalmente determinados a avançar nesta questão. Mas, como esta informação mostra, é algo difícil de resolver — disse a ministra de assistência social, Maree Todd, à BBC Scotland News.
Leia também
Brinquedo “congela” em ponto mais alto e deixa pessoas de cabeça para baixo, na China
Curso de vendas na área de tecnologia oferece 200 vagas gratuitas na Grande Florianópolis
Mais de 820 mil eleitores de SC não vão poder votar nas eleições 2024