O Hospital Santa Isabel, de Blumenau, está comemorando o transplante de fígado de número 1.500. O paciente a receber o órgão e levar a unidade a esta marca é um homem de 67 anos, morador de Ouro, no Meio-Oeste de Santa Catarina. Ele passou por cirurgia no último domingo (11) e o procedimento foi um sucesso. O paciente está em recuperação no quarto após deixar a UTI na tarde desta quinta-feira (15).
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Enézio Antônio Zanol é casado e tem três filhos. Descobriu que teve Hepatite B justamente quando fazia uma doação de sangue para ajudar o próximo. A doença provocou uma lesão no fígado e o quadro se agravou no ano passado. A filha conta que chegou ao ponto de só um órgão novo para salvar a vida do pai. Foi assim que a família parou no Hospital Santa Isabel.
— Na hora de saber que precisa do transplante você fica meio sem chão, porque quando ouve falar parece algo surreal, pensa que é o fim — admite Fernanda sobre a angústia pré-cirurgia do pai.
Nézio, como é chamado carinhosamente na cidade onde mora, entrou na fila de transplante em maio deste ano. Na terça-feira da semana passada (6), ficou ruim em casa e foi levado ao hospital em Capinzal. Os médicos o estabilizaram e fizeram uma bateria de exames. Com os resultados, o paciente passou da nona para a primeira posição na lista para receber um fígado em SC.
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Na sexta-feira (9), o aposentado apaixonado por caminhões recebeu alta e voltou ao lar à espera da cirurgia, apontada como solução definitiva ao problema. O que eles não imaginavam é que no dia seguinte, logo após uma corrente de oração com padre, família e amigos, o telefone iria tocar com a tão esperada notícia.
Agora, com o pai transplantado e fora da UTI, o sentimento é de alívio e gratidão. Fernanda faz questão de destacar a transparência na fila de espera, o atendimento de qualidade da equipe médica, o carinho de todos que oraram pelo pai e, sobretudo, a família que concordou em doar o órgão do ente querido num momento de perda.
— De um lado estamos nós, muito felizes com essa doação, mas isso só foi possível porque do outro lado teve uma família que no seu momento de maior dor e fragilidade pode ver uma família que estava à espera disso acontecer. A gente só tem que agradecer essa família, que consigam encontrar o conforto — diz Fernanda.
Referência
O primeiro transplante hepático feito no Estado ocorreu em 2002 e foi justamente no HSI, que se tornou referência no procedimento. Não à toa, a unidade está entre as que mais realizam a cirurgia no Brasil, com média de 100 ao ano. Somente de janeiro a maio, foram 32. Em 2016, o hospital bateu um recorde de transplante de fígado, com 127 pacientes recebendo um novo órgão.
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O fato de ter uma Comissão Hospitalar de Transplantes atuando 24h é um dos fatores que levam o hospital ao alto índice de procedimentos não só de transplante de fígado, mas também de rim, córneas, coroação e pâncreas. A conscientização das pessoas sobre a possibilidade de salvar vidas é outro aspecto importante no contexto do HSI, onde todos os transplantes são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 2008, de forma inédita, o hospital fez quatro transplantes de fígado em 24h. Cerca de 11 anos depois, Blumenau recebeu o título de Capital Catarinense de Transplantes em razão do trabalho desenvolvido no HSI. Foi em 2019, quando também entrou para a história com o primeiro transplante duplo de rim e coração em SC.
A vida com vida
Em 2019, a NSC fez uma campanha para tratar da importância do transplante de órgãos e trouxe depoimentos de pacientes que receberam uma nova chance de viver, como o Marcelo Siqueira. Assista.
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