Duas primas de oito anos estavam andando em uma rua de São José com a avó, por volta das 17h de um dia de agosto passado, quando um homem desconhecido, de cerca de 40 anos, ofereceu carona.
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As duas crianças correram e entraram no carro, o motorista deu partida e saiu com as duas. A avó não teve tempo de entrar no veículo e não conseguiu anotar a placa. As informações são do delegado titular da Delegacia de Proteção a Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de São José, Fabiano Rocha, que deu detalhes do inquérito, sem identificar as vítimas.
A avó chamou os pais das meninas e todos saíram à procura na região. Ninguém chamou a Polícia Militar. O agressor parou em um posto de combustíveis, abasteceu e partiu em direção ao motel.
A película escura no carro impediu que funcionários do motel vissem as crianças, orientadas a abaixar a cabeça. Não há câmera de segurança no local. O dono do motel não será indiciado porque não sabia que havia crianças ali.
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Dentro do quarto, o homem passou a mão por todo corpo das meninas, que estavam vestidas. O agressor tirou a camisa e convidou as duas para tomar banho. Elas recusaram. As crianças gritavam e choravam. O homem ficou com medo de ser preso em flagrante e decidiu ir embora, por volta das 18h. Deixou as primas um pouco distante da casa delas com receio de ser linchado.
Os pais registraram ocorrência na DPCAMI e um inquérito foi aberto. As meninas fizeram exame de conjunção carnal no Instituto Geral de Perícias de Palhoça. Os exames deram negativo. Pelo Código Penal, atos libidinosos contra pessoas com idade menor a 14 anos são considerados estupro de vulnerável.
Uma psicóloga policial entrevistou as vítimas, que por fotografias, reconheceram o motel. Esta e outras provas como o reconhecimento do frentista, a imagem do posto que mostra a placa do veículo e a confissão do agressor estão no inquérito.
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No depoimento, o agressor disse que não teve intenção de fazer sexo com as crianças, que perdeu a cabeça e, quando percebeu, já estava no motel. Disse que decidiu tomar banho para disfarçar porque pensou que se saísse rapidamente, funcionários do motel iriam desconfiar. O agressor não foi preso.
_Não pedi a prisão porque ele colaborou com as investigações, tem ocupação lícita, residência fixa. Mas principalmente porque prefiri reunir provas, e a confissão é uma prova robusta, para que o juiz tenha subsídios para aplicar uma pena severa. Ele poderia ficar em silêncio e não colaborar (confessar) e acabar solto mais para a frente por falta de provas_observou o delegado.
Fabiano Rocha lembra que pedófilos podem ter família, residência fixa e ocupação lícita.
O agressor será indiciado por estupro de vulnerável, crime previsto no artigo 217A com pena de oito a 15 anos de reclusão.
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O inquérito deverá ser encaminhado na próxima terça-feira ao Ministério Público, em São José.