Marcelo Amaral, de 25 anos, jovem arremessado de uma ponte em Diadema (SP), em 1º de dezembro, conversou com a equipe do Fantástico, neste domingo (8). De acordo com a vítima, ele ainda se questiona o que passou na cabeça do policial militar no momento da abordagem.
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— Quase morri na mão de um policial que estava desequilibrado. Não tem o que falar. O que passou na mente dele pra me jogar da ponte? — afirmou à reportagem.
O policial militar que cometeu o crime foi identificado como o soldado Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos. Ele atua na Ronda Ostensiva com Apoio de Motos (Rocam), em Diadema, na Grande São Paulo. Ele foi preso na quinta-feira, e responderá por lesão corporal e lesão arbitrária, quando ocorre uso de violência no exercício da função.
Os detalhes da ocorrência
De acordo depoimento e registros de câmeras no dia, acontecia um baile funk na região, que impulsionou grande movimentação no local. Marcelo Amaral afirmou que não estava na festa, mas passava pelo local quando se deparou com diversos policiais. Ele se assustou quando viu os PMs correndo em sua direção, desceu da sua moto e correu, saindo do campo das câmeras.
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Segundo a vítima, o soldado Luan Pereira o atingiu na cabeça e nas costas com um cassetete. Após isso, eles retornam para o campo de visão da câmera. Neste momento, Marcelo afirma que Luan o ameaçou: ou ele pulava da ponte ou o soldado jogava ele e a moto dali de cima.
Neste momento, a cena é registrada por uma pessoa. É possível ver que um outro PM leva a moto de Marcelo, enquanto Luan segura a vítima pela camisa, sem reação. Após isso, Luan pega Marcelo pela perna e o arremessa do alto da ponte.
— Isso eu disse pra ele: eu não sou ladrão e a minha moto não é roubada. Minha moto tá certinha. Nada de errado. Em nenhum momento da abordagem pediu documentação da moto — contou Marcelo ao Fantástico.
— Uma sensação horrível, a partir do momento que ele falou pra mim que ia me jogar da ponte, eu não sei voar. É impossível — complementa.
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Com a queda de 3,70 metros, Marcelo caiu de joelhos dentro do córrego, com pouco centímetros de profundidade. Ele foi socorrido por moradores da região. A vítima afirmou, em depoimento, que não se machucou muito na queda. Os oito pontos na cabeça foram resultados dos golpes de cassetete que recebeu anteriormente.
A equipe de reportagem tentou conversar com testemunhas, comerciantes e moradores da região, mas, por conta da repercussão do caso, eles têm medo de falar com a imprensa e sofrer represália justamente de quem deveria protegê-los.
Militar já responde outros processos
Luan Pereira possui ao menos três processos em que reagiu após os suspeitos terem partido para confronto, casos diferentes desse da ponte. Dois desses processos são de 2019 e um do ano passado.
Nos casos de 2019, o militar se justificou dizendo que foi recebido a tiros e precisou revidar. Um dos suspeitos foi baleado três vezes e acabou preso pelo PM. O outro também sobreviveu, mas ficou paraplégico e cumpriu a pena após também ser preso. No processo de 2023, o soldado disse que matou com 12 tiros um suspeito que havia disparado, primeiramente, contra ele. Este caso foi arquivado pela PMSP.
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Nos três processos, Luan responde por legítima defesa e por isso não foi afastado. Contrário do que ocorreu desta vez, após ser flagrado jogando da ponte um jovem já dominado e desarmado. A defesa de Luan afirma que o militar estava em situação de estresse e por isso agiu daquela forma.
— Imagine você, cidadão de bem, à flor da pele, numa situação de estresse. A gente tem a certeza de que isso de algum modo contribuiu para o cenário. Não estamos dizendo se justifica ou não. Nós estamos [falando] que existe um contexto que existe por trás — afirma Wanderley Alvez, advogado do soldado Luan.
— Se ele errou, ele já está pagando pelo erro. E, diga-se de passagem, caro. Mas que seja com dignidade também — afirma Raul Marcolino, outro advogado do soldado.
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