Um crime que ganhou as atenções de Joinville, em agosto de 2010, pode chegar a um desfecho na Justiça com o julgamento de dois acusados pela morte da secretária Maria Regina Oliveira, de 40 anos, baleada em frente ao local onde trabalhava, em plena luz do dia.

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Ela levou tiros no rosto e no tórax antes de entrar no escritório de advocacia, no bairro Bucarein, numa região central da cidade. Apesar de ter sido socorrida ainda com vida, Maria Regina não resistiu aos disparos.

As investigações apontaram o ex-companheiro dela, Marcelino José Santana, como mandante da execução. Segundo a denúncia do Ministério Público, ele teria contratado o amigo e funcionário Arno Alfredo dos Passos Filho para atirar na própria companheira porque não aceitava o fim do relacionamento deles.

Ambos só foram presos em dezembro do ano passado e permanecem detidos – segundo apurado pela polícia, a dupla atuava no transporte de cargas. Por decisão da juíza da 1ª Vara Criminal de Joinville, Karen Francis Schubert Reimer, os dois serão levados a júri popular pelo crime de homicídio por motivo fútil e com recurso que dificultou a defesa da vítima.

Na decisão, a juíza destaca as diferentes versões levantadas na fase de depoimentos. Enquanto testemunhas de acusação afirmaram que Marcelino já teria, inclusive, ameaçado a companheira de arma em punho em outra oportunidade, testemunhas de defesa e os próprios réus afastaram as acusações sobre a ameaça e reforçaram que Marcelino não sabia de um outro relacionamento da mulher.

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– Está claro que há duas versões apresentadas aos fatos, não sendo cabível, nesta fase processual, a análise aprofundada da autoria, devendo ser levada ao crivo do júri popular, eis que há indícios suficientes para tanto -, anotou a juíza.

Interceptações

A tese do Ministério Público é de que Marcelino premeditou a morte da ex-companheira por não aceitar o fim do relacionamento deles e não aceitar um novo caso amoroso dela, chegando a sair da cidade antes do crime para ter um álibi. Em depoimento, o delegado Adriano Bini, que conduzia as investigações, informou que interceptações telefônicas apontaram a presença de Arno próximo ao local do crime.

A quebra dos dados das antenas de telefone também teriam indicado que Arno esteve seguindo Maria Regina antes do assassinato. A investigação ainda apurou que o suposto atirador tinha uma motocicleta preta igual à mencionada por testemunhas.

As defesas

Em depoimento, Marcelino José Santana e Arno Alfredo dos Passos Filhos negaram todas as acusações da denúncia. Em seu interrogatório, Arno afirmou que não fez os disparos e alegou que a polícia estaria tentando condenar Marcelino, induzindo uma testemunha protegida a reconhecê-lo como o atirador. Defendeu que tinha negócios com Marcelino, mas não entravam em assuntos pessoais.

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Também em depoimento, Marcelino negou as acusações, indicou que estava em São Paulo no dia dos fatos e afirmou que não sabia do relacionamento de Maria Regina com outra pessoa. Marcelino ainda reforçou que nunca ameaçou a mulher com arma de fogo.