Os momentos de terror vividos do lado de fora da boate de um complexo de eventos na BR-280, em Canoinhas, no Planalto Norte, jamais serão esquecidos por milhares de jovens da região que participavam de uma balada na madrugada do último sábado.
Continua depois da publicidade
Depois de se envolver em uma briga e ser expulso da boate, o jovem John Lenon Moreira Alves, de 18 anos, voltou armado e abriu fogo contra os seguranças e as pessoas que saíam do local, no bairro Industrial, por volta das 4h30.
Depois dos tiros, da correria e dos gritos, os seguranças perceberam que havia três pessoas feridas, entre eles o estudante Alexandre Cruz, de 21 anos, que levou um tiro na cabeça. Desacordado, ele foi o primeiro a ser socorrido, mas morreu assim que os paramédicos o levaram para o Hospital Santa Cruz. Ele chegou a dar entrada na unidade de terapia intensiva, mas morreu minutos depois.
Uma mulher de 24 anos e um rapaz de 22 – cujas identidades não foram informadas pelos socorristas – também foram atingidos. A mulher levou um tiro na perna esquerda e o rapaz foi atingido na coxa direita. Uma quarta pessoa teve de ser atendida com ferimentos no rosto, mas por causa da briga que houve na boate.
Eles foram levados para o Pronto-atendimento Municipal de Canoinhas. Várias pessoas ficaram feridas levemente por causa da correria após os tiros, mas nenhuma precisou ser atendida pelos socorristas.
Continua depois da publicidade
A festa
O crime aconteceu em frente à boate Vila Multishow, que promovia a festa Exclusive. O local é bastante frequentado pelos moradores de toda a região do Planalto Norte. Nele há uma espécie de complexo, com outros espaços. Um deles é usado para formaturas de segundo grau e das faculdades da cidade e da região.
O corpo de Alexandre foi enterrado na manhã de ontem, no Cemitério Municipal de Canoinhas. Alexandre estudava logística na Sociesc da Marquês de Olinda em Joinville.
Segundo o irmão, Rodrigo Cruz, ele chegou a cursar engenharia ambiental, mas desistiu do curso para fazer logística e sonhava em voltar a trabalhar em Canoinhas com a família.
Sonho de voltar para Canoinhas
Ainda abalado com a morte do irmão mais novo, o engenheiro Rodrigo Cruz disse ontem, por telefone, que o sonho de Alexandre era se formar em logística na Sociesc, em Joinville, e voltar para trabalhar com a família em Canoinhas.
Continua depois da publicidade
Rodrigo e Alexandre chegaram a morar juntos. Enquanto Rodrigo cursava engenharia mecânica na Udesc, o irmão mais novo fazia planos e estudava para passar no vestibular. Chegou a cursar engenharia ambiental, mas não gostou do curso e resolveu mudar.
Depois de formado, Rodrigo voltou para o Planalto Norte e Alexandre passou a morar com um colega de faculdade em Joinville.
– Ele estava a cada 15 dias aqui em Canoinhas. Adorava vir para cá ficar com nossos pais, com os amigos – disse Rodrigo.
O irmão mais velho não foi à boate com Alexandre porque precisava trabalhar no dia seguinte. Segundo ele, o irmão morreu por estar no lugar errado, na hora errada.
Continua depois da publicidade
– Ele e os amigos não tinham nada a ver com a briga. Foi uma bala perdida – disse.
John é conhecido por confusões
John Lenon Moreira Alves chegou a fugir depois dos disparos, mas foi perseguido pela Polícia Militar e preso minutos depois em flagrante. Ele é conhecido da polícia e já se envolveu em furtos e outras confusões na cidade.
Havia sido preso em flagrante no dia 3 de dezembro do ano passado por dirigir embriagado e respondia a um termo circunstanciado do dia 20 de setembro de 2013.
Logo depois do crime, várias equipes da Polícia Militar se espalharam pela cidade e conseguiram prendê-lo no distrito do Campo d’Água Verde, em uma travessa.
John Lenon se negou a ajudar a polícia a buscar outro jovem que estava no carro com ele no momento dos disparos. Na manhã de sábado, quatro suspeitos chegaram a ser detidos. A polícia quer saber quem era o motorista do carro e onde está a arma usada nos disparos.
Continua depois da publicidade
Os quatro foram liberados por falta de provas. Segundo o delegado regional Rui Orestes Kuchnir, há várias testemunhas do crime e a investigação deve prosseguir durante a semana. De acordo com o escrivão Leandro Vier, ele foi levado direto para a Unidade Prisional Avançada (UPA) de Canoinhas e vai responder por homicídio doloso.