O socialista François Hollande afirmou neste domingo que sua vitória nas eleições presidenciais francesas marca o início de “um movimento que se ergue em toda a Europa”, ao discursar para milhares de pessoas na Praça da Bastilha, em Paris.

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– Vocês são muito mais que um povo que quer a mudança, são um movimento que se levanta por toda a Europa e, talvez, por todo o mundo para promover nossos valores, nossas aspirações e nossas exigências de mudança.

– Vamos nos lembrar, pelo resto de nossas vidas, deste grande encontro aqui na Bastilha, que irá inspirar outros povos, de toda a Europa, para a mudança que se anuncia – disse Hollande com a voz rouca.

– Em todas as capitais, além dos chefes de Estado e de Governo, há pessoas que graças a nós têm esperança, nos olham e querem terminar com a austeridade – afirmou.

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– Também quero pedir que não abandonem a mobilização. Há muito o que fazer nos próximos meses, e para começar, dar a maioria ao presidente da República – disse Hollande, referindo-se às eleições legislativas de 10 e 17 de junho.

A Praça da Bastilha foi o local onde há 31 anos a esquerda francesa celebrou a vitória do socialista François Mitterrand, presidente de 1981 a 1995.

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Hollande afirmou ainda que a “Europa observa” a França e que a “austeridade não deve ser uma fatalidade”.

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– Hoje mesmo, responsável pelo futuro do nosso país, estou ciente de que toda a Europa nos observa. Na hora em que o resultado foi anunciado, tive a certeza que em diversos países europeus houve um sentimento de alívio e de esperança, de que, por fim, a austeridade não deve ser mais uma fatalidade – disse Hollande, que obteve quase 52% dos votos.

– Neste 6 de maio, os franceses escolheram a mudança para me levar à presidência da República e estou orgulhoso por ter sido capaz de devolver esta esperança. Prometo ser o presidente de todos.

Durante a campanha, Hollande defendeu medidas para promover o crescimento no atual tratado de austeridade fiscal acertado por 25 dos 27 países da União Europeia, mas no discurso desta noite confirmou seu compromisso com “a redução do déficit e da dívida”, com uma “recuperação de nossa capacidade de produção para sair da crise econômica”.

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Hollande anunciou que renegociará o pacto fiscal europeu de ajustes e austeridade, elaborado pelo presidente derrotado, Nicolas Sarkozy, e pela chanceler alemã, Angela Merkel, como parte de uma aliança batizada por ele de “Merkozy”, visando o acréscimo de um capítulo de apoio ao crescimento.

Merkel telefonou para felicitar Hollande por sua vitória e convidá-lo a visitar Berlim, e “ambos acertaram um primeiro encontro e trabalhar juntos para fortalecer a relação franco-alemã em prol da Europa”. O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, garantiu que seu país “vai trabalhar junto” com a França “por um pacto de crescimento para a União Europeia”.